TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A dor da gente não sai no jornal....


MAS, sai nos blogs. A história de minha amiga Glória é sublime. É mais uma militante. Professora aposentada da área de Letras, segue a vida com a Pastoral Carcerária em Leopoldina, MG. Escreve dois Blogs: o seu, Glória Reis e o Jornal Recomeço. Neste último relata os passos e descompassos daqueles que estão na prisão. Está sendo processada por um juiz porque disse que as prisões são um lixo. Leiam o que me disse a Glória ontem.

Tenho orgulho de tê-la como amiga. Sei que sofre muito pelo que passa.

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Marta, veja a foto.
Este é o "Maguila", ele já terminou a pena dele, está saindo por esses dias. Veja que coisa mais linda: na hora que eu estava saindo da APAC, ele estava na horta e colheu uma abóbora para mim. Eu elogiei a abóbora (fruto do trabalho deles), agradeci e fui andando, quando ele disse meio vacilante: "a senhora se importa de tirar uma foto comigo te dando a abóbora, que é para guardar de lembrança...?"
Voltei, disse "claro, também quero sua lembrança" e minha filha tirou a foto. Já revelei e entreguei pra ele.

Sempre quando vou lá, volto renovada da desesperança com o ser humano. Essas pessoas, tão vítimas da nosso sistema de castas, no qual são tratados como lixo, são de uma afetividade, de uma delicadeza que eu não entendo como esses sentimentos podem sobreviver depois de tanto sofrimento e humilhação nas mãos da polícia e da justiça.
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Dia 14 recente, fui a mais uma audiência sobre a acusação do juiz contra mim. Foi um horror, não resisti, saí de lá chorando em estado de choque. A juíza foi grosseira, estúpida e parcial. Eles querem que eu aceite a transação penal, que significa concordar com a acusação de que cometi um crime, paga uma cesta básica e o processo é arquivado. Ela ficou uma fera quando eu disse que não aceitava e me ameaçou: "eu nem li o processo, mas não há nenhuma chance de absolvição" (ou seja, já que o meu acusador é um juiz).

Sei que este processo vai me tirar anos de vida, saio de lá com o coração aos pulos e a alma em frangalho, mas vou até o fim como forma de tentar mostrar a injustiça, prepotência e covardia do judiciário que extermina com a vida de milhões de brasileiros pobres, sem defesa. E mais eu admiro os nossos "meninos" que são incapazes de um ato covarde como o da juíza.

Só para você entender, Marta, não sou contra a prisão, sei que é necessária, mas para realmente "bandidos", pessoas perigosas, que mataram, estrupraram, por aí, e não é isso o que temos na cadeia, a grande maioria é envolvimento com droga, a que qualquer pessoa está sujeita.

Abraços, amiga.

Recomeçohttp://jornalrecomeco.blogspot.com/
Ediçõeshttp://www.jornalrecomeco.com/

Um comentário:

Anônimo disse...

Justiça
"Gostaria de chamar a atenção para três fatos recentes: o assassinato em Praia Grande, Law Kin Chong e Salvattore Cacciolla. Nesses três casos, juízes soltaram pessoas que cometeram crimes. No de Praia Grande, o juiz soltou um potencial assassino que deveria ficar muito tempo na cadeia. Law Kin Chong, contrabandista, foi solto para ficar em sua casa, numa suposta prisão. Cacciolla foi solto para responder ao crime em liberdade e fugiu para a Itália. A Justiça brasileira está equivocada. Não faz justiça e nem serve para recuperar ninguém." FRANZ JOSEF HILDINGER (Praia Grande, SP) - leitor Folha de S. Paulo - hoje
Abraços, Sérgio.

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