Do Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba
De Ivan Tcheglov a Tchekov, em 29 de maio de 1888:
“Não fiquei totalmente satisfeito com seu último conto [“Kisotchka”]. É claro que o engoli de uma só vez – isso nem se discute –, porque tudo o que você escreve é tão saboroso e real que pode ser engolido facilmente e com prazer. Mas o final – “Não dá para entender nada neste mundo...” – é abrupto; e certamente é papel do escritor entender o que se passa no coração de seu herói; de outro modo, sua psicologia permanecerá obscura.”
De Tchekov a Ivan Tcheglov, em 9 de junho de 1888:
“Tomo a liberdade de discordar de você. Um psicólogo não deveria fingir que entende o que ele não entende. Além disso, o psicólogo não deveria transmitir a ideia de que entende o que ninguém entende. Não devemos bancar o charlatão, vamos dizer honestamente que nada neste mundo é claro. Só os tolos ou os charlatães sabem e compreendem tudo.”
Fonte: Janet Malcolm in Lendo Tchekov. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005, p. 27.
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