TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

domingo, 9 de setembro de 2007

Da Mary, Blog A Feminista


Tem um conto genial da Dorothy Parker. Sobre duas vendedoras de NY. Elas trabalham num lugar chique, tipo 5th avenue. E na hora do almoço, fingem que têm 1 milhão de dólares pra gastar. E entram nas lojas e "compram" roupas chiquérrimas. Um dia, param numa joalheria. E encantam-se por um colar. Perguntam o preço. 800 mil dólares. Ficam super chateadas. Voltam pro serviço cabisbaixas. Pobres e humilhadas.

No dia seguinte, mal se falam. E aí, uma delas propõe. Vamos fingir que temos 10 milhões de dólares?. E saem as duas, felizes da vida. Essa história é bem emblemática, eu acho, da idiotice humana. E por isso que eu estou horrorizada com a questão da mega sena. Porque pra mim, parece evidente. O cara começou a achar que era POUCO dinheiro. Assim que ganhou, viu que não dava pra nada. E aí resolveu não dividir.

Eu sei bem qual é a sensação. Primeiro porque fui devidamente sensibilizada pela literatura e pelas mãos do meu autor favorito de uma das minhas autoras favoritas.

Segundo, porque a questão também ME coloca nervosa. Como todo mundo, eu tenho planos pra mega sena. E isso inclui dar um milhão pra cada pessoa que eu gosto. Rapaz. Quando eu acabo de dividir, me sobra uma ninharia. E aí começo a cortar. Primeiro pessoas. Depois passo pra 500 mil cada um. E assim por diante.

Eu me lembro, sempre, daquele psicólogo* que fala que a felicidade humana tende pra média. Ele fez a pesquisa com pessoas que tiveram membros amputados (e então ficaram tristes) e com pessoas que, pasmem, ganharam na loteria (e por isso ficaram felizes). Passados alguns meses, o "índice" de felicidade tinha voltado pra média. Veja bem. Alguns MESES. No caso do pessoal que acabou de ganhar na histórica mega sena de sábado, não se passou UM DIA. E eles ficaram mais infelizes e cheios de problemas e mentindo e quebrando promessas e acordos. Daí pra moral da história que dinheiro não traz felicidade, é um pulo. Mas não é essa a moral da história, pra mim. A moral é bem outra. É que nada adianta, a moral. Não somos feitos pra felicidade. Estamos aqui pela angústia. De posse dessa informação, muita coisa pode ser feita. A mais inteligente delas, na minha opinião, é parar de tentar. Ser feliz, não vai rolar.

__________________
*Eu linkei devidamente, na época que saiu isso aí.
Eu tinha abandonado a idéia de escrever apenas posts sobre a idiotice como opção e estilo de vida na sociedade contemporânea. Vou ter que retomar. Porque não existe outro assunto no mundo mesmo.

Um comentário:

Daliana Antonio disse...

sabe que eu já tinha pensado nisso... sempre me indaguei com essa idéia de busca da felicidade!! sou feliz com minhas angústias e fico ainda mais feliz compartilhando sobre elas com amigos... e refletindo... e tentando... fazendo... muito trabalho temos hein marta!!!!!

Braziu!

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