Por Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba AQUI
O PAPA ESTÁ NU
Fotografia de Filippo Monteforte/Agence France-Presse-Getty Images in The New York Times, 26/5/2011.
Sem querer...querendo, o artista italiano Oliviero Rainaldi fez a melhor estátua sobre o Eu já realizada. À pedido da Igreja Católica, era para fazer uma estátua-homenagem ao Papa João Paulo II, recentemente canonizado. Um esboço foi aprovado pelas autoridades eclesiásticas e lá foi o artista com cinzel e martelo retirar da pedra o que não era pedra, à la Michelangelo. O resultado está à mostra em uma praça na estação de trem Termini de Roma – por um breve período de tempo. Ninguém gostou da escultura de Rainaldi – alguns mais radicais a compararam a um imenso mictório a céu aberto. Eu achei uma obra-prima. Sensacional!! Rainaildi esvaziou o Papa – e não só o Papa. Ele demonstra que no interior do Eu, naquilo que as pessoas adoram chamar de “íntimo”, nas “profundezas” do Eu, o que existe é o mesmo que no meio de uma cebola, após se tirar camada por camada: o nada. Daí o fato que se conhece bem na psicanálise: há que recobrir o nada com o manto do Eu, um manto tecido de identificações, de histórias da carochinha, de fábulas, importantíssimas, vitais em um determinado momento da vida, para dar suporte, dar o peso de uma armadura, dar uma roupa, dar uma falsa unidade, uma ilusória unidade a isso que chamamos de Eu e que, no resto da vida, pode se tornar um imenso fardo de carregar, pesado demais, chato demais, incômodo demais. É por isso que Freud comparou uma análise a uma cirurgia, uma operação de subtração. É o que Rainaldi mostra em sua obra: o Eu está nu debaixo da capa. Ora, a nudez que assusta o Vaticano desta vez não é a sexual. Se trata de uma nudez mais radical. A nudez do Eu.
O esboço aprovado. Fotografia Jpeg in Corriere della Sera, 24/5/2011.
Fotografia de Filippo Monteforte/Agence France-Presse-Getty Images in The New York Times, 26/5/2011.
Sem querer...querendo, o artista italiano Oliviero Rainaldi fez a melhor estátua sobre o Eu já realizada. À pedido da Igreja Católica, era para fazer uma estátua-homenagem ao Papa João Paulo II, recentemente canonizado. Um esboço foi aprovado pelas autoridades eclesiásticas e lá foi o artista com cinzel e martelo retirar da pedra o que não era pedra, à la Michelangelo. O resultado está à mostra em uma praça na estação de trem Termini de Roma – por um breve período de tempo. Ninguém gostou da escultura de Rainaldi – alguns mais radicais a compararam a um imenso mictório a céu aberto. Eu achei uma obra-prima. Sensacional!! Rainaildi esvaziou o Papa – e não só o Papa. Ele demonstra que no interior do Eu, naquilo que as pessoas adoram chamar de “íntimo”, nas “profundezas” do Eu, o que existe é o mesmo que no meio de uma cebola, após se tirar camada por camada: o nada. Daí o fato que se conhece bem na psicanálise: há que recobrir o nada com o manto do Eu, um manto tecido de identificações, de histórias da carochinha, de fábulas, importantíssimas, vitais em um determinado momento da vida, para dar suporte, dar o peso de uma armadura, dar uma roupa, dar uma falsa unidade, uma ilusória unidade a isso que chamamos de Eu e que, no resto da vida, pode se tornar um imenso fardo de carregar, pesado demais, chato demais, incômodo demais. É por isso que Freud comparou uma análise a uma cirurgia, uma operação de subtração. É o que Rainaldi mostra em sua obra: o Eu está nu debaixo da capa. Ora, a nudez que assusta o Vaticano desta vez não é a sexual. Se trata de uma nudez mais radical. A nudez do Eu.
O esboço aprovado. Fotografia Jpeg in Corriere della Sera, 24/5/2011.
Um comentário:
Marta, querida:
Fiquei isolado.Minha máquina queimou um HD e perdi praticamente tudo. E-mails, endereços, arquivos, quase tudo o que fiz até hoje. Havia um backup, mas dançou junto.
Por favor, mande e-mail para eu recuperar aos poucos o que perdi. Havia dois e-mails teus na lista. Estive em Teresina 15 dias, quando voltei, para começar a trabalhar, aconteceu isso.
Obrigado, grande abraço
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