O ex-presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma viagem de trabalho à Sibéria, em 25 de fevereiro. Ele atravessou a região de Karatash, vizinho à cidade de Abakan, na Sibéria centro-meridional, a 4.400 quilômetros de Moscou.
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Texto belíssimo de Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba
Não. É só mais um fascista-palhaço com uma melancia pendurada no pescoço, narcisista bocó travestido de Dersu Uzala à cavalo, com a diferença de que, enquanto o original é um salva-vidas das estepes, a cópia é um tira-vidas de quem lhe cruza o caminho, de quem lhe barra o gozo do poder sem limites. Pobre Rússia, amada Rússia. Que uma revolução feita em nome da mudança tenha legado um chefe medíocre de serviço secreto como presidente perpétuo, que triste destino. Lembra a patética Cuba, onde um cadáver insepulto continua matando em nome do ideal. Certa vez, em seu melhor momento, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, convidou Putin para um passeio de barco junto de seu pai, para um encontro diferente, uma espécie de memento mori, um “lembra-te que não és o que pensa que és” ao estilo texano. Ora, passado alguns meses disso, o lobo das estepes invadiu a Geórgia como resposta, “eu não”. O problema dos fascistas é justamente esse: eles se acham especiais, diferentes, acima da ralé. Daí suas façanhas imbecis, seus gestos assassinos, sua paixão pela tortura e humilhação. A melancia pendurada no pescoço é a cabeça e a alma de todo um povo subjugado, controlado, vigiado. Na fotografia, é o cavalo do titereiro. A isso foi reduzida a alma russa: a um cavalo de tração, a um cavalo de carga, a um cavalo cansado. Almas mortas.
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