TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.
Mostrando postagens com marcador Gabeira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gabeira. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de novembro de 2007

Fui....

Imagem: Millôr
Fernando Gabeira desabafa: ‘Também fui brasileiro’ Folha de SP e Blog do Josias
Vai abaixo artigo do repórter e deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), veiculado na Folha (só assinantes):


“Há um verso de Drummond que diz: ‘Também sou brasileiro, moreno como vocês’. Continuo moreno, mas às vezes duvido se sou mesmo brasileiro. Talvez pelos longos anos de exílio, ou pela ausência de um equipamento mental adequado, o fato é que fico perplexo no momento em que todos parecem eufóricos.
Acho estranho que governo e oposição briguem tanto em torno das verbas de saúde e sejam tão unanimemente festivos quando se comprometem a gastar com futebol. Não condeno gastos com a Copa, apenas lamento que essa ruidosa concordância não se dê em torno de outros temas essenciais.
Mais curioso ainda é o deslocamento de governadores para Zurique. Será que nenhum deles tinha algo mais importante a fazer? Em outras palavras: nenhum deles teve a coragem de dizer aos seus eleitores que a viagem, em termos de custo-benefício, não compensava?
Com tantos aspones, marqueteiros e puxa-sacos, certamente pesaram seus passos e acharam que sim, compensava, em termos eleitorais, participar da caravana internacional. Sempre nos acusam de espírito de vira-latas quando criticamos esse espalhafato. Mas não seria espírito de vira-lata toda essa ansiedade e oba-oba quando somos candidatos únicos? E essa história de escritores com metáforas duvidosas, essa mania de aplaudir entrevista coletiva, como fizeram como a de Ricardo Teixeira?
Será que os aspones acham que impressionam os repórteres? Teixeira usou na entrevista um recurso, momentaneamente, típico no Brasil. Questionado sobre a violência, afirmou que ela existe também nos EUA e na Inglaterra. Tirem EUA e Inglaterra e coloquem "governo passado" e terão a fórmula mágica.
Pior que, na caravana, estavam governo presente, passado e, possivelmente, futuro. Lembro-me de que, quando jovem repórter, fiz, numa coletiva em Portugal, pergunta sobre a ambigüidade brasileira na ONU em relação à independência dos países africanos. O então chanceler Juracy Magalhães respondeu irritado: como é possível torcer contra o Brasil? Considerava as dúvidas como antibrasileiras.
Quando todos celebravam, amargava minhas dúvidas, não sobre a Copa, mas sobre essa trajetória de provincianos ruidosos em Zurique. Entre aplaudir a entrevista de Ricardo Teixeira e vaiar até minuto de silêncio, há margem de manobra. Continuarei vaiando os governos do passado, do presente e do futuro próximo. Certamente vão perguntar: como é possível torcer contra o Brasil? De certa forma, é minha especialidade. Se ser brasileiro é isso, não contem comigo.”

sábado, 20 de outubro de 2007

Taí...


FERNANDO GABEIRA, Problemas e campanhas
DOS TEMAS que interessam ao Brasil, três deles me estimulam a escrever esta semana. Um deles é o debate sobre violência urbana, impulsionado pelo filme "Tropa de Elite". O outro é o temor das pessoas que dependem de direitos autorais, nesta época de grandes mutações tecnológicas. O terceiro é a declarada epidemia de dengue que atinge o país. Num espaço tão curto, a fórmula ideal para tratá-los seria a técnica de carretel de John dos Passos, imitada por Sartre em sua trilogia "Caminhos da Liberdade".
Frases independentes entre si, do tipo: enquanto mosquito de dengue atacava em Mato Grosso do Sul, os tiroteios nas favelas do Rio matavam 11 pessoas e Madonna decidia abandonar a gravadora.
Busco outro caminho. Achar um traço comum nesses três temas, algo que possa realmente representar um vínculo. Os direitos autorais não serão preservados com campanhas de fundo moral contra a pirataria. Eles dependem muito do próprio avanço tecnológico, e o Google deu um passo, protegendo os filmes no YouTube. Depois do filme "Tropa de Elite", há uma grande carga contra usuários de droga. Eles seriam os culpados da violência urbana, sócios dos traficantes.
A partir do próprio filme, surgiu a figura do estudante da PUC que lê filósofos franceses. Nos EUA, universitários leram os franceses, embora tenha sido moda passageira. Também fumam seu baseado. No entanto a tática americana é a de prender; as cadeias estão superlotadas de acusados de uso de droga.
Há um certo ressentimento social, já presente no livro "Elite da Tropa", contra o playboy responsável por tudo isso, na visão do soldado da PM. É da mesma natureza do ressentimento contra os que usam Rolex e reclamam por serem roubados. Com a diferença essencial: os roubados estão dentro da lei, os fumantes contra ela.
A suposição de que as campanhas de fundo moral resolvem subestima a capacidade de um trabalho de inteligência policial e dos grandes avanços tecnológicos. No caso da dengue, instalada a crise, surgem também as campanhas definindo a responsabilidade de cada um. Se todos se moverem, dizem os anúncios, o mosquito será derrotado. O índice de mortalidade no Brasil está sendo muito alto. Falta competência para o diagnóstico rápido. Falta governo. E um pouco de espaço para mostrar que até a liberdade de usar o próprio corpo depende do avanço do Estado para garanti-la. Reforma da polícia, proteção tecnológica ao autor e eficácia na saúde não eliminam campanhas. Mas podem iluminá-las.

domingo, 23 de setembro de 2007

Dignidade....

Do Blog do Solda e do Gabeira
Foto sem crédito.
Quando me viu pela primeira vez, entre manifestantes, bandeiras e cartazes, minha filha disse: pai, que mico. Compreendi que o que era glamouroso em outras épocas pode parecer ridículo com a passagem do tempo.
Essa lembrança surgiu no domingo, quando debatia com pessoas que reclamavam da falta do povo na rua. Elas pareciam lamentar o avanço tecnológico, computadores e celulares que permitem uma outra maneira de expressão.
Não defendo a tese de que devam substituir as antigas formas. O ideal é a convergência dessas técnicas com a presença física, como houve na Espanha. Ali, o governo de centro-direita tentou manipular as notícias sobre o atentado terrorista. Pelos celulares, as pessoas conseguiram organizar grande manifestação de protesto. A convergência de dois fatores uniu o novo e o velho: o trauma de um atentado e a efervescência pré-eleitoral.
Muitos consideram hoje as manifestações inúteis e ruidosas. Mesmo se compararmos a resistência à Guerra do Vietnã com a resistência à invasão do Iraque veremos que, naqueles anos, os protestos eram mais intensos. Havia mais gente na rua.
Creio que hoje, graças à internet, haja mais gente pensando. O que era resolvido com esforço físico tornou-se um desafio intelectual. Como se tivéssemos passado da fase do trabalho manual para o intelectual. Novas diretrizes se impõem. A criatividade e a inteligência ganham importância.
Assim como as manifestações são avaliadas de forma diferente em épocas diferentes, também o são os valores. Richard Sennet avaliou a dissolução do caráter no capitalismo avançado. Não concordo com todas as suas premissas, mas reconheço que as épocas impõem mudanças. Isso é claro no Brasil. Há um certo fascínio diante do vencer a qualquer preço. Entre políticos e alguns jornalistas, há irritação com a chamada bandeira ética. Admitem o comportamento de quem fica no seu canto, e o digerem como uma discreta extravagância, reservada ao defensor do esperanto como linguagem universal ou da volta do latim aos currículos escolares.
A hostilidade volta-se apenas contra quem age, rompendo a tradição nacional do católico não-praticante. Quem se move é um cretino em busca de holofotes, um demagogo jogando para as platéias. Ecochato no passado, cretino no presente, temos de enfrentar a maré dos que tornam o planeta uma terra arrasada e a democracia um sigiloso bordel.Não há garantia de que a sustentabilidade e a transparência vencerão no futuro. No caso de derrota, resta-nos agüentar os golpes furiosos e tentar morrer com a dignidade de uma espécie em extinção. mailto:massessoria@gabeira.com.br
(Iara Teixeira)

Braziu!

Braziu!

Marcadores

Eu

Eu

1859-2009

1859-2009
150 anos de A ORIGEM DAS ESPÉCIES

Assim caminha Darwin

Assim caminha Darwin

Esperando

Esperando

Google Analytics