Há vários livros que recomendo para compreender a arte da ARGUMENTAÇÃO. O maior pensador é, sem dúvida, Chaim Perelman, seu livro RETÓRICA, da Martins Fontes. Outro excelente pensador e pesquisador de discurso é Olivier Reboul. Seu livro Introdução à Retórica é grandioso. Hoje trago um trecho do Carl Sagan, de seu texto, A arte refinada para detectar mentiras. bem aproipriado para o momento histórico maringaense. GENTE: ainda acredito que sem estudar só vamos nos afundar na esparrela política.
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A arte refinada de detectar mentiras, de Carl Sagan. Texto completo aqui.
Ao longo de seu treinamento, os cientistas são equipados com um Kit de detecção de mentiras. Este é ativado sempre que novas idéias são apresentadas para consideração. Se a nova idéia sobrevive ao exame das ferramentas do Kit, nós lhe concedemos aceitação calorosa, ainda que experimental. Se possuímos essa tendência, se não desejamos engolir mentiras mesmo quando são confortadoras, há precauções que podem ser tomadas; existe um método testado pelo consumidor, experimentado e verdadeiro.
O que existe no Kit? Ferramentas para o pensamento cético.
O pensamento cético se resume no meio de construir e compreender um argumento racional e - o que é especialmente importante - de reconhecer um argumento falacioso ou fraudulento. A questão não é se gostamos da conclusão que emerge de uma cadeia de raciocínio, mas se a conclusão deriva da premissa ou do ponto de partida, e se essa premissa é verdadeira.
Eis algumas das ferramentas:
Sempre que possível, deve haver confirmação independente dos "fatos".
Devemos estimular um debate substantivo sobre as evidências, do qual participarão notórios partidários de todos os pontos de vista.
Os argumentos de autoridade têm pouca importância - as "autoridades" cometeram erros no passado. Voltarão a cometê-los no futuro. Uma forma melhor de expressar essa idéia é talvez dizer que na ciência não existem autoridades; quanto muito, há especialistas.
Devemos considerar mais de uma hipótese. Se alguma coisa deve ser explicada, é preciso pensar em todas as maneiras diferentes pelas quais poderia ser explicada. Depois devemos pensar nos testes que poderiam servir para invalidar sistematicamente cada uma das alternativas. O que sobreviver, a hipótese que resistir a todas refutações nessa seleção darwiniana entre as "múltiplas hipóteses eficazes", tem uma chance muito melhor de ser a resposta correta do que se tivéssemos simplesmente adotado a primeira idéia que prendeu nossa imaginação*
O que existe no Kit? Ferramentas para o pensamento cético.
O pensamento cético se resume no meio de construir e compreender um argumento racional e - o que é especialmente importante - de reconhecer um argumento falacioso ou fraudulento. A questão não é se gostamos da conclusão que emerge de uma cadeia de raciocínio, mas se a conclusão deriva da premissa ou do ponto de partida, e se essa premissa é verdadeira.
Eis algumas das ferramentas:
Sempre que possível, deve haver confirmação independente dos "fatos".
Devemos estimular um debate substantivo sobre as evidências, do qual participarão notórios partidários de todos os pontos de vista.
Os argumentos de autoridade têm pouca importância - as "autoridades" cometeram erros no passado. Voltarão a cometê-los no futuro. Uma forma melhor de expressar essa idéia é talvez dizer que na ciência não existem autoridades; quanto muito, há especialistas.
Devemos considerar mais de uma hipótese. Se alguma coisa deve ser explicada, é preciso pensar em todas as maneiras diferentes pelas quais poderia ser explicada. Depois devemos pensar nos testes que poderiam servir para invalidar sistematicamente cada uma das alternativas. O que sobreviver, a hipótese que resistir a todas refutações nessa seleção darwiniana entre as "múltiplas hipóteses eficazes", tem uma chance muito melhor de ser a resposta correta do que se tivéssemos simplesmente adotado a primeira idéia que prendeu nossa imaginação*
* NOTA: Esse é um problema que afeta os júris. Estudos retrospectivos mostram que alguns jurados tomam a sua decisão muito cedo - talvez durante a argumentação de abertura; depois guardam na memória as provas que parecem sustentar suas impressões iniciais e rejeitam as contrárias. O método da hipóteses eficazes alternativas não está em funcionamento nas suas cabeças.
Devemos tentar não ficar demasiadamente ligados a uma hipótese, só por ser a nossa. É apenas uma estação intermediária na busca do conhecimento. Devemos nos perguntar por que a idéia nos agrada. Devemos compará-la imparcialmente com as alternativas. Devemos verificar se é possível encontrar razões para rejeitá-la. Se não, outros o farão.
Devemos quantificar. Se o que estiver sendo explicado é passível de meditação, de ser relacionado a alguma quantidade numérica, seremos muito mais capazes de descriminar entre as hipóteses concorrentes. O que é vago e qualitativo é suscetível de muitas explicações. Há certamente verdades a serem buscadas nas muitas questões qualitativas que somos obrigados a enfrentar, mas encontrá-las é mais desafiador.
Se há uma cadeia de argumentos, todos os elos na cadeia devem funcionar (inclusive a premissa)- e não apenas a maioria deles.
A navalha de Occam. Essa maneira prática e conveniente de proceder nos incita a escolher a mais simples dentre duas hipóteses que explicam os dados com igual eficiência.
Devemos sempre perguntar se a hipótese pode ser, pelo menos em princípio, falseada. As proposições que não podem ser testadas ou falseadas não valem grande coisa. Considere-se a idéia grandiosa de que nosso universo e tudo o que nele existe é apenas uma partícula elementar - um elétron por exemplo - num cosmo muito maior. Mas, se nunca obtemos informações de fora de nosso universo, essa idéia não se torna impossível de ser refutada? Devemos poder verificar as alternativas. Os céticos inveterados devem ter a oportunidade de seguir o nosso raciocínio, copiar os nossos experimentos e ver se chegam ao mesmo resultado.
A confiança em experimentos cuidadosamente planejados e controlados é de suma importância, como tentei enfatizar antes. Não aprendemos com a simples contemplação. É tentador ficar satisfeitos com a primeira explicação possível que passa pelas nossas cabeças. Uma é muito melhor que nenhuma. Mas o que acontece se podemos inventar várias? Como decidir entre elas?
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