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Exército cerca emissora de TV para prender sargento gay
Laci Araújo e o companheiro davam uma entrevista ao programa "SuperPop", da RedeTV!
Exército diz que ele foi preso pois é desertor; na revista "Época", os dois foram apresentados como o 1º casal gay da instituição
Exército em frente a prédio da Rede TV! na madrugada de ontem, em Barueri, ao cumprir mandado de busca e prisão contra sargento
Laci Araújo e o companheiro davam uma entrevista ao programa "SuperPop", da RedeTV!
Exército diz que ele foi preso pois é desertor; na revista "Época", os dois foram apresentados como o 1º casal gay da instituição
Exército em frente a prédio da Rede TV! na madrugada de ontem, em Barueri, ao cumprir mandado de busca e prisão contra sargento
porLAURA CAPRIGLIONE
Homens da Polícia do Exército armados com fuzis FAL, de uso exclusivo das Forças Armadas e com pistolas, cercaram o prédio da Rede TV! na madrugada de ontem. O objetivo da missão: cumprir mandado de prisão contra o 2º sargento Laci Marinho de Araújo, 36, homossexual assumido, que encerrava uma entrevista ao programa "SuperPop", da apresentadora Luciana Gimenez.
O sargento De Araújo, como é conhecido no Exército, estava em companhia do também sargento Fernando de Alcântara de Figueiredo. Ambos falavam sobre o relacionamento amoroso que mantêm desde 1997.De Araújo e Figueiredo foram tema de capa da última revista "Época", que os apresentou como "o primeiro casal de militares brasileiros que assume a homossexualidade"."Eles querem me matar"; "Eles querem fazer uma queima de arquivo"; Sou um arquivo morto"; "Vou me suicidar para não ir preso", gritava desesperado o sargento De Araújo, enquanto pedia socorro a entidades de defesa dos direitos humanos e de homossexuais, para evitar sua prisão.
Ainda no ar, o programa mostrou o cerco ao prédio, enquanto a apresentadora exclamava nunca ter visto nada igual em anos de carreira.O argumento para a prisão do sargento De Araújo apareceu às 4h de ontem. Foi nessa hora que o coronel de Cavalaria Cesar Augusto Moura, que chefiava a operação, apresentou o mandado assinado pela juíza militar Vera Lúcia da Silva Conceição.
No documento, datado do dia 3 de junho, a juíza ordenou: que se "proceda a busca e captura do desertor (...) Laci Marinho de Araújo (...) Mando que se procedam (sic) a todas as diligências necessárias e se empreguem os meios indispensáveis."Depressão crônica, epilepsia, esclerose múltipla, estresse traumático. O sargento De Araújo é um catálogo ambulante de doenças psíquicas, motivos que já justificaram sua internação para tratamento psiquiátrico em quatro oportunidades distintas. Sucessivas licenças médicas afastaram-no do serviço militar desde outubro de 2006.
Atualmente, ele toma os medicamentos de tarja preta Flunarizina, Paroxetina, Rivotril, entre outros. Segundo o Exército, desde o dia 15 de abril está sendo investigada suposta prática do crime de deserção pelo sargento De Araújo. No último dia 20, a Justiça Militar autorizou a prisão do acusado, mas ele não foi encontrado. Ao receber a informação de que De Araújo estava em um programa de televisão, a juíza Vera Lúcia da Silva Conceição pediu a captura. Segundo o Superior Tribunal Militar, o sargento agora passará por exames médicos. Se for considerado apto a continuar na carreira militar, será processado por deserção.
Ontem, com um quadro de confusão mental, agitação e agressividade, segundo atestado pelo médico psiquiatra Paulo Sampaio, que foi ao local representando o Conselho Regional de Medicina, o sargento estava preso em um quarto do Hospital do Exército de São Paulo, na região do Cambuci. Dez soldados armados de pistolas montavam guarda na porta do apartamento. O sargento Figueiredo acompanhava o preso, hospedado no mesmo apartamento -foi uma permissão especial dada pelo Exército.
Segundo Figueiredo, seu companheiro não tem condições de reassumir o posto. "Ele está muito doente", disse, os olhos vermelhos de choro.Beto Sato, 28, da Associação Brasileira dos Gays e do Fórum Paulista de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, considera que a ação do Exército na Rede TV! é uma "demonstração clara da homofobia que existe na instituição. Quantos desertores existem por aí? Muitos. E você já viu alguma ação desse quilate? Ser justamente contra um homossexual a mais exibida de todas as ações de captura de um desertor é uma prova da homofobia que existe no Exército."Os sindicato dos jornalistas e dos artistas de São Paulo, e a Comissão dos Direitos da Pessoa Humana, Condepe, consideraram a ação de captura uma afronta à liberdade de manifestação e expressão. "É uma prisão dramática de uma pessoa doente, que nem sequer teve direito a um defensor público", disse o advogado Francisco Lucio França, do Condepe.O coronel Moura, que chefiou a operação, disse à Folha que foi "convocado" para cumprir o mandado de busca e prisão na Rede TV!. Por quem? "Pelo Comandante Militar do Sudeste", disse o militar. "Pelo general...", perguntou a reportagem. "Pelo Comando", limitou-se a responder.S
egundo ele, não houve qualquer motivação homofóbica na prisão. "Ninguém separa ou discrimina ninguém no Exército por sua religião, orientação sexual ou raça. O sargento De Araújo não feriu o pudor da instituição pelo fato de ser homossexual. Isso é dele. O que está em questão é a condição de desertor. Se não cumpríssemos o mandado de prisão, aí sim, poderíamos ser acusados de falta, no caso de incorrer em prevaricação", disse.Na porta do hospital, poucos recrutas atreviam-se a comentar a prisão do sargento De Araújo. Um, entretanto, passou pela reportagem falando em voz alta, para ser notado: "Vê só o estrago que fazem umas bichinhas infiltradas."
2 comentários:
é machismo aqui, é possibilidade de holocausto acolá... medo!!
eu continuo desconfiada sobre os conservadorismos e moralismos que podem nos afundar numa nova tragédia grega rs ou, "deus queira", se transformarão em piadas para a posteridade!
abraço
Doutora Marta Bellini:
http://blogdamartabellini.blogspot.com/
Ref - "Incrível! Eita ,machismo brasileiro!"
Acompanho seu Blog diariamente, assim como o faço com dezenas de outros. Volto sempre porque na maioria das vezes seus pontos de vista casam com os meus.
O trabalho que faz em defesa do meio ambiente e o combate aos aloprados é por mim admirado.
Com todo o respeito que a Doutora me merece, esse seu comentário em epígrafe sobre os dois sargentos gays me motivou palpitar.
Doutora, não é questão de machismo, mas de cada coisa em seu lugar. Já imaginou, por absurdo, numa hipotética batalha com as FARCS (estão chegando, não?), aqueles dois bravos sargentos comandando, num tanque lança-bombas, que haviam sido pintados às escondidas de lilás, por eles, com aquela bandeirola que o Lulla portava ontem, representativa dos "GLS.." hasteada, esfusiantes, acenando com as mãozinhas, beijando-se na boca e dizendo; -FARCS, tremei???
Noutro cenário, o Maguila e o Tayson, numa academia feminina trocando beijinhos na boca?
A mim, tudo isso não passa de revanchismo programado dos nossos aloprados.
Demonstrações amorosas calorosas ficam melhor em ambiente íntimo.
Para ser respeitado tem que agir com dignidade, como por exemplo agiu o homossexual Bruno Chatobriand, quando concedeu brilhante entrevista à revista Veja no dia 30 de janeiro p.p. - http://veja.abril.com.br/300108/entrevista.shtml - condenando estas práticas expositivas.
Ocorreu-me agora; Estaria em lugar adequado, comandando aquele mesmo tanque de guerra, não lilás obviamente, a terrorista Wanda, só que infelizmente, estaria do lado das FARCS.
Grande abraço Doutora e parabéns pela sua importante missão na Internet.
Sérgio.
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