TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Da Mary


Da Mary, Blog A feminista, aqui

Eu falei que adoro a Gwyneth brincando de ser estrela de Hollywood. Porque ela sabe que é e quando deita em cima do piano, a gente gargalha. Porque, né? Que medo dela cair e se esborrachar etc. E é isso. Isso que EU gosto. De ver os próprios símbolos sinalizando pra gente. E nos informando de que é tudo ilusão e fabricação de desejos. Adoro essa metalinguagem e ela toma conta justamente num momento que toda a teoria das ciências humanas e sociais parace ter desvendado esse funcionamento etc. A Marylin podia ter feito isso, você vai me dizer. E quão genial seria?, eu vou te perguntar. Mas, né? Cada coisa no seu tempo. E eu gosto então. De Gwyneth se esborrachando, de Portman cantando rap. E eu gostei de Sandy fazendo o comercial da Devassa. Achei interessante por diversos motivos. Porque ela teve que conviver com umas coisas desde que começou a carreira. Viu seu nome batizar uma geração. Viu declarações pessoais se tornarem guias moralizantes. E ela tem feito esse movimento em toda entrevista. De dizer "pois é, sou humana". As pessoas, claro, não querem escutar. E ela diz timidamente. Daí ela usa esse recurso aí. Do humor através da desconstrução. E vice-versa. Que a Gwyneth vem fazendo. E ainda ganha uma grana. Ela vira garota propaganda da Devassa. E isso é bem legal porque JUSTAMENTE ri da polaridade (santa/puta). Ela cresceu. Vem tentando ser apenas humana. Apenas cantora. Apenas sei lá. Mas continuam dizendo que ela é santa. Daí ela diz "bem, acho que são só dois caminhos?". E panz. Faz a puta no comercial. E olha pra gente com cara de Chacrinha. É esse? É esse? O que eu posso ser, Brasil pensante? E aí pasmem, né? Todos aqueles que criticam a imagem de Sandy ficaram CONTRA essa repaginação. E você pergunta "por que?". E as pessoas respondem "porque não combina". Aí fica difícil. Querem combinar a moça. Não deixam que ela se combine sozinha. E então começou a circular esse link no twitter*. E praticamente todas as pessoas que se declaram feministas torceram o nariz pra campanha. E de uma forma ou de outra sugeriram que o comercial presta desserviço pra causa das mulheres. E que a própria Sandy também faz isso. Eu tenho achado o discurso feminista nos blogs, twitter e internet em geral muito ruim. Acho caricato e beirando o clichê. Pode colocar qualquer propaganda ou filme numa espécie de feminismo generator. Porque a gente mais ou menos sabe o que vem. E aí volto praquilo do começo do post. Que as ciências sociais e humanas, hoje, conseguem perceber determinadas sutilezas e o movimento feminista não consegue. Então a gente tem o pensamento feminista como fundamental nisso aí de desconstruir as coisas. E o movimento datado, trabalhando com categorias que eu ADORO mas que já foram sofisticadas. Tipo alienação, ideologia, dominação etc. Daí a gente teve aquele sopro maravilhoso na virada do século, que foram as Riot Grrrls. E elas faziam justamente isso. Brincavam com essas categorias. Eu já escrevi muito post sobre isso e não quero ficar me repetindo. Mas isso de se eu me chamo de puta, você fica sem ter como me ofender. E isso acontecia dessa forma nas Riot Grrrls. Em forma de reivindicação. E depois a gente começou a ver pipocarem situações assim. Mais sofisticadas. A Marcela Temer esteve recentemente numa dessas situações. E a lu deu uma limpada no nosso olhar. Que é muito acostumado com as tais categorias que pensam a opressão, mas que às vezes se esquece de percebê-las de forma mais aprimorada. As coisas não são mais balas mágicas. Nem two step. Nada disso. Então vamos parar de dizer que são. As meninas não se "comportam" ou deixam de se "comportar" porque a Sandy se "comportou". E aí ela fica nesse papel super chato e todo mundo que trabalha com humanas sabe disso e aí na hora de discutir, esquece. E acaba sempre fazendo um lance os yankees com seus tanques. E trazendo sempre a velha crítica. Que é boa. Mas já foi feita e já sabemos dos problemas que ela tem. Leave Sandy alone. É uma coisa que as feministas pop precisam fazer urgentemente. Não é culpa da Sandy o mundo ser assim ou assado. Ruth em questão. O mundo tá aí já. Com as coisas do mundo. Podemos lutar contra as propagandas de cerveja. Podemos entrar nas propagandas de cerveja e desnudá-las. As opções são variadas e tal.



*E eu coloco o link unicamente porque as pessoas que leem meu blog deram vários RTs. E podem achar que eu me refiro exclusivamente a ele. E na verdade tô falando da reação mesmo. Da minha timeline careta.

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