Hoje, no departamento em que trabalho precisei de um jornal usado. Havia uma pilha de jornais do Diário (não sei se a Universidade Estadual de Maringá assina para todos os departamentos da instituição ou se é cortesia da empresa) e peguei um do dia 31 de agosto, quarta-feira. Na página A7 li a seção de um jornalista, irmão de um dos Pró-reitores da UEM. Elogios a parte ao reitor (dá para entender o porquê), comento a conversa do jornalista.
Lá vai:
- o jornalista afirma que a morosidade no setor público para obter recursos vem da prudência e do controle que o público tem que ter desses dinheiro. CERTO? Sim e não. Na ocupação ( e não invasão como afirma o jornalista) da reitoria pelos estudantes, estes não estavam questionando essa prudência e controle dos recursos, mas o silêncio da administração e a lerdeza em questionar o governo do PSDB quanto ao corte dos 38% dos recursos necessários para terminar alguns blocos e fazer outros como ampliar restaurante, fazer restaurantes em outros Campi, fazer banheiros para a psicologia etc. Promessa de campanha do atual reitor. Há que se ter controle dos recursos financeiros que entram na UEM? CLARO, importantíssimo esse controle. Necesssário. Tanto que se não houver esse controle ou alguém fizer vistas grossas a qualquer problema, ou cegueira administrativa, o Ministério Público deve ser acionado.
- é preciso dinheiro novo, afirma o jornalista. Óbvio que sim. O reitor anterior, do mesmo grupo político do atual, sabia disso e deveria ter feito um planejamento antes de abrir todos os novos cursos da UEM. Não podemos criar cursos, ter mais filhos se a família não terá mais salário. Com o Requião tudo ia bem. Havia uma linha direta entre governo federal, estadual e as instituições estaduais. Mas, governos mudam. Planejamentos políticos devem ser feitos para isso.
- fazia dez anos que não víamos, na UEM, movimento estudantil (ou de outros setores). Graças a todos os deuses, a juventude não tem a velocidade dos adultos (andam com menos passos do que a tartaruga). Os jovens que esperam são os que mais envelhecem, ficam com cérebros obesos. Elogios à força dos jovens. Nós, adultos, ficamos para trás. Nós, os mais velhos queremos conta no banco, carros, casas, currículos cheios e cositas más antes da aposentadoria , de preferência cargos com função gratificada para depois cair na vala da Previdência brasileira com remédios para artrose, viagra, antidepressivos até cair na tumba para onde todos, felizmente, vamos. É a tal da igualdade social: na vala.
- o jornalista fala dos partidos de esquerda radicais (não vou por aspas porque as detesto) que estiveram no movimento dos alunos. Não fala dos dois mil estudantes, talvez mais de três mil que estavam na reitoria e não estão nesses partidos. Não fala dos dois partidos de ex-querda ou esquerda, o PT e o Partido Comunista do Brasil, o famoso PC do B do Aldo Rebelo, que compõem a assessoria do reitor. Diz o jornalista do Diário que esses partidos aproveitaram do movimento para as eleições municipais do ano que vem. Ora, ora, o PT e o PC do B ficaram com medo? Ciúmes? Eles também vão participar, mas na condição de quem está no poder e apareceram como dois partidos pelegos. E como tais podem perder voto. Mais: o PT e o PC do B, certamente estão na reitoria atual gestando um futuro reitor. Vi dois potenciais candidatos a reitor contra o movimento dos estudantes. Um pró-reitor e um assessor. Empate político, então. Não sejamos ingênuos. A ingenuidade é uma forma de insanidade. Todo mundo corre nesse curral das eleições. Eu mesma fui chamada de APARECIDA no movimento por uma colega aliada da administração, aliada do grupo que vai gestar o futuro reitor. Tem medo que eu me candidate a reitora? Infelizmente ninguém pensa na administração, na pedagogia e no real controle dos recursos. Pensa-se em quem vai manter a poder. Eu estou pensando em me aposentar e ir embora da cidade linda que é a Má-ringa, mas a mais conservadora que conheci. Talvez eu até fique, tenho uma proposta de apertamento sem muitos gastos no cemitério.
- o jornalista fechou os olhos e os ouvidos para muitos problemas que temos na UEM. Certamente soube do segurança C. que deu choque em uma aluno, o Danilo. Esse segurança - não é de hoje - ostenta essa conduta ilegal e desleal com a administração. Mostrou uma face da Universidade em que vemos pouco controle. Sabe o jornalista dos roubos de centenas de computadores, DVDs sem arrombamento nas salas de professores e de aulas. Foram feitos boletim de ocorrência desses roubos? Não sei. Comenta-se muito desses roubos. Quem os fez? Ninguém sabe, ninguém viu e .... controle e prudência que é bom, não sei.
- e, para minha decepção, o jornalista fala em fofoca de cantina blá blá. Joga os estudantes na vala dos fofoqueiros irresponsáveis. Não vale fazer esse jogo. É feio. É fofoca também. Dê os nomes, dê os fatos. Clareza. Obscuridade não! Joga a coisas e deixa o vento levar, que feio!
Um esclarecimento eu gostaria de ter: a UEM ganha o jornal o Diário por cortesia a cada departamento ou compra o Diário? Nós, da comunidade devemos também democraticamente obter essa informação. E escolher que jornal queremos ler. Que opinião queremos ler. Opinião e não blá blá.
Um comentário:
Olá Professora Marta,
Fiquei curioso e feliz ao ver as obras na nossa universidade, sempre achei que alguns departamentos estavam lotados em blocos totalmente fora de mão. Novos blocos para melhora de organização e logistica. Excelente! No entanto a duvida da origem do dinheiro me veio somente quando veio a noticia do corte de gastos do governo e consequente paralisação de algumas obras e adiamento de outras. Fico pensando comigo se mesmo com a mudança de governo os investimentos não deveriam ser mantidos, não como uma forma de manter uma promessa eleitoral, mas tendo em vista a real necessidade da universidade, independentemente de quem está no gabinete da reitoria. Não é de bom senso ao menos terminar as obras começadas? Será que este governo não tem capacidade de planejar (ou seguir o planejamento do anterior) ou o anterior planejava tirar dinheiro da cloaca social?
Sobre as manifestações, concordo que se deva exigir (EXIGIR!) melhorias no RU, principalmente com a abertura de novos cursos que aumentou bastante a demanda, mas talvez as cabeças da manifestação também estivessem interessados em politicagem e, não todos, mas a maioria da massa só engrossavam o caldo sem saber realmente pelo que gritar (ou por quem estavam gritando). Entendo também que dissociar politica deste tipo de manifestação não daria pra fazer somente destilando, mas deveria ser feito de maneira mais 'limpa'.
E sobre a imprensa, local ou não, prefiro não comentar. Depois que não se exige mais o diploma de jornalismo para exercer a profissão fiquei cético em relação ao jornalismo imparcial. Está virando um "falo mesmo, doa a quem doer, e nem sei sobre o que estou falando".
Devemos questionar mais...
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