Por João Tunes, Portugal, Blog ÁGUA LISA AQUIUma aberração promete sempre reproduzir-se:
1) O partido do ditador deposto da Tunísia (o RCD) era membro efectivo da Internacional Socialista; 2) Fugido o ditador, repudiado o regime e o partido do poder, este foi expeditamente expulso da Internacional Socialista. Caso para dizer: escolhem mal os camaradas mas são rápidos a repudiá-los depois destes caírem em desgraça.
Um comentário:
Meu avô me aconselhava a fugir como o diabo da cruz daquele que tinha como discurso o bem da humanidade. Não porque ele achasse que a pessoa era má, mas tinha por ela a convicção de que se tratava de um lunático. Afirmava que quando uma pessoa efetivamente tem em seu interior a chama da solidariedade, ela ajuda sem alarde, sem discurso, sem retórica. Nenhum benfeitor da humanidade pertencia a algum partido político. E pouco importava se fosse religioso ou não. É algo que se expressa individualmente e a pessoa, tocada por esse sentimento, sente a necessidade de ajudar, de colaborar, de minorar o sofrimento, a fome, a dificuldade alheia. "Repara", dizia ele, "que esses líderes humanitários, quando chegam ao poder, esmagam sem misericórdia quem lhes oponha". "Sua loucura está em pensar que, ao eliminar o que supõe ser oposição, se convence de que guarda em seu coração os mais encantadores sinais de bondade". Amam a humanidade, mas não conseguem demonstrar essa atitude diante de um ser próximo. Ele não conseguia entender como os psicólogos, os psiquiatras não denunciavam tal comportamento. Ou eles não entendiam do que estudavam, ou se resguardavam convenientemente do poder que podia ameaçá-los. Fico pensando na Irmã Dulce, essa baianinha arretada, que fazia verdadeiros milagres sem se enconstar em poder algum que não viesse de sua enorme e inquebrantável fé em Deus.Da mesma forma eu observava a Senhora Arns, vítima da tragédia haitiana, que jamais se deixou empolgar por partido algum. Ela simplesmente agia. Desconfiem, pois, das matracas, do discurso bonitinho, agradável, social, humano, caloroso, cheio de artimanhas, mas que tem somente um propósito, o poder.
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