TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Cer-rado ou não cer-rado: eis a questão




O leitor Roberto Mello fez uma longa explicação sobre desmatamento na Amazônia, sobre o cerrado em Mato Grosso. Convida-me para conhecer o Mato Grosso. Agradeço. Conheço o Mato Grosso desde 1983 quando estive lá pela primeira vez. Conheço Manaus e um pouco do Rio Negro. DISCORDO do Roberto sobre o cerrado. Sou bióloga de primeira formação e conheço um pouco do cerrado (no estado de São Paulo) e um pouco em Brasília. Não sou expert em cerrados, mas uma vez bióloga...
Tenho visto em minhas pesquisas em educação ambiental que elaboramos uma representação social de natureza como objeto físico. Explico-me: nós vemos a natureza do ponto de vista de objetos estáticos. Não vemos a natureza como processo. Ela é um grande objeto parado, que se recompõe eternamente. No caso do cerrado, creio que o vemos como um sub-pedaço da natureza, pois não vemos um "esbanjamento" do verde como na Amazônia. No entanto, o cerrado é muito rico em diversidade. Apresenta 7.000 espécies animais entre anfíbios, reptéis, aves e insetos. É muito. Em Brasília, no Museu do cerrado, vemos inúmeras espécies de insetos e suas lagartas cor-de - rosa, vermelhas.... Um arco-iris de espécies!
Reporto-me ao que trouxe do www.portalbrasil.net/cerrado_vegetacao.htm - 19k
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O cerrado mostra uma estética diferente, tortuosa, bonita. De um modo geral, temos dois tipos de vegetação: o estrato lenhoso, constituído por árvores e arbustos, e o estrato herbáceo, formado por ervas e subarbustos. Ambos são curiosamente heliófilos. Ao contrário do caso de uma floresta, o estrato herbáceo não é formado por espécies de sombra, umbrófilas, dependentes do estrato lenhoso. O sombreamento lhe faz mal, prejudica seu crescimento e desenvolvimento. O adensamento da vegetação lenhosa acaba por eliminar em grande parte o estrato herbáceo. Por assim dizer, estes dois estratos se antagonizam. Por esta razão entendemos que as formas intermediárias de Cerrado - campo sujo, campo cerrado e cerrado s.s. - representem verdadeiros ecótonos, onde a vegetação herbácea/subarbustiva e a vegetação arbórea/arbustiva estão em intensa competição, procurando, cada qual, ocupar aquele espaço de forma independente, individual. Aqueles dois estratos não comporiam comunidades harmoniosas e integradas, como nas florestas, mas representariam duas comunidades antagônicas, concorrentes. Tudo aquilo que beneficiar a uma delas, prejudicará, indiretamente, à outra e vice-versa. Elas diferem entre si não só pelo seu espectro biológico, mas também pelas suas floras, pela profundidade de suas raízes e forma de exploração do solo, pelo seu comportamento em relação à seca, ao fogo, etc., enfim, por toda a sua ecologia. Toda a gama de formas fisionômicas intermediárias parece-nos expressar exatamente o balanço atual da concorrência entre aqueles dois estratos.
Troncos e ramos tortuosos, súber espesso são características da vegetação arbórea e arbustiva, que impressionam o observador. O sistema subterrâneo, dotado de longas raízes pivotantes, permite a estas plantas atingir 10, 15 ou mais metros de profundidade, abastecendo-se de água em camadas permanentemente úmidas do solo, até mesmo na época seca (o que mantém a terra firme, sem erosão). Já a vegetação herbácea e subarbustiva, formada também por espécies predominantemente perenes, possui órgãos subterrâneos de resistência, como bulbos, xilopódios, sóboles, etc., que lhes garantem sobreviver à seca e ao fogo. Suas raízes são geralmente superficiais, indo até pouco mais de 30 cm. Os ramos aéreos são anuais, secando e morrendo durante a estação seca. Formam-se, então 4, 5, 6 ou mais toneladas de palha por ha/ano, um combustível que facilmente se inflama, favorecendo assim a ocorrência e a propagação das queimadas nos Cerrados. Neste estrato as folhas são geralmente micrófilas e seu escleromorfismo é menos acentuado.
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Então, o cerrado possui plantas que mantêm o solo sem erosão, conseguem sobreviver sem muita água e dão "guarida" para 7.000 espécies de animais. É POUCO? Não, não é mesmo. Ainda assim, os analfabetos ecológicos deixaram apenas 2,2% de área do cerrado em 200 milhões de hectares! Plantaram soja para fazer ração para cães. No capitalismo nada pode ser diferente. É a lógica do Kapital. Mas, não sou obrigada a concordar com ela.
Ver a tese sobre cerrado:
[PDF]
A conservação do Cerrado brasileiro
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat - Ver em HTML do Brasil. O caso do bioma Cerrado. Tese de Doutorado,. Universidade de Brasília, Brasília. .... vas de perda da área do Cerrado brasileiro. Conservation ...www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Texto_Adicional_ConservacaoID-xNOKMLsupY.pdf - Páginas Semelhantes

Um comentário:

Anônimo disse...

"No capitalismo nada pode ser diferente"
Licença para discordar. Sou pelo capitalismo, penso exatamente como a senhora e dou nota 10 ao seu belo texto.
Vejo diariamente notícias de socialistas que fazem exatamente o contrário do que a senhora prega. Até vacas de pesquisa científica da Embrapa, matam para fazer churrasco. Não é questão de ideologia política. É questão de lógica, bom senso, educação, honestidade, humanitária...
Abraços.

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