TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Braziu!


Eleições, Igrejas e Seitas



Por: Roberto Romano




O texto gira ao redor do eixo idiota que marcou a última eleição presidencial brasileira. Ele demonstra o quanto ainda não somos uma república laica e estamos presos aos que manipulam rosários e aos que usam a Biblia para obter lucros financeiros ou ideológicos. Tinha certeza de que os defensores da união entre trono e altar (é assim, ainda !) reagiriam com a virulência de sempre. Afinal, a memória das fogueiras em que hereges eram queimados ainda está fresca nos seus cérebros e corpos. Daí, os comentários insultuosos dos "cristãos" leitores que se dizem espantados com o meu curriculum vitae e estudos e minha capacidade para dizer "asneiras". O ataque mostra que o texto entrou fundo na ferida "piedosa", mas não a cauterizou, porque ela é purulenta em demasia. Ela fede piedade. A edição eletrônica da revista não trouxe as notas. Vamos ao que escrevi, sem notas.


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Ao discutir eleições e religião, o hábito é imaginar que as primeiras sofrem a força da segunda de maneira rapsódica. Nas campanhas para escolher governantes civis e legisladores parece surgir algo que “não deveria ocorrer”, quebrando as barreiras entre o campo teológico e o político. Tal perspectiva subestima os elos históricos e antropológicos entre o Estado, Igrejas ou seitas. Na verdade, eleições apenas radicalizam modos de pensar e de agir imperantes nos templos que, ao mesmo tempo, acolhem cidadãos políticos. Em nenhum momento quem acredita em valores religiosos aceita tranquilamente fronteiras entre ordem estatal e círculo da fé. Jamais as autoridades religiosas desta ou daquela confissão abandonam o imperativo de indicar à comunidade mais ampla as suas teses sobre a natureza e os homens. Religião que não luta para se expandir desaparece. O mesmo ocorre na ordem pública, interna e internacional. Agrupamentos religiosos, políticos ou Estados estão submetidos a idênticos, mas diversificados, choques de forças. E, como ensina Maquiavel interpretado pelo alemão J.G. Fichte, no mundo inteiro “quem não cresce, diminui enquanto outros crescem” . Religião e política nunca foram domínios “desinteressados e objetivos”. É preciso examinar de modo realista aqueles agrupamentos humanos.


O que segue abaixo tenta contribuir para o entendimento de semelhante quebra-cabeças, que já consumiu muita tinta no mundo acadêmico e na ordem prática. Um país fascinante para o exame dos intrincados elos entre poder civil e Igrejas é a federação norte-americana. Ali se apresentam cristãos e judeus, estratos islâmicos, budistas, hinduístas, xintoístas e outros.


Difícil residir naquele coletivo sem precisar dizer aos vizinhos qual a sede do próprio culto. Não pertencer a nenhuma Igreja causa no mínimo estranheza. E, no entanto, a separação de Igreja e Estado é posta na Primeira Emenda e definida ao longo da história política e institucional. Tais diretivas nunca foram pacíficas ou plenamente consensuais . Desde os primeiros instantes daquele Estado surgiram tensões entre as leis e as diferentes linhas teológicas. Os choques ocorrem no cotidiano, mas se tornam mais evidentes em períodos eleitorais. Não existe ali um partido de certa Igreja ou seita. As duas agremiações proeminentes integram em seus quadros pessoas dos mais diversos credos, em especial cristãos. No Partido Republicano, no entanto, militam atualmente os mais fortes defensores do conservadorismo religioso (um integrismo fundamentalista). Os adeptos da vida fundamentalista estão presentes no Partido Democrata, mas com menor peso .


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