
Interpol prende, em Mônaco, Salvatore Cacciola por Josias de Souza
Quem não se lembra dele? Tornou-se figura nacional em 1999, sob FHC. Foi ao noticiário na pele de um delinqüente financeiro. Em 2005, já sob Lula, foi condenado a 13 anos de cana. Àquela altura, porém, já se havia escafedido para a Itália. Depois, refugiara-se no principado de Mônaco, onde foi alcançado, neste sábado (15), pela Interpol, a polícia internacional.
Cacciola foi arrancado do anonimato, oito anos atrás, no momento em que o governo tucano de FHC se deu conta, com atraso protocolar, de que o populismo cambial chegara ao seu limite. Sobreveio a desvalorização cambial.
Tratado até então como mago do mercado financeiro, Cacciola viu-se em maus lençóis, Seu banco, o Marka, geria uma carteira apinhada de compromissos em dólar. Com a desvalorização da moeda americana, viu-se soterrado com uma dívida vinte vezes maior do que o seu patrimônio líquido.
A pretexto de evitar o inevitável, o governo saiu em socorro de Cacciola. Sob o comando do economista Chico Lopes, até então uma biografia imaculada, o BC vendeu dólares a preços camaradas ao Marka de Cacciola e a um segundo banco, o FonteCindam. A operação espetou na tabuleta da Viúva uma prebenda de R$ 1,574 bilhão, em valores da época.
Chico Lopes esgrimira na época o puído argumento do "risco sistêmico". Alegara que, se o governo deixasse quebrar os dois banquinhos, junto com eles ruiria todo o sistema financeiro. Curiosamente, apesar do risco de terremoto bancário, o ministro da Fazenda de então, Pedro Malan, e o próprio presidente Fernando Henrique saíram-se com uma desculpa à Lula: nada sabiam.
Nas pegadas do espalhafato da mídia –à época também ‘golpista’, só que contra FHC—ensaiou-se uma investigação no Congresso. Deu em pizza. Graças a uma maioria congressual domanda à base de fisiologia, o escândalo foi aos livros de história como um dos tantos que era FHC enterrou vivos.
O procurador-feral da República de então, Geraldo ‘Gaveta’ Brindeiro, fingiu-se de morto. Deve-se a exumação do cadáver à inquietude de um grupo de procuradores da República do Rio de Janeiro. Escarafuncharam o episódio a ponto de levar os principais acusados às barras da Justiça. Além de Cacciola, foram condenados Chico Lopes (dez anos) e Tereza Grossi (seis anos), à época diretora de Fiscalização do BC.
Curiosamente, numa fase em que o processo ainda deslizava, inconcluso, pelos escaninhos da Justiça, a acusada Tereza Grossi ganhou, sob Lula, uma inesperada sobrevida. Manteve-se durante bom tempo no comando da Fiscalização de um BC confiado ao ex-banqueiro Henrique Meirelles.
Obtida a detenção de Cacciola, o governo brasileiro tentará agora obter a extradição do condenado. Coisa complicada e demorada. Torça-se pelo êxito. Arrastar o fugitivo para o sistema prisional brasileiro é lenitivo essencial na eterna luta contra a impunidade. Uma luta longe de ser vencida. Que o diga o Senado da República.
Quem não se lembra dele? Tornou-se figura nacional em 1999, sob FHC. Foi ao noticiário na pele de um delinqüente financeiro. Em 2005, já sob Lula, foi condenado a 13 anos de cana. Àquela altura, porém, já se havia escafedido para a Itália. Depois, refugiara-se no principado de Mônaco, onde foi alcançado, neste sábado (15), pela Interpol, a polícia internacional.
Cacciola foi arrancado do anonimato, oito anos atrás, no momento em que o governo tucano de FHC se deu conta, com atraso protocolar, de que o populismo cambial chegara ao seu limite. Sobreveio a desvalorização cambial.
Tratado até então como mago do mercado financeiro, Cacciola viu-se em maus lençóis, Seu banco, o Marka, geria uma carteira apinhada de compromissos em dólar. Com a desvalorização da moeda americana, viu-se soterrado com uma dívida vinte vezes maior do que o seu patrimônio líquido.
A pretexto de evitar o inevitável, o governo saiu em socorro de Cacciola. Sob o comando do economista Chico Lopes, até então uma biografia imaculada, o BC vendeu dólares a preços camaradas ao Marka de Cacciola e a um segundo banco, o FonteCindam. A operação espetou na tabuleta da Viúva uma prebenda de R$ 1,574 bilhão, em valores da época.
Chico Lopes esgrimira na época o puído argumento do "risco sistêmico". Alegara que, se o governo deixasse quebrar os dois banquinhos, junto com eles ruiria todo o sistema financeiro. Curiosamente, apesar do risco de terremoto bancário, o ministro da Fazenda de então, Pedro Malan, e o próprio presidente Fernando Henrique saíram-se com uma desculpa à Lula: nada sabiam.
Nas pegadas do espalhafato da mídia –à época também ‘golpista’, só que contra FHC—ensaiou-se uma investigação no Congresso. Deu em pizza. Graças a uma maioria congressual domanda à base de fisiologia, o escândalo foi aos livros de história como um dos tantos que era FHC enterrou vivos.
O procurador-feral da República de então, Geraldo ‘Gaveta’ Brindeiro, fingiu-se de morto. Deve-se a exumação do cadáver à inquietude de um grupo de procuradores da República do Rio de Janeiro. Escarafuncharam o episódio a ponto de levar os principais acusados às barras da Justiça. Além de Cacciola, foram condenados Chico Lopes (dez anos) e Tereza Grossi (seis anos), à época diretora de Fiscalização do BC.
Curiosamente, numa fase em que o processo ainda deslizava, inconcluso, pelos escaninhos da Justiça, a acusada Tereza Grossi ganhou, sob Lula, uma inesperada sobrevida. Manteve-se durante bom tempo no comando da Fiscalização de um BC confiado ao ex-banqueiro Henrique Meirelles.
Obtida a detenção de Cacciola, o governo brasileiro tentará agora obter a extradição do condenado. Coisa complicada e demorada. Torça-se pelo êxito. Arrastar o fugitivo para o sistema prisional brasileiro é lenitivo essencial na eterna luta contra a impunidade. Uma luta longe de ser vencida. Que o diga o Senado da República.
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