Enviado pelo Grosny Arruda
Obrigada!
Trib. da Imprensa, 5.6.08
Hoje, 86 anos do primeiro 5 de Julho
Parte importantíssima da história do Brasil
por Helio Fernandes
O 5 de julho de hoje, logicamente distante do 5 de julho de 1922 e de 1924, e inteiramente diferente. Esses dois 5 de julho, revelaram personagens que lutariam pelo Poder Revolucionário e progressista, e chegariam ao Poder em 1930, não mais Revolucionários nem progressistas. Mas dispostos a cumprir o conceito histórico: "Não há ninguém mais conservador do que um Revolucionário no Poder". Com a única exceção de Luiz Carlos Prestes, se apossaram de tudo, dominaram tudo, participaram de 1930, 1937, 1945, 1964, 1968, com uma resistência impressionante.
Esse 5 de Julho de 1922, teve a participação e a liderança de uma das mais importantes turmas saídas da Escola Militar, então em Realengo. O comandante do Forte de Copacabana, o capitão Hermes da Fonseca, liderava o que se chamou de "Os 18 do Forte". Liderava mas não participou, por jogadas do alto-comando do Exército.
Seu pai era o marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República, presidente do Clube Militar, e comandante-em-chefe do Exército. Naquela época o Exército era pequeno, mesmo tendo ocupado a presidência da República, continuava na ativa e havia esse título de comandante do Exército. Na madrugada de 5 de julho, pouco depois de 1 hora da manhã, dois coronéis foram à casa de Hermes da Fonseca para prendê-lo.
Foi acordado e ainda de pijama, e vendo os dois coronéis, disse imediatamente: "Só posso ser preso por um oficial de patente igual à minha". Foi um custo, mas finalmente encontraram o marechal Botafogo, da reserva, mas com a mesma patente. Depois de mais de 2 horas, levaram Botafogo à presença de Hermes da Fonseca, se abraçaram, Hermes declarou: "Com você eu vou". Eram da mesma turma".
Pela manhã, o capitão Hermes da Fonseca foi chamado pelo alto-comando, deixou a saída do Forte sob o comando do tenente Siqueira Campos. Na véspera, o capitão Hermes da Fonseca reuniu a oficialidade, comunicou "o protesto que iam fazer, com risco da própria vida, mas só participaria quem quisesse". Muitos desistiram imediatamente, outros desistiriam depois, era um direito de cada um. Finalmente deixaram o Forte, fardados, com as espingardas voltadas para baixo.
Siqueira Campos pegou uma bandeira, partiu em 17 pedaços, distribuiu. Na porta do Forte, um civil com chapéu tipo Santos Dumont, perguntou o que iam fazer. Disseram, respondeu, "também vou". Siqueira Campos então deu a ele um pedaço da sua bandeira. Se chamava Otavio Corrêa, foi o primeiro a morrer.
Foram pela praia, brutal e cruelmente metralhados pelo que se chamava de "forças legalistas". Escaparam 3 ou 4, entre eles Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O tenente Eduardo Prado, muito ferido foi levado para o Hospital Central do Exército. O presidente Epitacio Pessoa, com Bernardes já eleito, mas que só tomaria posse em 15 de novembro, foi ao hospital. Parou na cama onde estava Eduardo Prado, e exclamou: "Tanta bravura por uma causa inglória". Imediatamente o tenente arrancou com violência os curativos do abdômen, morreu na frente de Epitacio. Este que tinha muitos defeitos, menos a covardia ou a falta de coragem, ficou horrorizado, saiu assombrado.
Esse 5 de Julho se reproduziria em 1924, é rigorosamente histórico, provocou enormes mudanças. Daí surgiria a "Coluna Prestes" que se completaria com a falsa Revolução de 30 e surgiria a ditadura de 15 anos, com o apoio de muitos desses militares.
Vargas era um ditador nato, traiu todos eles, mas alguns se deixaram "trair" com total satisfação. O então chefe do Governo Provisório foi mudando de nome, enganando a todos. Desde 1933/34 até o 10 de novembro de 1937. Era a ditadura verdadeira, que encerrou um período em 1945, outro em 1954, provocaria a renúncia de Jânio em 1961, a posse e a derrubada de Jango, o 1964, e os seus 21 anos de Poder.
PS - Noutro dia, em debate numa Universidade, me perguntaram, "quando começa o golpe de 1964?" Tranqüilamente, respondi: "Em 15 de novembro de 1889! Não estava exagerando.
Trib. da Imprensa, 5.6.08
Hoje, 86 anos do primeiro 5 de Julho
Parte importantíssima da história do Brasil
por Helio Fernandes
O 5 de julho de hoje, logicamente distante do 5 de julho de 1922 e de 1924, e inteiramente diferente. Esses dois 5 de julho, revelaram personagens que lutariam pelo Poder Revolucionário e progressista, e chegariam ao Poder em 1930, não mais Revolucionários nem progressistas. Mas dispostos a cumprir o conceito histórico: "Não há ninguém mais conservador do que um Revolucionário no Poder". Com a única exceção de Luiz Carlos Prestes, se apossaram de tudo, dominaram tudo, participaram de 1930, 1937, 1945, 1964, 1968, com uma resistência impressionante.
Esse 5 de Julho de 1922, teve a participação e a liderança de uma das mais importantes turmas saídas da Escola Militar, então em Realengo. O comandante do Forte de Copacabana, o capitão Hermes da Fonseca, liderava o que se chamou de "Os 18 do Forte". Liderava mas não participou, por jogadas do alto-comando do Exército.
Seu pai era o marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República, presidente do Clube Militar, e comandante-em-chefe do Exército. Naquela época o Exército era pequeno, mesmo tendo ocupado a presidência da República, continuava na ativa e havia esse título de comandante do Exército. Na madrugada de 5 de julho, pouco depois de 1 hora da manhã, dois coronéis foram à casa de Hermes da Fonseca para prendê-lo.
Foi acordado e ainda de pijama, e vendo os dois coronéis, disse imediatamente: "Só posso ser preso por um oficial de patente igual à minha". Foi um custo, mas finalmente encontraram o marechal Botafogo, da reserva, mas com a mesma patente. Depois de mais de 2 horas, levaram Botafogo à presença de Hermes da Fonseca, se abraçaram, Hermes declarou: "Com você eu vou". Eram da mesma turma".
Pela manhã, o capitão Hermes da Fonseca foi chamado pelo alto-comando, deixou a saída do Forte sob o comando do tenente Siqueira Campos. Na véspera, o capitão Hermes da Fonseca reuniu a oficialidade, comunicou "o protesto que iam fazer, com risco da própria vida, mas só participaria quem quisesse". Muitos desistiram imediatamente, outros desistiriam depois, era um direito de cada um. Finalmente deixaram o Forte, fardados, com as espingardas voltadas para baixo.
Siqueira Campos pegou uma bandeira, partiu em 17 pedaços, distribuiu. Na porta do Forte, um civil com chapéu tipo Santos Dumont, perguntou o que iam fazer. Disseram, respondeu, "também vou". Siqueira Campos então deu a ele um pedaço da sua bandeira. Se chamava Otavio Corrêa, foi o primeiro a morrer.
Foram pela praia, brutal e cruelmente metralhados pelo que se chamava de "forças legalistas". Escaparam 3 ou 4, entre eles Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O tenente Eduardo Prado, muito ferido foi levado para o Hospital Central do Exército. O presidente Epitacio Pessoa, com Bernardes já eleito, mas que só tomaria posse em 15 de novembro, foi ao hospital. Parou na cama onde estava Eduardo Prado, e exclamou: "Tanta bravura por uma causa inglória". Imediatamente o tenente arrancou com violência os curativos do abdômen, morreu na frente de Epitacio. Este que tinha muitos defeitos, menos a covardia ou a falta de coragem, ficou horrorizado, saiu assombrado.
Esse 5 de Julho se reproduziria em 1924, é rigorosamente histórico, provocou enormes mudanças. Daí surgiria a "Coluna Prestes" que se completaria com a falsa Revolução de 30 e surgiria a ditadura de 15 anos, com o apoio de muitos desses militares.
Vargas era um ditador nato, traiu todos eles, mas alguns se deixaram "trair" com total satisfação. O então chefe do Governo Provisório foi mudando de nome, enganando a todos. Desde 1933/34 até o 10 de novembro de 1937. Era a ditadura verdadeira, que encerrou um período em 1945, outro em 1954, provocaria a renúncia de Jânio em 1961, a posse e a derrubada de Jango, o 1964, e os seus 21 anos de Poder.
PS - Noutro dia, em debate numa Universidade, me perguntaram, "quando começa o golpe de 1964?" Tranqüilamente, respondi: "Em 15 de novembro de 1889! Não estava exagerando.
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