TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sábado, 20 de junho de 2009

Ensino a Distância, a opinião da Mary



20/06/2009
Tá lá no Tendências e Debates da Folha. Pró e contra EaD. Dois professores da USP e blá. Eu acho que é uma tendência e é irreversível. Vamos fazer uma reunião semana que vem. Minha chefe acha que não está funcionando, o nosso modelo. Porque tá presencial demais. Veja que eu não faço parte de um curso EaD. Eu dou uma disciplina dentro de um curso "normal". Presencial. O problema é que meu aluno não se adapta e procura muito. A leitura de gabarito, por exemplo. Que funciona em qualquer lugar do mundo. Vestibulares e concursos. Pra mim não funciona. Quando a máquina lê o gabarito, ela anula a resposta mal preenchida ou borrada. O meu aluno já sabe disso. Então ele pede pra verificar o gabarito. E eu que faço isso, artesanalmente. Tem uma crise de confiança mesmo, em relação à máquina. Não preciso dizer que eu passo semanas apenas recebendo aluno e conferindo gabarito. Por que não reclamam da FUVEST? Óbvio, né? Porque a impessoalidade impera. FUVEST não é ninguém. Minha chefe vai terceirizar totalmente a correção das provas, acho. É a única forma. Senão a gente não faz outra coisa. Eu tenho que gravar os vídeos da aula essa semana. E nem comecei a mexer no conteúdo ainda. Outra coisa que criticam é isso de professor conteudista e professor tutor. Que NÃO são a mesma pessoa. Na minha faculdade é. E acho bom. Por causa de salário mesmo. Covenhamos que ainda demora pro Brasil valorizar o conteudista etc. Uma prima minha também tá dando aula à distância. Numa das maiores faculdades de Ribeirão Preto. Lá também adotaram conteudista e tutor na mesma pessoa. A diferença crucial entre o meu modelo e o dela é quanto ao pagamento do conteúdo. Aqui faz parte das minhas funções e eu recebo no salário. Tantas horas pra atender aluno e montar conteúdo. Lá ela recebe por fora. Eles compram o conteúdo dela no começo de cada semestre. Mesmo que seja o mesmo. E então o salário é só pra tutoria. Também é isso. Uma matéria dentro do curso, não o curso inteiro. E ela tem pouco aluno, porque dá matéria específica. Eu dou uma matéria básica, daí esse mundo de gente. Ela super monitora as salas dela etc. Fórum de discussão funciona e blá. Os meus fóruns não funcionam. Imagina. Debater com 1500 pessoas. Não dá. Eu já abri fórum por curso. Um fórum só pra Pedagogia, outro só pra Enfermagem etc. Daí tenho que gerenciar 27 fóruns. É meio complicado, mas dá. Porque fóruns são meio que auto-geridos, eu acho. Só que o pessoal que dá consultoria não quer. Eles querem que os cursos não existam no espaço virtual. Abandone a noção de curso e concentre-se na noção de aluno, eles dizem. Outra coisa que eu nã consegui me adaptar, ainda, é com correção de prova dissertativa por amostragem. Que é sugestão dos especialistas também. Aí demoro um mês pra corrigir, né? Porque leio tudo. Ou acabo fazendo só múltipla escolha mesmo. Veja que são dois modelos. Um curso regular com uma matéria online (minha prima). Outro com uma matéria geral para todos os cursos (eu). Perceba que a massificação está mais do meu lado. Mas perceba que minha prima não se sustenta com isso. Ela ganha 4 horas semanais de tutoria. Que seria o mesmo se desse aula na classe. Eu não entendi ainda o que a faculdade dela ganha com isso. Se é só espaço na grade. Porque aí tem isso. Você coloca aula nas 5 noites da semana. E dá duas matérias online. Que não caberiam na grade, mas acabam cabendo. E o aluno se forma mais rápido. Um curso de 4 anos, cai pra 3 anos etc. Só que não é difícil imaginar que, daqui a pouco, os professores vão estar lotados de aula online. Porque eu conheço vários que tem 60 horas semanais. Não é nada incomum. E online? Que não tem limite. Imagina a loucura. Presencial tem o limite das 60 horas. O cara que dá aula comigo (tem um cara e uma mulher, além de mim). Então. Ele tem 70 horas semanais. É uma loucura. Claro que na USP essas questões não se colocam. Fica mais mesmo a discussão a respeito do que é fazer Universidade. Do que significa essa instituição. E estar dentro dela. Blá. Eu acho super pertinente essa discussão. Pelo menos pra mim. Fazer universidade é uma experiência que transcende a matéria dada. Em sala de aula ou via internet.

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Na verdade eu dou duas disciplinas por semestre. Então seriam 54 fóruns. Olha. é muito complicado de arredondar um esquema desses. Mas estamos aí. Fazendo, refazendo. Tentando coisas, desistindo de coisas. Etc.

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