TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

domingo, 9 de março de 2008

Ninguém acredita no Brasiu!

Charge de Millor (Deus deprimido)
Na Espanha
Por CLÓVIS ROSSI, ENVIADO ESPECIAL A MADRI, Folha de São Paulo (leia mais, para assinantes da UOL)

A manicure brasileira Eliane (sobrenome preservado a pedido) cobra 15 euros (quase R$ 39) para fazer mãos e pés, trabalha em geral da manhã à noite sem parar, sem fim de semana, carregando para um lado a outro de Madri sua pesada maleta com os utensílios.Um dado dia, uma de suas clientes lhe perguntou: "Vale a pena continuar por aqui?"Ela respondeu: "Vale, porque não quero morrer em uma maca num corredor de hospital. Aqui não corro esse risco".
A resposta dela vale por todo um compêndio a respeito da emigração de brasileiros, não só para a Espanha, mas para incontáveis países do mundo.Confirma Duval Fernandes, professor do programa de pós-graduação em geografia da PUC de Minas Gerais, após entrevistar 404 brasileiros na capital espanhola, entre março e julho de 2007, para uma pesquisa ainda a ser publicada:"A mais alegada razão para emigrar foi a busca por melhores condições de vida".No caso da Espanha, onde há hoje eleições, não dá para dizer quem ganhará, mas já é possível saber quem perde: brasileiros com intenções de emigrar.Se ganhar o candidato da oposição, Mariano Rajoy (do conservador Partido Popular), valerá uma frase que se tornou um dos "hits" da campanha, no quesito imigração: "No cabemos todos" (espanhóis e imigrantes).
Se for reeleito o presidente do governo, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, na melhor das hipóteses se manterá a situação atual, cheia de obstáculos. Na pior, mais repatriações: "Sempre que tivermos ilegais, vamos repatriá-los", disse ao jornal "El País".
Claro que tanto Zapatero como Rajoy estão falando de imigrantes ilegais -caso de Eliane. Mas também para os que podem obter a legalização (com contrato de trabalho), as perspectivas não são brilhantes.Na maioria dos casos, os brasileiros que vêm para Madri trabalham na construção civil.Acontece que o estouro da bolha imobiliária que fora o motor do crescimento espanhol nos últimos anos levou a uma crise no setor. As grandes imobiliárias construirão 72% menos apartamentos do que no ano passado, com o que cerca de 1,1 milhão de trabalhadores não encontrarão emprego."Justo agora que eu estava começando a me estabilizar", lamenta Mário Luiz dos Santos, ainda empregado, feliz mesmo ganhando menos do que a média de 1.100 euros (R$ 2.800) que o pesquisador da PUC-MG constatou em suas entrevistas.Os R$ 2.800 parecem uma fortuna em se considerando o nível dos salários no Brasil. Mas é pouco na Espanha.Se é pouco ou muito, não importa. Vale mais a perspectiva de um hospital (público) em que não se corra o risco de morrer em uma maca no corredor, como diz a manicure Eliane.
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Quando ouviu da manicure Eliane sua teoria a respeito das vantagens de não morrer num corredor de hospital, Malu Ayala entendeu no ato.Ela também foi levada a Madri por motivos de saúde, não dela, mas da mãe. Mas teve um segundo e poderoso motivo para fazer o percurso inverso ao dos pais, espanhóis que se instalaram no Brasil em 1956.
"Fernando Collor me pôs para fora", diz Malu, 51. É uma alusão ao Plano Collor, que arruinou muita gente, inclusive Malu, que, dos 37 empregados que chegou a ter em sua firma de decoração, acabou ficando com apenas três.
Em 1991, consumou a volta. Estava gastando o equivalente a US$ 1.000 com o tratamento da mãe, que sofria de esclerodermia, uma enfermidade pouco comum dos tecidos. "Na Espanha, o custo é zero", conta

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