TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.
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quinta-feira, 26 de março de 2009

São todos corruptos.....

Imagem: Do Blog do Guto Cassiano
Do Blog do Roberto Romano

BINGO, NORBERTO BOBBIO!
"A corrupção política é devida em grande parte ao financiamento dos partidos (...) São duas as situações nas quais observamos habitualmente as relações de corrupção: a que implica o sujeito político que age para conquistar ou conservar ou não perder o poder, e a outra, na qual, uma vez conquistado o mando, que é mantido bem firme nas próprias mãos, ele serve para para trazer vantagens privadas. Inútil dizer que as duas situações são estreitamente ligadas porque no mercado político democrático o poder se conquista com votos: um dos modos de conquistar o poder é comprá-lo e um dos modos de se liberar das despesas é servir-se do poder conquistado ou adquirido para obter benefícios mesmo pecuniários dos que podem usar o poder para proporcionar vantagens. O poder custa, mas rende. Se custa, deve render. O jogo é arriscado: às vezes custa mais do que rende, quando o candidato não se elege; mas mesmo assim ele rende mais do que custa. (...) Considerada a arena política como forma de mercado, onde tudo é mercadoria, ou seja, coisa que se vende e se compra, o político se apresenta, num primeiro instante como comprador (do voto), num segundo como vendedor (dos recursos públicos graças aos quais o voto se tornou dispensador potencial)(...) A constatação que na sua forma própria a corrupção só pode se desenvolver no segredo, mostra, mais do que toda outra consideração, a sua total estranheza à ética da democracia, ou seja, aquela forma de governo que exige a publicidade dos atos do governo, na medida em que se garante pela regra fundamental do controle a todo instante da pessoa que exercita o poder não em nome próprio mas em nome de todos, e que acabou ( a democracia, RR) para sempre com a política dos arcana imperii (segredos de Estado, RR) própria dos Estados autoritários do passado e dos que ainda existem. Num Estado democrático a moralidade pública não é só uma obrigação moral e jurídica, mas é mesmo uma obrigação política por excelência imposta pelo princípio que regula a vida do governo democrático, e que o distingue de todas as outras formas de governo até hoje existentes, o princípio do 'poder em público'".
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Lúcido, como sempre, texto de Norberto Bobbio, no artigo "Quale il rimédio?" sobre a corrupção política italiana e mundial. O artigo está publicado na coletânea do mesmo Bobbio intitulada L 'Utopia Capovolta (Torino, La Stampa, 1990), pp. 32 e ss. Vale a pena também ler o artigo anterior do grande jurista "Eleitos e Corruptos", no qual ele mostra a colaboração dos eleitores, essencial na escolha de políticos corruptos.Bobbio é um grande pensador e um grande homem, sobretudo porque soube analisar situações desesperadoras, como a corrupção italiana ou mundial, sem jamais se permitir ataques de racismo contra povos e coletivos menores. Ele descreve os males, sem dar o passo, muito comum em fascistas, de apontar defeitos irreparáveis em populações governadas. Ele fez o exato contrário de muitos que por aqui se imaginam maravilhosos quando se esmeram em caluniar o povo, com indisfarçável enfase racista. Erros políticos, sociais, econômicos, etc. são mais ou menos graves, de acordo com o tempo transcorrido entre seus inícios e sua vigência. A ética de um povo recolhe a história de sua experiência pregressa. Ela pode ser detestável, como a conivência de boa parte do povo italiano com o fascismo, a mafia, e outras formas de poder assassino. Mas não passa pela cabeça não racista apontar "o povo"italiano como degenerado, e outro mimos prodigalizados ao povo brasileiro por analistas que, por ignorância inclusive, pensam usar conceitos científicos quando suas observações não ultrapassam os limites de Nina Rodrigues. Sim, a ética da vida social, econômica e política no Brasil é detestável. Isto já basta para lutar contra ela, o que seria impossível se ela fosse devida a taras genéticas ou quejandos. Mas desconfio que é isto mesmo o que desejam os racistas que se julgam superiores à população "comum" alheia aos campi: eles, no fundo, aspiram por uma "solução final", que resolveria o problema de vez.Asco é o que sentimos diante de situações como a noticiada. Mas recordemos (se ainda tivermos bom senso) que situações iguais se repetem a todo instante, no mundo inteiro. Se quiserem condenar a humanidade, como Santo Agostinho e seus seguidores (Jansenius, Pascal, Calvino e outros menores) estejam à vontade. Só pratiquem a justiça e não escolham este ou aquele povo. Digam com clareza que o ser humano não presta. Aí, talvez, possam aprender algo com Hobbes e com Maquiavel.
Roberto Romano

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