TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A PRIVATIZAÇÃO DA CONSCIÊNCIA....



Elio Gaspari, 05.06.11
ENVIADO PELO GROZNY ARRUDA

Grata!

De CelsoFurtado@org para Palocci@com

SENHOR MINISTRO,
Sua geração leu meu livro "Formação Econômica do Brasil" procurando entender nosso país, pensando em mudá-lo para melhor. Não creio que meus leitores buscassem lições para enriquecer. Seria perda de tempo. Havia neles uma mistura de fé na nossa gente e até de solidariedade pela fantasia desfeita de um economista que foi do Ministério do Planejamento, em 1962, ao desterro voluntário, dois anos depois.

Escrevo-lhe para pedir que tire das costas do governo a carga de problemas que são seus, derivados daquilo que chamei, referindo-me ao Roberto Campos, de "temperamento concupiscente".

A cobiça por bens materiais é coisa natural. Quando ela se mistura com biografias públicas, é comum que surjam conflitos políticos. Vivi 84 anos, fui ministro de dois governos e embaixador na Comunidade Europeia, publiquei cerca de 50 livros, um deles com 34 edições. Nunca me faltou o necessário.

Acusaram-me de muita coisa, jamais de ter comprado um par de meias sem que pudesse tornar pública a origem dos recursos. Morri num apartamento de Copacabana, com padrão suficiente para meus hábitos, bastante inferior ao que o senhor comprou por R$ 6,6 milhões. (Jantei outro dia com os ex-ministros Roberto Campos, Eugênio Gudin e Octavio Gouvêa de Bulhões. O Campos, com sua corrosiva maledicência, disse que as moradias dos comensais, somadas, não cobrem o preço da sua.)

Os discípulos dos meus colegas de jantar seguiram outro caminho. Depois que retornei ao Brasil, vi como fizeram rápidas fortunas, mas vi também como deixaram de fazê-las. O serviço público nada rendeu à minha querida Maria da Conceição Tavares ou ao Carlos Lessa.

Talvez sejamos uma espécie em extinção. Gente que gosta de relembrar e seguir a lição que ouvi do Raúl Prebisch, o grande economista argentino. Depois de presidir o Banco Central do seu país, viu que ficara "sem meio de vida". Convidado para a direção de grandes bancos, recusou: "Como podia colocar os meus conhecimentos a serviço de um se estava ao corrente dos segredos de todos?"

O senhor privatizou sua influência
e justificou a própria concupiscência invertendo o dilema de Prebisch. Foi uma escolha pessoal, e Don Raúl admite que está no seu direito fazê-la. Não estatize os reflexos de sua opção patrimonial, transferindo o ônus para um governo eleito por 55 milhões de pessoas.
Do seu patrício,
Celso Furtado

Um comentário:

Anônimo disse...

Chiste, repassando:

A maioria das nossas autoridade perdeu a vergonha na cara: somente ruboriza e pode ter peso na consciência as pessoas honestas.

É público e notório que nossas autoridades não estão dispostos a punir os seus pares. O povo que se lixe, eles só defendem os próprios interesses e nunca o do cidadão. Não vemos obras, apenas robalheiras estampadas na mídia.
Quando o assunto é de interesse dos vigaristas, ratazanas dos cofres públicos, ele é resolvido a toque de caixa na calada da noite; quando é do interesse do povo, a votação é sempre prorrogada. O brasileiro esta orfão de pai e mãe sem ter em quem confiar.
Por obra da legislação caolha, a presunção da inocência é sempre lembrada pela cambada de plantão quando o objetivo é defender os "cumpanheiros" e o espertinho sempre é cometido de algum mal súbito.

Braziu!

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