"Fora das quatro linhas", Blog do CRUZ
Fora das quatro linhas
A matéria abaixo não tem nada a ver com esporte, mas sugeres comparações inevitáveis. A reportagem está na edição da Folha de S.Paulo, hoje, e, de acordo com análise do jornalista Walter Guimarães, pode-se ler da seguinte forma:
1. A corrupção, como se sabe, é generalizada e duradoura, de tucanos a petistas com passagem por comunistas;
2. Se as obras da Copa 2014 ficarem prontas com muita antecedência, corre-se o risco de os monumentos apresentarem defeitos antes de a bola rolar. O escândalo seria inevitável e internacional.
3. Finalmente: obras mal-feitas, com material de segunda qualidade são formas de fraudar a fiscalização e ganhar mais dinheiro no contrato seguinte, para corrigir defeitos no que acabou de ser inaugurado.
Sede bilionária do governo de MG faz 1 ano já em reforma Principal obra da gestão de Aécio tem rachaduras em pisos e é alvo de 4 investigações do Ministério Público RAPHAEL VELEDA DE BELO HORIZONTE RODRIGO VIZEU DE SÃO PAULO
A Cidade Administrativa, nova sede do governo de Minas Gerais, completou um ano no mês passado já submetida a reformas. O conjunto de prédios, que foi projetado por Oscar Niemeyer e custou mais de R$ 1 bilhão, é a principal obra do governo do hoje senador Aécio Neves (PSDB). Foi inaugurado pelo tucano em 4 de março de 2010, menos de um mês antes de ele deixar o cargo para disputar o Senado.
O local recebe o nome de Tancredo Neves (1910-1985), avô de Aécio. Os 13.500 servidores que trabalham no complexo ainda convivem com os operários e com máquinas pesadas que continuam no local.
O piso do prédio onde despacha o governador Antonio Anastasia (PSDB) tem rachaduras e passa por reforma, obrigando quem circula por lá a desviar pela grama.
Nos outros prédios, o piso também apresenta defeitos. Há ainda várias interrupções nas calçadas do complexo devido a obras. Entulhos e pilhas de materiais de construção estão por todo lado.
As rachaduras são foco de uma das quatro investigações do Ministério Público sobre a Cidade Administrativa. A Promotoria apura se foi usado material de qualidade inferior ao previsto.
Outra investigação apura se os preços pagos na obra foram superiores aos do mercado, indicando superfaturamento.
O inquérito aponta supostas irregularidades no edital, como restrições excessivas que reduziriam a concorrência. A Promotoria também investiga a denúncia de um empresário que foi inabilitado após vencer uma licitação de restaurante no complexo. Ele diz que a empresa que ficou com a concessão tinha acerto com outra para lotear espaços do governo mineiro.
A investigação apura se houve participação do Estado no eventual esquema.
Uma quarta investigação analisa, entre outras supostas irregularidades, a compra de móveis idênticos com preços diferentes.
O governo nega irregularidades nas licitações e minimizou as rachaduras, afirmando que são apenas no acabamento e não afetam a estrutura dos prédios.
Há atraso na transferência dos servidores dos antigos locais de trabalho para o complexo. A previsão era ter 16.500 pessoas no local até outubro de 2010, mas o governo agora só promete atingir esse total em junho.
Com isso, o governo prorrogou até o fim deste semestre a redução de jornada de trabalho para seis horas por dia, criada para facilitar a adaptação ao local, que fica a 20 km do centro de BH.
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