TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Em Portugal, o abrasileiramento do professor ...


Do Blog de Roberto Romano: No De rerum natura...a pobre e triste verdade.
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010


A profissão de professor desaparece...


Segue-se um extracto duma entrevista de Mário Crespo a José Gil, que passou na Sic Notícias, em 27 de Novembro passado. São palavras absolutamente sinceras e verdadeiras as do filósofo e professor, tão sinceras e verdadeiras que deviam fazer parar o país para pensar no rumo que tomará, ou que já está a tomar, pelo facto de os bons professores serem obrigados a desistir de ensinar: por abandono da profissão, por fadiga, por desnorte...

Mário Crespo: Uma estratégia seguida por este Ministério (…) é exigir ao professor uma ocupação total na sua tarefa, total, para lá das horas do humanamente aceitável (…) para lá das 35 horas obrigatórias, para dentro das pausas lectivas – expressão nova –, o trabalho do professor deve integrar e devorar o tempo de vida privada, de lazer (…), professor só pode ser professor (…) deixa de ser homem, deixa de ser mulher...

José Gil: Isso é quase um homicídio da profissão. A profissão de professor desaparece. Desaparece, porque é impossível fazer isso (…). Estou a lembrar-me de Paul Lenoir, um poeta, que dizia que para fazer boa poesia é preciso não fazer nada (…). É preciso que haja pausa, desafio, reflexão ruminação (….). Eu sou professor, sei que estou a defender a minha causa, mas há vocações extraordinárias, muito maiores que a minha, muito mais admiráveis que eu vejo em professores do secundário, por exemplo (...) pessoas que gostam de ensinar, que adoravam fazer o que estavam a fazer e essas pessoas vão-se embora, foram-se embora (…) sobretudo (…) porque ficam tão desgostosas por elas mesmas, por terem que fazer qualquer coisa que não gostam, que é lhe destrói uma missão...

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COMENTÁRIO: O que nos enraivece é que, nós, professores universitários de universidades públicas, estamos, também, a destruir nossa profissão. Não por excesso de trabalho, mas MUITOS por nenhum ZELO com a sala de aula. Alunos me contam que professores não aparecem para dar aulas por um mês e nada. Outros alunos mandam email a chefes de departamentos cobrando-os, avisando-os que seus professores não vão dar aulas. Esses chefes respondem que sabem disso, que vão "dar um jeito" nisso, mas não dizem em que século. Uma coisa é o Estado fazer terra arrasada sobre a profissão. Outra são os próprios profissionais, sua hipocrisia. O Estado agradece aos maus profissionais das escolas públicas. Ajudam e muito a desgraçar a profissão.

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