Do BLOG DE ROBERTO ROMANO
SENADO: O ESCRITOR MAIS ATUAL, PARA O BRASIL: CAMUS. O SUICIDIO COMO PROBLEMA METAFISICO.
Existe um povo que a bandeira empresta pára cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festaEm manto impuro de bacante fria!..
Existe um povo que a bandeira empresta pára cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festaEm manto impuro de bacante fria!..
Comentário:A instituição senatorial é herança do Império Romano, herança encontrada em bom número de Estados modernos. Na inglaterra, o Parlamento foi dividido entre o campo dos "senhores" (os homens bons do Império romano, os "boni", ou seja, os que tinham bens, eram cavaleiros, lideravam a guerra) e os "comuns" (a plebe). Os senhores eram os "pares", os iguais. Com a revolução inglêsa e depois a francêsa, a marca de ser "igual" foi transferida dos nobres para a plebe, "the people", "le peuple", ou na escrita irônica de Lutero, quando criticava no século 16 as veleidades democráticas, "Herr Omnes" (Senhor Todo Mundo). A República, na Revolução inglêsa e também na francêsa, tentou impôr a soberania dos "comuns", da plebe. Entre as duas revoluções, dado o fracasso conjuntural da Revolução inglêsa com a ditadura de Cromwell, os revolucionários norte-americanos idearam um sistema político de compensações na balança do poder (Montesquieu foi relevante em seu pensamento) com os representantes dos comuns e os que representariam os Estados. No Brasil, os comuns sempre tiveram dificuldades para se afirmar diante do Chefe de Estado. Quando Pedro 2 fechou a Assembléia, os deputados ao sair do prédio cercado de militares, inclinaram-se diante dos canhões : "Saúdo Vossa Majestade!". Simbólicamente, o gesto diz muito, ainda em nossos dias. O Senado? Era composto pelos "homens bons", que serviam como seminário de políticos subservientes para o Imperador. Plus ça change, et plus c´est la même chose.Roberto RomanoPS: é interessante que a vergonha do Senado venha ao mesmo tempo com a grande aprovação do Príncipe petista. "Com a subida de Calígula, uma turba irrompeu na curia e forçou os senadores a anular uma cláusula do Testamento de Tibério. a qual instituía como co-herdeiro seu segundo neto adolescente, para governar com Calígula, . O povo exigiu que fosse dado poder absoluto a Calígula, poder absoluto e sem limites (ius arbitriumque omnium rerum illi permissum) [Suetonio, Vida de Calígula, 16]. O resultado desta manifestação suscitou grande alegria na cidade. Nos meses seguintes, 120 sacrifícios foram oferecidos para celebrar o acontecimento" (Zvi Yavetz : La Plèbe et le Prince, foule et vie politique sous le haut-empire romains, Paris, Ed. La Découverte, 1984, p.56).Que tal um jogo de futebol realizado na mesma hora, em todos os estádios brasileiros, com muitas festas, fogos, churrascos e cocadas, pinga e forró, para celebrar a "absolvição" do Presidente do Senado? Panis et circensis...O mesmo presidente do Senado diz ser vítima de um "esquadrão da morte moral". Só quem não viveu o terror daquela organização pode ser tão leve a ponto de transferir aquela realidade para um assunto digno da pior "dirty politics". RR
Um comentário:
Acho que vi essa história ontem na TV... muda personagem, séculos, mas o resultado é o mesmo
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