Denúncia de violência policial em Maringá 6 abril 2011 do Blog do Angelo RIGON AQUI
A violência cometida por dois PMs contra um casal, no domingo à noite, nas proximidades do Estádio Willie Davids, está sendo discutida numa reunião do DCE da UEM neste final de tarde. Os policiais teriam ameaçado inclusive a mulher, grávida. “Vamos bater na sua barriga até você vomitar o bebê”, teria dito um deles; teria havido tentativa de abuso sexual. Assim que terminar a reunião o DCE emitirá uma nota com detalhes a serem tomados. A informação divulgada pela Comunicação do DCE é a seguinte: “Quando um casal de amigos nossos nos contou, muito felizes, que ela estava grávida, ninguém sequer sonhava com o que estava para acontecer. No domingo à noite, os dois voltavam para casa quando foram parados pela PM. Depois de uma revista frustrada, o rapaz foi gratuitamente agredido. A garota foi ameaçada de inúmeras maneiras com frases como “vamos bater na sua barriga até você vomitar o bebê”, e sofreu tentativa de abuso sexual. Ambos foram levados à delegacia pela – sempre útil – acusação de “desacato”. No caminho, os policiais aceleravam o carro pra causar solavancos e se divertiam perguntando se era “agora que ia nascer”. Lá ambos levaram revista geral. O rapaz apanhou algemado (de praxe) e foi mandado para cela comum, onde também apanhou de outros presos. Foram repetidamente ameaçados e uma viatura passou a circular próxima à casa onde estavam. Os dois estão apavorados e dormindo em outros lugares. Moveram processo contra os policiais; torcemos para que ele seja levado até o fim (o que sabemos que é raro). Ademais, eles ainda contam com o adicional do imenso preconceito que a sociedade tem contra eles pelo fato deles serem artesãos. Volta e meia ficamos sabendo de casos de agressões gratuitas, invasão de moradias, meninas que são revistadas por policiais homens, etc.
O problema é que os estudantes não sabem como denunciar ou tem medo de fazê-lo e serem perseguidos. Reclamar do abuso contra si ou contra terceiros é o bastante para ser levado para a delegacia sob a acusação de desacato. Um processo de contra-acusação por abuso de poder, ou defendendo o direito à legítima defesa de si e de terceiros poderia fazer com que estes policiais não chegassem ao final de suas carreiras com um histórico limpo e “brilhante” de carreira.
O problema é que estes processos se estendem por anos, nos deixando impossibilitados de prestar alguns concursos e de nos inscrevermos em alguns editais. Com isso, os processos acabam sendo arquivados, o que explica o reino da impunidade e, com ela, a livre ação de pessoas que parecem pensar que ainda estão na ditadura militar, gente que parece ter passado por uma lavagem cerebral e ter perdido todo e qualquer traço de humanidade.
Diante disso, é muito fácil para a sociedade maringaense repetir a velha fórmula do “policiais defensores do cidadão de bem x estudantes baderneiros”, sobretudo quando não divulgamos estes episódios. É preciso falar, é preciso mostrar, é preciso denunciar. Não dá mais pra ficarmos só nos lamentos. Da mesma forma, espero que aqueles que estão sempre dispostos a lutar contra a prisão de Guantánamo, pela liberdade de Bradley Manning ou Cesare Battisti, não vejam com menor atenção a luta pelo fim da impunidade destes policiais em nossa cidade. De forma alguma é nossa intenção atacar a PM de modo geral, pelo contrário, é sim de auxiliar na identificação destas pessoas, cujo porte de arma devia ser uma preocupação de toda a sociedade.
O assunto será pauta de reunião do Diretório Central dos Estudantes da UEM, hoje, às 17h30. Proponho a criação de uma ouvidoria permanente à qual os estudantes possam recorrer, que lhes auxilie na divulgação dos abusos, lhes dê orientação, informação, assistência jurídica e psicológica, etc. Após a reunião, sairá uma matéria completa no blog do DCE com os encaminhamentos e os pormenores”.
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