TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sábado, 15 de setembro de 2007

Cacciola, FHC, Tereza Grossi, Henrique Meireles, Lula


Interpol prende, em Mônaco, Salvatore Cacciola por Josias de Souza
Quem não se lembra dele? Tornou-se figura nacional em 1999, sob FHC. Foi ao noticiário na pele de um delinqüente financeiro. Em 2005, já sob Lula, foi condenado a 13 anos de cana. Àquela altura, porém, já se havia escafedido para a Itália. Depois, refugiara-se no principado de Mônaco, onde foi alcançado, neste sábado (15), pela Interpol, a polícia internacional.

Cacciola foi arrancado do anonimato, oito anos atrás, no momento em que o governo tucano de FHC se deu conta, com atraso protocolar, de que o populismo cambial chegara ao seu limite. Sobreveio a desvalorização cambial.

Tratado até então como mago do mercado financeiro, Cacciola viu-se em maus lençóis, Seu banco, o Marka, geria uma carteira apinhada de compromissos em dólar. Com a desvalorização da moeda americana, viu-se soterrado com uma dívida vinte vezes maior do que o seu patrimônio líquido.

A pretexto de evitar o inevitável, o governo saiu em socorro de Cacciola. Sob o comando do economista Chico Lopes, até então uma biografia imaculada, o BC vendeu dólares a preços camaradas ao Marka de Cacciola e a um segundo banco, o FonteCindam. A operação espetou na tabuleta da Viúva uma prebenda de R$ 1,574 bilhão, em valores da época.

Chico Lopes esgrimira na época o puído argumento do "risco sistêmico". Alegara que, se o governo deixasse quebrar os dois banquinhos, junto com eles ruiria todo o sistema financeiro. Curiosamente, apesar do risco de terremoto bancário, o ministro da Fazenda de então, Pedro Malan, e o próprio presidente Fernando Henrique saíram-se com uma desculpa à Lula: nada sabiam.

Nas pegadas do espalhafato da mídia –à época também ‘golpista’, só que contra FHC—ensaiou-se uma investigação no Congresso. Deu em pizza. Graças a uma maioria congressual domanda à base de fisiologia, o escândalo foi aos livros de história como um dos tantos que era FHC enterrou vivos.

O procurador-feral da República de então, Geraldo ‘Gaveta’ Brindeiro, fingiu-se de morto. Deve-se a exumação do cadáver à inquietude de um grupo de procuradores da República do Rio de Janeiro. Escarafuncharam o episódio a ponto de levar os principais acusados às barras da Justiça. Além de Cacciola, foram condenados Chico Lopes (dez anos) e Tereza Grossi (seis anos), à época diretora de Fiscalização do BC.

Curiosamente, numa fase em que o processo ainda deslizava, inconcluso, pelos escaninhos da Justiça, a acusada Tereza Grossi ganhou, sob Lula, uma inesperada sobrevida. Manteve-se durante bom tempo no comando da Fiscalização de um BC confiado ao ex-banqueiro Henrique Meirelles.

Obtida a detenção de Cacciola, o governo brasileiro tentará agora obter a extradição do condenado. Coisa complicada e demorada. Torça-se pelo êxito. Arrastar o fugitivo para o sistema prisional brasileiro é lenitivo essencial na eterna luta contra a impunidade. Uma luta longe de ser vencida. Que o diga o Senado da República.

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