TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Em Portugal:

Do Blog Rerum natura cap-tirada do Blog de Roberto Romano


A POLÉMICA SOBRE A AVALIAÇÂO DOCENTE por Rui Batista

“Contestar a ideia de um certo homem ou defendida por um certo homem não é insultar esse mesmo homem: sabe-se isto no mundo inteiro e só se desconhece neste país” (António Sérgio, 1883-1969). A avaliação dos professores é um assunto que tem feito correr muita tinta e criado polémicas em que parece ninguém se entender ou se querer entender. Em inglória tentativa de querer fazer crer que, ao contrário de outras profissões em que há, por exemplo, bons e maus médicos, bons e maus sapateiros , assiste-se, aqui, a uma espécie de sindicalismo utópico, ou mesmo selvagem, porque, como diria Ortega y Gasset, “odeia os melhores”, fazendo-se, com isso, defensor de uma carreira docente única que não encontra paralelo em nenhuma outra parte do mundo. (não conheceu o Braziu) Uma insólita singularidade que tanto se lhe dá como se lhe deu que uns tenham estudado mais outros menos ou que os docente menos habilitados se pudessem ter reformado na flor da idade, ao 52 anos, e se exigisse aos mais habilitados a pena de mais 4 anos de serviço. Valha-nos, ao menos, isto: embora não tantos como Jacob serviu Labão, pai de Raquel. Para esta espécie de doutrina sindical, que não distingue os que fazem da docência uma espécie de sacerdócio e outros um simples modo de vida, todos os professores são havidos como excepcionais, apenas com a diferença de uns serem mais excepcionais do que outros. Por outro lado, nunca se ouviu a voz dos prejudicados directos de tanta fartura, que leva a opinião pública a dela desconfiar, a levantar-se contra esta espécie de simulacro de avaliação. Somente, quando ocorreu a divisão entre professores titulares e professores tout court, aí sim, levantou-se um coro quase uníssono, aliás justíssimo, a discordar publicamente que professores de menor habilitação avaliassem professores mais habilitados. Claro que no sistema de avaliação proposto por Maria de Lurdes Rodrigues e continuado por Isabel Alçada, sob a batuta de José Sócrates, que sob a avaliação deve sofrer do síndrome de uma avaliação feita por fax, “foi pior a emenda do que o soneto” ao transformar os professores em simples mangas-de-alpaca , escravizados, como escreveu Karl Marx, em carta a Engels, por “teólogos do Estado que fazem do Estado a sua propriedade privada, com recurso ao espírito de segredo, mantida por uma hierarquia que se protege do exterior pela sua natureza de corporação fechada”. E acrescentou Karl Marx: “A actividade criticamente científica aparece a esta burocracia ignorante, mas poderosa, como uma traição aos seus interesses, já que a autoridade é o princípio do seu saber e a idolatria da autoridade é a sua mentalidade”. Mas esta desastrosa situação não justifica, de forma alguma, comentários insultuosos, falhos de qualquer ética que deve presidir a uma profissão que, no dizer de Pierre Bordieu, deveria ser o primeiro dos ofícios, dominada por um ódio visceral contra todos aqueles que defendem uma avaliação docente que não seja um simulacro de avaliação (em que, numa inversão de papéis, o avaliador de hoje passa a ser o avaliado de amanhã) ou uma avaliação em que conte uma discutível auto-avaliação com o penoso preenchimento de resmas de papel, afastando, com isso, o docente do seu verdadeiro mister: ENSINAR. (RUI, CÁ, NO bRAZIU, O VERBO ENSINAR, SÓ É VERBO, A AÇÃO ....) Isto é, só através de um sistema de avaliação dos professores, capacitando-o para bem distinguir o respectivo desempenho docente, se poderá pôr cobro à situação de Portugal se ter tornado, servindo-me de uma expressão de João Lobo Antunes, “num país de carreiristas”. Razão encontro, também, em Eça: “Deixemos no bengaleiro a nossa perpétua inclinação nacional de escutar odes – e entremos só com a tendência humana de resolver problemas”. Salvo melhor opinião, a solução de uma avaliação séria dos professores deverá passar, também, pela criação de um corpo inspectivo devidamente habilitado e isento para não sofrer a influência diária do meio escolar em que as personagens avaliadoras e avaliadas convivem no seu dia-a-dia com as inerentes simpatias ou antipatias pessoais em reflexo de inclinações partidárias ou de qualquer outra natureza. (Rui, aí, em Portugal, existe um CORPO HABILITADO E ISENTO?) Esta uma mera opinião pessoal (e como é sabido, as opiniões valem o que valem) ou mesmo atrevida, mas segundo julgo, merecedora de reflexão por parte de quem estuda estes problemas com conhecimentos profundos de causa e razões devidamente fundamentadas. Mas nunca com a intenção subserviente de servir os desígnios políticos da tutela que vier a ocupar a 5 de Outubro ou de uma nefasta ditadura sindical.

Rui Baptista

1 comments: João Oliveira disse... Esta é uma opinião sensata. O problema é que um corpo de inspetores competentes custa dinheiro. Por isso se tentou este simulacro de avaliação com recurso à prata da casa. Se funcionasse era o ovo de Colombo: servia a propaganda do regime e não se gastava muito dinheiro numa coisa de qualidade

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