É nessa coleção genial chamada Mundo da Criança que eu vi esse poema. E que minha mãe recitava pra gente. Eu e meu irmão. E eu morria de rir dele. Porque achava melhor ser menina. Hoje, não acho. Porque não consigo mais ver problemas em rãs. Antropologia saves my soul, você bem sabe.
De que são feitos os meninos?
De que são feitos os meninos?
Rãs, caracóis, rabinhos pequeninos.
Disto são feitos os meninos.
De que são feitas as meninas?
De que são feitas as meninas?
Açúcar, perfumes e outras coisas finas.
Disto são feitas as meninas
E tudo é interessante. Por exemplo. Eu gosto de perfume. Mas esqueço de passar. Esqueço de comprar. Meu irmão não. Ele toma banho de. Deixa rastro quando passa. E teve diabetes precoce. Por causa de muito açucar. E porque é muito nervoso. Não podia dar certo, esse poema. Eu já sabia. Ele já sabia. Minha mãe já sabia. Acabava sendo mais um jeito mesmo, da gente perceber. Que meninos e meninas são feitos da mesma coisa. Mas o que acontece com o pessoal que fez o comercial da Ruffles. Não tem mãe que declama poemas. Não tem a coleção Mundo da Criança. E diz que menina gosta de sapato e menino gosta de churrasco. E pronto. Pra arrepiar de vez os meninos ativistas das causas dos animais. E etc etc. O mundo mudou, hein pessoal? Que a Ruffles vire símbolo de caretice é algo que não dá pra entender. Porque escolher um caminho desse. Não dá mesmo.
Marjorie, como sempre, destrincha o negócio lá. Eu só me lembrei desse poema aí. Que é muito longo para ser twittado.
Me incomoda porque eu considero que estamos num momento tão avançado de percepção. Das construções das diferenças entre os gêneros. E aí fazem essa redução. Oh, não. É o que eu penso. Veja que mesmo a careta ciência da biologia. Já pega pra outras coisas. Embora todas nós discordemos. As diferenças são colocadas em termos de reflexos masculinos e femininos. Em relação ao som de choro e à dor do outro. E coisas assim. Essa camada aí. Que nem verniz não é. Menina gosta de sapato. Menino gosta de bolinha de gude. Isso aí é so last century. Ou retrasado. Não sei dizer retrasado em inglês. Minha prova final é na segunda-feira.
Eu gostei demais dessa foto aí que eu postei. Me lembrei dessa outra, do Jan Saudek, claro. Eu já cheguei a usar no template, a do Saudek. De tanto que eu gosto. Porque me parece assim. Se poder é uma questão de artefatos, deixa com a gente. É questão de fazer a barba? Então eu faço. E a de cima, me deu outra coisa, né? De nada a ser barbeado. E aí o artefato vira uma ameaça ao pescoço dela. Me deu um impacto mesmo, quando eu vi. Depois eu li que tem todo um lance. Uma discussão sobre como as mulheres devem ser depiladas e essa exigência tornando-se uma opressão. Diz também que as fotos devem ser vistas juntas (as outras sobre depilação). Mas eu gostei assim sozinha mesmo. Ah, claro. A foto da Blanka pode ser apenas que ela está brincando de ser menino. E eu acho genial do mesmo jeito se for isso etc. Porque, né? Enquanto ela brinca de fazer a barba, outra coisa está precisando ser urgentemente depilada etc. É, também, uma boa piada.
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