TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 16 de março de 2010

No Maranhão ...

Do Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba
Embaixo da ponte inacabada sobre o Rio Formiga, em Paulino Neves, Maranhão. Fotografia de Celso Junior in O Estado de São Paulo, 14/3/2010.

O repórter Marcelo de Moraes foi até Paulino Neves, no Maranhão profundo, e trouxe uma saborosa história no Estadão de ontem. Trata-se da ponte sobre o Rio Formiga, na cidade de Paulino Neves, que liga o nada com coisa nenhuma, o símbolo das obras inacabadas e do dinheiro público desviado. Pois bem. Lá no meio desse lugar comum, cheio de gente sentada à beira do caminho reclamando do governo, dos políticos, do destino, ele encontrou um homem pelo avesso. Trata-se do professor de matemática e de filosofia Camilo Reis. Esse homem não está à espera da conclusão da ponte, esse homem não está paralisado pelos não acontecimentos, esse homem não foi chorar debaixo da cama, esse homem, em suma, é único. Ele fez a travessia do clichê. Ao se deparar com uma ponte que não é ponte em meio às trevas da região, ele inventou de colocar uma mesa de sinuca debaixo do concreto armado. Sensacional! Se é proibido ou não é, se vai dar alguma coisa ou não, se é loucura ou acerto, fica para depois. E aí, sem nada esperar, caminhando nesse terreno minado, eis que o professor recebe uma graça. Chega ao município, com quinhentos anos de atraso, o Programa Luz para Todos do governo federal. E aí, com luz, esse homem levantou um pequeno bar e instalou lâmpadas, ligou uma geladeira e algumas caixas de som. Tudo isso debaixo desse telhado que não é de zinco, mas que permite, à noite, pisar nas estrelas. Sem querer ser exemplo para ninguém, lá vai esse caminhante oferecer cerveja a 3,50 a unidade. Como? Nada a reclamar. Se com a matemática e com a filosofia, vai assim assim, com a sinuca e a cervejinha, quiçá dará para passear por aí ou, nas palavras do próprio professor, “de vez em quando, de noite, o pessoal vem para cá se divertir, beber um pouco, escutar uma música ou nadar no rio”. É isso.

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