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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ser ou não ser: essa não é a questão!

Do Blog do Professor Ozaí da Silva, sobre a Resolução do Conselho de Administração da Universidade Estadual de Maringá.



Conselho de Administração da UEMPosted: 03/08/2011 by Antonio Ozaí da Silva

in práxis docente
No Conselho de Administração da UEM (CAD/UEM) surgiu a proposta de aumentar a carga horária dos docentes que se dedicam exclusivamente à graduação. O artigo 3º da Resolução no. 41/2009-CAD, em vigor, afirma: “O docente efetivo em TIDE deve ministrar o mínimo de 272 horas/aula/ano e o máximo de 544 horas/aula/ano, das quais pelo menos 136 horas/aula/ano devem ser em nível de graduação.” Ou seja, no semestre o número mínimo – bem claro – de aulas atribuída aos docentes deve ser de 08 horas/aula. O novo texto, se aprovado, aumenta para 12 horas/aula semestrais: “O docente efetivo em TIDE deve ministrar o mínimo de 408 horas/aula/ano e o máximo de 680 horas/aula/ano.”[1]

Qual a real motivação que fundamenta a proposta? Quais os reais interesses que estimulam seus defensores? Como se gestou? Quem assume a paternidade? Certamente afetará a vida de centenas de docentes, com conseqüências para os discentes. Como isto chega à instância máxima sem discussão prévia entre os diretamente interessados e nos departamentos? Não é um desrespeito à autonomia departamental? É algo a ser tratado como mera formalidade, questão técnica, procedimento burocrático?

O CAD é composto por sete professores, Diretores dos Centros eleitos diretamente – mas por critérios que não respeitam nem mesmo a paridade, já que o voto docente vale 70%, enquanto os dos funcionários e discentes valem 15% cada[2] –, mais um representante dos servidores técnicos, um dos discentes, um representante da comunidade local e outro da comunidade regional. O reitor e vice-reitora também compõem o CAD, sendo que o reitor é o seu presidente.[3]

São, ao todo, treze representantes. Ainda que eleitos – e desconsiderando-se o caráter anti-democrático frisado acima – , é razoável supor que medidas como estas não sejam tomadas sem a discussão democrática entre os docentes, nos departamentos e entidades representativas e extensiva aos discentes e servidores técnicos – pois diz respeito à comunidade acadêmica.

É a própria estruturação da universidade e os critérios de representação que precisam ser debatidos. É preciso democratizar o CAD e outras instâncias da universidade. Numa instituição pública que se pretende democrática é necessário zelar pela transparência quanto ao que se passa em seus órgãos superiores. É preciso que os representantes tenham consciência de que o seu poder é delegado.

Os docentes se mobilizam. É lícito supor que a reitoria e os membros do CAD, em especial os Diretores dos Centros, escutem quem os colocaram na posição e status em que se encontram. Até porque devem ter projetos políticos e seria parvoíce fazer-se de moucos. Não obstante, é democrático que assumam a proposta. Precisam, então, responder às questões levantadas e outras…

Esta proposta institui uma fenda no corpo docente. Se não tivermos a devida atenção e cuidado, nos dividirá de forma inamistosa entre graduação e a pós-graduação. A quem interessa insuflar a hostilidade entre nós? Por acaso a dedicação à graduação ou à pós-graduação é a questão central? E se isto for uma estratégia política para desviar nossa atenção dos aspectos centrais encobertos sobre a névoa dos mistérios inacessíveis aos que não transitam pelos caminhos do poder burocrático? No entanto, devemos admitir que muitas das questões que envolvem a graduação e a pós-graduação precisam ser debatidas de maneira pública e democrática.


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[1] Fonte: Informativo SESDUEM-SN, 07.07.2011.

[2] Sugiro a leitura de “A Universidade é democrática?!”, disponível em http://antoniozai.wordpress.com/2008/11/15/a-universidade-e-democratica/; e, “A universidade pública é democrática?! (2)”, disponível em http://antoniozai.wordpress.com/2010/05/29/a-universidade-publica-e-democratica-2/

[3] Estatuto da Universidade Estadual de Maringá, p. 9-10, disponível em http://www.pen.uem.br/html/pen/legislacao//estatuto_uem.pdf, acesso em 02.08.2011.

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SEG disse:
08/08/2011 às 9:00
TEMPOS MEDIEVAIS RETORNAM À UEM HOJE,DEMONSTRANDO NITIDAMENTE A PRÁTICA DE FORMAÇÂO DE CASTAS QUE DEITA SUAS RAíZES NO SOLO PRIVADO EM QUE NASCEU A UEM.SERIA IMPORTANTE NÂO ESQUECER ESSA MARCA EM NOSSAS DISCUSSÕES.
O QUE O CAD DEMONSTRA É O PROFUNDO DESCONHECIMENTO DO QUE É SER PROFESSOR EM UMA UNIVERSIDADE.ALÉM DE SUA SUBMISSÃO A INTERESSES ESPÚRIOS INTRA E EXTRA MUROS.

Responder

RL disse:
03/08/2011 às 19:33
PRIMEIRO: concordo com os termos do autor do texto, Ozai.
SEGUNDO: reforço e transcrevo um comentário:
“as vezes um professor é até qualificado para dar aula na pós, mas é excluído pelo resto dos membros do corpo do curso. Não bastasse isso há um problema das próprias pós da UEM de se concentrar em pouquíssimas linhas (ok eu sei que isso é exigência da capes para criar centro de excelência e manter a nota alta também), mas isso impede que alguns professores possam orientar alunos devido à obvia incompatibilidade dele com o que é estudado” (João Vicente Nascimento Lins). É isso mesmo. Onde está escrito “as vezes”, deveria ser “muitas vezes”.

TERCEIRO: Quando a reitoria anterior deu um golpe, passando por cima do Conselho Direitor, e colocou um de seus agentes como diretor do CAP, por que estes mesmo que hoje estão contra o estilo anti-democrático do CAD não se indignaram contra a Reitoria (ou vice-reitor da época)?
Pensem….pensem…façam autocritica….

Responder

XXX disse:
03/08/2011 às 16:39
É o REUNI chegando a UEM

Responder

YYYY disse:
03/08/2011 às 12:24

Segue o rolo compressor do produtivismo acadêmico!
Há soluços…
Há solução?

Com a palavra a luta de classes…

Responder

WWWWW disse:


03/08/2011 às 10:02
Esse assunto explicita como nenhum outro o caráter aristocrático que tem nossas universidades públicas no Brasil. Quem manda na estrutura toda da Universidade são apenas os professores doutores com inserção política que ocupam conselhos, departamentos e coisas do tipo, obviamente a fazer isso ele precisa diminuir um pouco suas aulas e atividades acadêmicas extra aulas. Como não bastasse o poder ser concentrado na mão de poucos, há sempre a velha questão de a universidade se organizar em torno dos padrões exigidos por órgãos externos anâlagos às condições locais da universidade, esses órgãos externos estão algumas vezes alienados até das questões do país todo, mas isso é outro papo. Não bastasse tudo isso que já foi dito não custa nada lembrar que mesmo quando falamos dos professores falamos de seres humanos com virtudes e defeitos, esses defeitos muitas vezes ligados à questões de ego, dito isso, as vezes um professor é até qualificado para dar aula na pós, mas é excluído pelo resto dos membros do corpo do curso. Não bastasse isso há um problema das próprias pós da UEM de se concentrar em pouquíssimas linhas (ok eu sei que isso é exigência da capes para criar centro de excelência e manter a nota alta também), mas isso impede que alguns professores possam orientar alunos devido à obvia incompatibilidade dele com o que é estudado.
Isso é apenas algumas questões relacionadas a esse ponto. O ideal mesmo seria ou a contratação de mais professores para auxiliar os corpos docentes atuais, ou mesmo pensando de modo mais utópico (mas na minha humilde opinião a unica solução) repensarmos o papel da universidade e da produção científica atualmente, mudando seu caráter totalmente burguês, e fazendo dela um instrumento de emancipação humana, mas daí acho que talvez seja pensar demais né?

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