TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pronunciando...

Imagem: Ademir Martins
PROBLEMAS DE PRONÚNCIA
José Augusto Carvalho, Professor Dr da Universidade Federal do Espírito santo
1. Xérox/xerox – O Aurélio registra “xérox” de preferência a “xerox”, mas o Houaiss registra a forma oxítona em primeiro lugar, remetendo o consulente à forma paralela com acento tônico no E. O Houaiss, a meu ver, tem razão: a pronúncia mais adequada deve ser “xerox” e não “xérox”, embora ambas as pronúncias sejam aceitáveis. As palavras mais antigas na língua, terminadas por x, são paroxítonas, como tórax, fênix, cóccix, hálux, por exemplo. Mas as que se incorporaram mais recentemente ao nosso léxico são todas oxítonas: inox, botox, durex, eucatex, entre outras, referentes a produtos ou marcas industriais, exatamente como “xerox”. Portanto a pronúncia preferível, dentro das normas da língua, é “xerox” e não “xérox”. Argumentar que em inglês a palavra é paroxítona (pronuncia-se, aproximadamente, como “zírocs”), para justificar a pronúncia “xérox”, é mostrar desconhecimento do fato de que não é raro o hiperbibasmo, isto é, a deslocação do acento tônico, na passagem de uma palavra de uma língua para outra. “Futebol” é oxítono em português, mas é paroxítono (por só ter duas sílabas), em inglês (Foot ball) e em espanhol (fútbol), exatamente como “xerox”, que é paroxítono em inglês. O inverso também é verdadeiro: palavras de origem latina também mudam o acento tônico ao serem transpostas para o inglês. Assim, o inglês “garden” é vocábulo paroxítono que se origina do romance *gardino (com pronúncia forte no i), por intermédio do francês (embora a protoforma seja possivelmente germânica), em que a pronúncia é oxítona: jardin. Quanto ao gênero, a palavra “xerox” é masculina. Dizer que ela deva ser feminina porque subentende a palavra “cópia”, é dizer que “pirex” deve ser feminino, quando subentende a palavra “travessa”; ou masculino, quando subentende a palavra “prato”. Na verdade, em “cópia xerox”, “xerox” não é adjetivo, mas um aposto especificativo. Portanto “xerox” é masculino, mesmo que se pretenda subentender a palavra “cópia”, como “durex”, que é sempre masculino, ainda que se queira subentender a palavra “fita”.
2. A pronúncia de “subsídio” – Nas palavras em cuja grafia há uma consoante seguida de S, esse S tem sempre o som de C, como em farsa, falso, canso, lapso, subserviente, subsecretário, subsídio, subsistência, etc. A única exceção é “obséquio” (e derivados), em que o S tem o som de Z, por questões etimológicas. O francês “obsèques” , no plural, tem o sentido de “serviço fúnebre”. Origina-se de “obsequiae”, plural neutro de “obsequium” (serviço), do verbo “obsequi” (ceder a, obedecer), composto de “sequi” (seguir). Em português, como em francês, houve confusão com a forma latina “exsequiae” (funerais, pompa fúnebre, obséquios). Ainda hoje, em francês, “obsèques” tem o sentido de “exéquias” (préstito fúnebre). A pronúncia de “obséquio”, em que o S soa Z, se deve, portanto, a um cruzamento com “exéquias”. Portanto, embora perceptíveis entre pessoas de boa escolaridade, as pronúncias “subzídio” ou “subzistência”, para “subsídio” e “subsistência”, são condenadas pelos gramáticos e dicionaristas e devem ser evitadas.
3. O plural de “troco” – Normalmente, quando temos uma palavra paroxítona do gênero masculino em que a vogal tônica é um O, devemos procurar uma palavra feminina formalmente equivalente: se esse feminino tem a vogal tônica aberta, há grande probabilidade de a vogal também ser aberta no plural; se esse feminino tem a vogal tônica fechada, possivelmente a vogal no plural também será fechada. Assim, têm o plural com a vogal fechada os seguintes vocábulos: bolso (uma bolsa), moço (moça), etc. Têm a vogal aberta no plural as seguintes palavras: posto (uma posta), troco (uma troca), ovo (uma ova), porto (uma porta), etc. Normalmente, se não há um feminino formal equivalente, a palavra tem a vogal aberta no plural: socorro, tijolo, etc. Em caso de dúvida, no entanto, o melhor é consultar o único dicionário do gênero, feito por um capixaba: Vocabulário ortoépico do “E” e “O” tônicos inacentuados, de Carlos Laet de Oliveira, Vitória: Edição do Autor, 2002. Afinal, não estamos dando aqui uma regra do português, mas uma “dica” que talvez possa ser útil...

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