Do Blog do Josias
Estamos no município de Juína, nos fundões de Mato Grosso. Num dia, 20 de agosto de 2007, em que há ali uma novidade: a presença de nove forasteiros. São ativistas do Greenpeace e ambientalistas da Opan (Operação Amazônia Nativa), além de dois jornalistas franceses.
Vieram atraídos pelo zunzunzum surgido de um conflito entre produtores rurais e índios. Coisa típica: os fazendeiros expandem as fronteiras dos seus negócios. E os nativos, no caso os da tribo dos Enawene Nawe, reivindicam a demarcação de terras que julgam ser de sua propriedade. Ativistas, ambientalistas e jornalistas abalaram-se até o confundó a convite dos índios. Foram registrar a encrenca.
O grupo chegara a Juína na véspera, a bordo de um bimotor. Hospedara-se num hotel da cidade. Os fazendeiros não tardaram a dar as caras. Gente forte e volumosa. Perguntaram-lhes que diabos estavam fazendo ali. Informados sobre os objetivos da expedição, mobilizaram os poderes Legislativo e Executivo.
Os “intrusos” foram, digamos, conduzidos à Câmara Municipal. O presidente da Casa, vereador Francisco Pedroso (DEM), convocou uma sessão extraordinária. Chamou o prefeito de Juína, Hilton Campos (PR, ex-PL). Presentes, também, cerca de cinco dezenas de fazendeiros, muitos curiosos e poucos policiais.
Seguiu-se um bololô que durou seis horas. Sem meias palavras, os visitantes foram informados, sob aplausos da platéia, de algo que já suspeitavam: não eram bem-vindos. Mais: não poderiam se embrenhar na mata, atrás dos índios. Pior: seria muito recomendável que deixassem a cidade.
Ficou entendido que, em Juína, esse naco escondido do Brasil, a Constituição brasileira não vale. Ali, os poderes político e econômico prevalecem sobre o direito de ir e vir e a liberdade de imprensa. Clarificadas as coisas, os forasteiros foram devolvidos ao hotel. Vigiaram-nos durante toda a noite. De manhã, sob escolta de viaturas policiais e de caminhonetes apinhadas de fazendeiras, viram-se forçados a tomar chá de sumiço. Antes de se escafeder, só tiveram tempo de avisar aos índios que os aguardavam acerca do cancelamento da missão.
Já em Cuiabá, a salvo do cerco e das ameaças, os banidos de Juína comunicaram o ocorrido ao governador Blairo Maggi e ao procurador da República Mário Lúcio Avelar. Que concluir dessa história? Melhor não concluir, por ora, coisa nenhuma. Aguarde-se pelas providências do governador e do procurador. É justo que se lhes dê alguns dias, para que demonstrem que Juína também está submetida às leis do Brasil.
Enquanto você aguarda por um desfecho do caso, não deixe de assistir, de preferência sentando, ao vídeo lá do alto. Tem 12 minutos e 11 segundos. Mostra as cenas desse país do vale-tudo, onde os direitos individuais foram revogados
Vieram atraídos pelo zunzunzum surgido de um conflito entre produtores rurais e índios. Coisa típica: os fazendeiros expandem as fronteiras dos seus negócios. E os nativos, no caso os da tribo dos Enawene Nawe, reivindicam a demarcação de terras que julgam ser de sua propriedade. Ativistas, ambientalistas e jornalistas abalaram-se até o confundó a convite dos índios. Foram registrar a encrenca.
O grupo chegara a Juína na véspera, a bordo de um bimotor. Hospedara-se num hotel da cidade. Os fazendeiros não tardaram a dar as caras. Gente forte e volumosa. Perguntaram-lhes que diabos estavam fazendo ali. Informados sobre os objetivos da expedição, mobilizaram os poderes Legislativo e Executivo.
Os “intrusos” foram, digamos, conduzidos à Câmara Municipal. O presidente da Casa, vereador Francisco Pedroso (DEM), convocou uma sessão extraordinária. Chamou o prefeito de Juína, Hilton Campos (PR, ex-PL). Presentes, também, cerca de cinco dezenas de fazendeiros, muitos curiosos e poucos policiais.
Seguiu-se um bololô que durou seis horas. Sem meias palavras, os visitantes foram informados, sob aplausos da platéia, de algo que já suspeitavam: não eram bem-vindos. Mais: não poderiam se embrenhar na mata, atrás dos índios. Pior: seria muito recomendável que deixassem a cidade.
Ficou entendido que, em Juína, esse naco escondido do Brasil, a Constituição brasileira não vale. Ali, os poderes político e econômico prevalecem sobre o direito de ir e vir e a liberdade de imprensa. Clarificadas as coisas, os forasteiros foram devolvidos ao hotel. Vigiaram-nos durante toda a noite. De manhã, sob escolta de viaturas policiais e de caminhonetes apinhadas de fazendeiras, viram-se forçados a tomar chá de sumiço. Antes de se escafeder, só tiveram tempo de avisar aos índios que os aguardavam acerca do cancelamento da missão.
Já em Cuiabá, a salvo do cerco e das ameaças, os banidos de Juína comunicaram o ocorrido ao governador Blairo Maggi e ao procurador da República Mário Lúcio Avelar. Que concluir dessa história? Melhor não concluir, por ora, coisa nenhuma. Aguarde-se pelas providências do governador e do procurador. É justo que se lhes dê alguns dias, para que demonstrem que Juína também está submetida às leis do Brasil.
Enquanto você aguarda por um desfecho do caso, não deixe de assistir, de preferência sentando, ao vídeo lá do alto. Tem 12 minutos e 11 segundos. Mostra as cenas desse país do vale-tudo, onde os direitos individuais foram revogados
Nenhum comentário:
Postar um comentário