17/08/2009 - 08h24
PMDB apoia Yeda e fica no governo para combater Tarso
GRACILIANO ROCHA da Agência Folha, em Porto Alegre
O PMDB do Rio Grande do Sul adiou a decisão de sair do governo de Yeda Crusius (PSDB) e vai se unir na defesa da tucana na CPI que deve ser instalada até o fim do mês para investigar sua administração.
O temor é que a CPI fortaleça a candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), à sucessão de Yeda em 2010.
Na última quinta, o PMDB, maior fiador da governabilidade de Yeda, reuniu seus principais líderes no Estado --entre eles os pré-candidatos ao governo, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o ex-governador Germano Rigotto-- e decidiu subir o tom contra Tarso.
O partido vai sair da base de Yeda para participar da disputa ao governo gaúcho, mas, nessa reunião, decidiu adiar a decisão de quando será a saída.
Na opinião de deputados que participaram da reunião, Tarso está usando seu cargo para fazer campanha antecipada. Há o entendimento de que o alvo político dos petistas durante a CPI será desgastar o PMDB, e não Yeda, que já enfrenta uma forte impopularidade.
Nos principais cenários pesquisados pelo Datafolha no final de maio, Tarso lidera com 34% contra 28% do prefeito de Porto Alegre. No confronto contra Rigotto, o petista leva vantagem de 20 pontos percentuais (38% contra 18%). Nas duas simulações, a governadora aparece com 7%.
"Politicamente a oposição já destruiu a governadora. O único adversário político vivo do PT agora é o PMDB", diz o líder do partido na Assembleia Legislativa, Gilberto Capoani.
No requerimento da CPI, elaborado pelo PT, um dos temas a ser apurado é a chamada Operação Solidária, da Polícia Federal, que investiga o envolvimento do deputado Eliseu Padilha (PMDB) e de secretários do partido com o desvio de verbas de saneamento e irrigação --o que eles negam.
Em maio, o senador Pedro Simon, que preside o PMDB-RS, já havia dado declarações responsabilizando Tarso por ações da PF contra adversários políticos. O ministro negou a acusação e disse que a PF não age sob interferência política.
Tarso contesta a avaliação de que a candidatura do PT ao governo seja beneficiada pela CPI. Ele diz que o discurso centrado em críticas a corrupção foi usado pelo PSDB contra a reeleição de Lula, em 2006.
"Temas como corrupção e CPI, que foram muito aproveitados pelo PSDB contra o presidente Lula, não geram efeito. Não só não conseguiram provar, como se deram mal com a opinião pública, que não é generosa com esse tipo de movimento", afirma o ministro.
O pré-candidato petista criticou o senador Simon por defender uma CPI no Congresso, mas não no Rio Grande do Sul.
"A atitude política que ele tem no Senado e a que tem no Rio Grande do Sul é uma incoerência política difícil de explicar", afirma Tarso.
Simon não respondeu aos recados deixados pela Folha.
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