TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quinta-feira, 10 de março de 2011




Cegueira assassina
Por Rui bebiano Blog A TERCEIRA NOITE AQUI




Este é já o meu quarto post sobre a Líbia. Mas sucedem-se as urgências, e com elas as razões fortes para voltar ao assunto.

Olho uma sequência de fotografias de rebeldes líbios levantados em armas contra Kadhafi e sou obrigado a juntar-lhes uma nota pessoal. Fui militar durante três anos e estive envolvido em situações de guerra. Outra guerra, diferente, é verdade, mas nem por isso menos guerra, naquilo que esta tem de constante e universal. Por isso, posso dizer que não a conheço apenas dos livros, dos jornais ou dos documentários: tenho uma memória viva de ver matar e de ver morrer, participei em acções de combate, e, antes disso, treinei muitos, largas centenas, talvez alguns milhares de homens, para as enfrentarem. Acreditem que não é fácil conviver com esta memória, que jamais se é capaz de brincar com ela, que nos fica para sempre uma espécie de cumplicidade para com aqueles que, à distância, observamos em idêntico cenário. Banal? Talvez sim, mas verdadeiro.

Por isso não me é possível ver sem um estremecimento, sobre a paisagem líbia, bandos de pessoas mal armadas, sem uma disciplina rudimentar, sem instrução básica de tiro, defesa e progressão no terreno, a enfrentarem tropas bem equipadas e altamente disciplinadas. Sei que é belo, provavelmente comovente, ver todos aqueles jovens e menos jovens «fardados» muito livremente, de acordo com uma espécie de código baseado num imaginário revolucionário global, a lutarem por uma ideia de liberdade que têm até dificuldade em definir. Não podemos deixar de admirar a sua coragem insana, à beira da imolação, projectada numa luta sem quartel e claramente desigual. Mas desde o primeiro momento esperei que fosse acontecer aquilo que agora está a acontecer e os repórteres de guerra relatam: civis armados que disparam à toa, desperdiçando munições, sem um alvo definido, sem um plano, morrendo em glória mas sem qualquer utilidade debaixo dos disparos dos caças, dos helicópteros e da artilharia pesada, com as câmaras das televisões ou o silêncio por testemunhas. A sua bravura suicida não nos deixa indiferentes. [continuar a ler...]

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