Mais um trecho do livro Honoráveis bandidos, de Palmério Dória, de 2009, sobre a saga dos Sarney. Geração Editorial. Páginas 119/120
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No jardim do memorial há um pátio externo cercado de palmeiras imperiais. No cenário bucólico destaca-se uma lápide de granito preto, com três metros de largura por sdeis de comprimento, cercada de correntes. Ela espera pela morte de José Sarney. Naquele espaço será erguido seu mausoléu.
Nos delírios de personagem de romances latino-americanos, ele imagina o túmulo como centro de peregrinação. Inveja cortejos fúnebres como os de Getúlio, um milhão de brasileiros nas ruas do Rio; aquela massa de paulistanos se despedindo de Tancredo; os milhares de baianos tomando as ruas de Salvador, entre o Palácio de Ondina e o Campo Santo, para dar um adeus a Antonio Carlos Magalhães; a comoção popular que tomou quatro quarteirões de Buenos Aires, gente à espera de passar pelo velório do presidente Raul Alfonsin que, sucedendo à ditadura militar, enquandrou os comandantes das torturas e mortes, ao contrário dele, que os abrigou.
O velho coronel sabe, no fundo, que seu passamento passará.
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