"Eis aqui o nosso mundo" por Helena Damião do Blog Rerum Natura, Portugal
O De Rerum Natura já publicou a imagem que acima se reproduz por duas vezes. Na primeira ela aparecia sem mais, tendo um sentido; na segunda aparecia seguida de uma pergunta que lhe dava outro sentido.
Essa pergunta, ao que parece, vencedora num congresso sobre vida sustentável, era: "Todos pensam em deixar um planeta melhor para os seus filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Acontece que há poucos dias duas professoras enviam-me a mesma imagem, estando eu, por coincidência, a reler o texto A crise na educação, da filósofa Hannah Arendt, datado de 1957, que no seu tópico III, diz o seguinte:
"Na medida em que a criança não conhece ainda o mundo, devemos introduzi-la nele gradualmente; na medida em que a criança é nova, devemos zelar para que esse ser novo amadureça, inserindo-se no mundo tal como ele é. No entanto, face aos jovens, os educadores fazem sempre figura de representantes de um mundo do qual, embora não tenha sido contruído por eles, devem assumir a responsabilidade, mesmo quando, secreta ou abertamente, o desejam diferente do que é. Esta responsabilidade não é arbitrariamente imposta aos educadores. Está implícita no facto de os jovens serem introduzidos pelos adultos num mundo em perpétua mudança. Quem se recusa a assumir a responsabilidade do mundo não devia ter filhos nem lhe devia ser permitido participar na sua educação.
No caso da educação, a responsabilidade pelo mundo toma a forma de autoridade. A autoridade do educador e as competências do professor não são a mesma coisa. Ainda que não haja autoridade sem uma certa competência, esta, por mais elevada que seja, não poderá jamais, por si só, engendrar a autoridade. A competência do professor consiste em conhecer o mundo e em ser capaz de transmitir esse conhecimento aos outros. Mas a autoridade funda-se no seu papel de responsável pelo mundo. Face à criança, é um pouco como se ele fosse o representante dos habitantes adultos do mundo que lhe apontaria as coisas dizendo: Eis aqui o nosso mundo."
Citação retirada de: Pombo, O. (2000). Quatro textos excêntricos. Lisboa: Relógio D´Água, páginas 38-39.
O De Rerum Natura já publicou a imagem que acima se reproduz por duas vezes. Na primeira ela aparecia sem mais, tendo um sentido; na segunda aparecia seguida de uma pergunta que lhe dava outro sentido.
Essa pergunta, ao que parece, vencedora num congresso sobre vida sustentável, era: "Todos pensam em deixar um planeta melhor para os seus filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Acontece que há poucos dias duas professoras enviam-me a mesma imagem, estando eu, por coincidência, a reler o texto A crise na educação, da filósofa Hannah Arendt, datado de 1957, que no seu tópico III, diz o seguinte:
"Na medida em que a criança não conhece ainda o mundo, devemos introduzi-la nele gradualmente; na medida em que a criança é nova, devemos zelar para que esse ser novo amadureça, inserindo-se no mundo tal como ele é. No entanto, face aos jovens, os educadores fazem sempre figura de representantes de um mundo do qual, embora não tenha sido contruído por eles, devem assumir a responsabilidade, mesmo quando, secreta ou abertamente, o desejam diferente do que é. Esta responsabilidade não é arbitrariamente imposta aos educadores. Está implícita no facto de os jovens serem introduzidos pelos adultos num mundo em perpétua mudança. Quem se recusa a assumir a responsabilidade do mundo não devia ter filhos nem lhe devia ser permitido participar na sua educação.
No caso da educação, a responsabilidade pelo mundo toma a forma de autoridade. A autoridade do educador e as competências do professor não são a mesma coisa. Ainda que não haja autoridade sem uma certa competência, esta, por mais elevada que seja, não poderá jamais, por si só, engendrar a autoridade. A competência do professor consiste em conhecer o mundo e em ser capaz de transmitir esse conhecimento aos outros. Mas a autoridade funda-se no seu papel de responsável pelo mundo. Face à criança, é um pouco como se ele fosse o representante dos habitantes adultos do mundo que lhe apontaria as coisas dizendo: Eis aqui o nosso mundo."
Citação retirada de: Pombo, O. (2000). Quatro textos excêntricos. Lisboa: Relógio D´Água, páginas 38-39.
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