O texto do Marcelo Leite (em seu Blog AQUI) mostra um "tico" do debate sobre a genômica (não gosto desse termo). Interessante.
Genomas sem patentes
A Folha de hoje traz uma reportagem de Sabine Righetti mostrando que todo o esforço de dotar São Paulo e o Brasil de um setor de genômica vigoroso ainda não produziu o efeito esperado em matéria de inovação (medido por quantidade de patentes na área de biologia molecular). Ela se baseia num estudo de Rogério Meneghini e Estêvão Gamba que comentei numa coluna de 2009, quando ainda estava em versão preliminar.
A pedido da Editoria de Ciência do jornal, produzi um novo comentário analisando a questão, para dizer que parte dessa "decepção" era previsível. Eis o cerne da argumentação:
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(...) Talvez os arquitetos do Projeto Genoma Xylella alimentassem a fantasia de que, por estarem biologia molecular e genética historicamente tão próximas da ciência aplicada (biomedicina), inovações fluiriam dela como que por gravidade. Não era tão simples assim.
A publicação do artigo apresentando o sequenciamento do genoma da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença do amarelinho da laranja, completou dez anos no ano passado. Nesse período, nenhuma técnica relevante para o combate da doença surgiu das informações compiladas.
Pesa aqui, também, uma limitação que é geral, não especificamente brasileira: depositou-se expectativa demais na genômica.
Perto do Projeto Genoma Humano, que engoliu quase US$ 3 bilhões, o Xylella até que saiu barato (foram US$ 13 milhões). Para justificar o montante da fatura, aquele prometia nada menos que curar o câncer; este, dar conta do amarelinho.
Qualquer pessoa com mínimo conhecimento de biologia molecular já sabia naquela altura, ou deveria saber, que as promessas eram exageradas, retóricas. Dez anos depois, assim continuam. (...)
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