TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Lugo

Do Josias de Souza
História das relações do Brasil com o Paraguai não é uma datilógrafa ascética. É uma é personagem suja e inconfiável. Prefere a versão ao fato. Sonega a verdade sobre passagens vitais.

Tome-se o exemplo da Guerra do Paraguai, travada no Século 19. Sabe-se que o Brasil prevaleceu sobre o vizinho valendo-se de métodos que não o dignificam. Vem daí o pavor do Itamaraty em abrir os seus arquivos secretos.

Para o paraguaio médio, tudo o que lhes coube em termos de destino –sobretudo a miséria e a tragédia—está irremediavelmente ligado ao Brasil. Mal comparando, o Planalto está para o Paraguai assim como a Casa Branca está para as nações pobres do mundo. O império, neste caso, somos nós.

Em meio a esse sentimento de aversão à "dominação", que é crescente, os paraguaios elegeram neste domingo (21) um novo presidente: Fernando Lugo. O triunfo do oposicionista Lugo, um ex-bispo católico que se expressa em timbre esquerdista, pôs fim a mais de 60 anos de predomínio do Partido Colorado.

Sobre o palanque, Lugo escalou em direção ao Brasil. Enrolou-se na bandeira da renegociação do tratado de Itaipu Binacional. O tema permeou toda a campanha. Formou-se no caldeirão da imprensa paraguaia um caldo anti-Brasil.

Reza o contrato que o Paraguai, sócio de Itaipu, se obriga a vender ao Brasil os excedentes de energia elétrica produzidos pela hidrelétrica. Assunção recebe anualmente algo como US$ 300 milhões. É pouco, reclama Lugo. Muito pouco, pouquíssimo.

O novo presidente reivindica um reajuste gordo. Fala em valores que oscilam de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões. Nesta segunda-feira (21), já entronizado na posição de mandatário eleito, Lugo disse a jornalistas brasileiros que pretende “discutir Itaipu ao máximo”. Espera encontrar no Brasil "racionalidade" Se necessário, pode requisitar a mediação de um terceiro país. Não exclui nem mesmo a hipótese de recorrer a tribunais internacionais.

Da África, onde se encontro, Lula deu resposta imediata. Disse que não vai ceder. “Nós temos um tratado. E o tratado vai se manter.” Mais tarde, o chanceler Celso Amorim, que acompanha Lula na viagem a Gana, piscou. Na contramão do chefe, Amorim disse que o tratado pode, sim, ser revisitado e até revisto.

"Vamos continuar discutindo com o Paraguai normalmente como ele pode obter uma remuneração adequada para sua energia. Isso é justo", disse o chanceler brasileiro. “Vai haver uma atitude normal de conversa”, acrescentou o ministro. Busca-se “encontrar soluções para um país com o qual temos uma relação muito próxima.”

Lula, como se vê, precisa chamar o seu auxiliar para uma conversa.

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