TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

USP São Paulo

Da Mary
Não é uma sugestão. Porque eu sei que excesso de diálogo assusta as pessoas. Mas eu estudei na Universidade Federal de São Carlos. Para alguns, não existe outra que seja tão vanguarda. Para mim, certamente não há. Pois havia um Restaurante Universitário por lá. E a refeição era grátis. E um dia quiseram cobrar. E o DCE ficou puto. E todo o movimento estudantil ficou puto. E o Susto* ficou mais puto que todo mundo. Porque ele era *o* revolucionário. Eu vivia dando pro Susto. Por que, né? Eu sabia que nunca mais comeria um comunista de fato, quando saísse da UFSCar. E então foi todo mundo pro Restaurante, seguindo o Susto. Puto. Chegando lá, havia uma caixa registradora no corredor que dava pra entrada do Restaurante. Quando o pessoal foi se aproximando, eles FECHARAM a porta de vidro do Restaurante. E ficou todo mundo no corredor. O Susto não teve dúvidas. Pegou a caixa registradora, símbolo da nossa opressão, e tacou na porta de vidro. Que espatifou. E o Restaurante era nosso de novo etc. Ok. Depredou o patrimônio público. E a Reitoria abriu um processo para jubilá-lo. Ele e outros vândalos. A comunidade universitária se dividiu. Se mobilizou. Se apaixonou. Etc. Mezzo mozzarela. Mezzo calabresa. Como quase sempre. E então chegou o dia. E o reitor tomou uma decisão e tanto. Ele fez uma audiência aberta. Com pinta de assembléia. No anfiteatro da reitoria. E ele falou coisas tão legais nesse dia, o reitor. Que fizeram com que eu visse que o Susto não passava de um tonto. O reitor falou sobre liberdade. E sobre como ela começa e termina. E o mesmo sobre direitos. E falou sobre aspectos técnicos da decisão de cobrar. Mas concentrou-se mesmo na expulsão do Susto. Ele falou sobre por que expulsar. E principalmente por que não expulsar. E eu nunca vou conseguir repetir o que foi dito. Porque eu era uma menina e foi me causando um forte impacto. E o reitor ali. Refletindo em cima do que fazer diante de uma porta espatifada. E o Susto ali. Com cara de tonto. E aí deu-se o mágico. O reitor disse que era hora da decisão. E pediu pra todos no anfiteatro. Vamos votar. Quem quer que o Susto saia. Quem quer que o Susto fique. E todo mundo votou pedindo pro Susto ficar. E quando todos os braços estavam levantados. O reitor levantou o dele também. E assim teve gente que descobriu que ser contra espatifar portas, significava votar pela permanência do Susto. O tonto. Que saiu de lá se gabando. Que é mesmo a única coisa que ele sabia fazer. Eu descobri um monte de coisas esse dia. Um monte. Coisas importantes sobre o sentido da vida e blá. Mas descobri, também, o que é uma comunidade universitária. E o quanto ela é importante. E como ela permite. Outros mecanismos e outras coisas. Enfim. Foi inesquecível. O meu reitor se chama Newton Lima Neto. Eu já contei isso mil vezes aqui. Depois ele se tornou prefeito de São Carlos. É considerado o melhor prefeito da história da cidade. Fez o sucessor e é da linha pragmática do partido dos trabalhadores. Tem cartaz com o Lula e é sempre muito cotado pra ser candidato a governador.
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O DCE tinha um caixão e quando o Newtão pisava na bola, havia um enterro simbólico dele. O cortejo andava pelo campus e o Susto, mesmo depois do episódio, sempre ia na frente, segurando a alça.
O Newton fez tanta coisa em São Carlos. Mas toda vez que me perguntam porque eu gosto dele, eu digo. Porque ele fez uma assembléia pra decidir o destino do Susto.
*Que era da Convergência e saiu. E foi pro PSTU e saiu. E acabou se acomodando no PCO. De 4 em 4 anos ele se candidata a vereador. E tem sempre uns 80 votos. Eu acompanho.
Pode parecer que o movimento estudantil na UFSCar era folclórico. Mas era fortíssimo e super articulado.
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Comentário: eu também morro de saudades da UFSCar. Lá os reitores não xingavam as mulheres. Eram reitores. e blá!

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