TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ufa!


Criar um texto, elaborar um livro, para mim, não é tarefa fácil Costumo me irritar com escritos circulares. Explico: há pessoas que escrevem um parágrafo, explicam o que irão defender ou dissertar. Você vai para outro parágrafo e ela retoma a mesma cantilhena. Quando termina o texto você não sabe o que o autor queria dizer. Ou melhor, o autor não sabia o que dizer e nos enrolou. Acontece. Acontece também que atualmente temos que tirar do forno livros, artigos, capitulos de livros. Nós todos, professores universitários queremos publicar. Temos que publicar. Por um lado, penso que é muito bom publicar nossos trabalhos, é uma coisa como dizer aos que nos financiam o que fazemos com o dinheiro deles (sei, dos impostos dos trabalhadores e outros que não sonegam). Outra coisa é a pressa que nos impõem a erros terríveis. Acabei de dar o parecer para 4 propostas de livros. A começar pelo português. Foi duro. Li mais de mil páginas de enquanto professor (enquanto é advérbio de tempo), colocar ideias (colocar = verbo para colocar objetos), através do livro (pelo livro não é melhor?), o mesmo usado como pronome e por aí fui. FUI contra a publicação.

Nesse meio de tempo, reli pela décima vez os textos/capitulos que fiz com meus alunos sobre os Ecólogos e sua histórias. Um tipo de livro para traduzir aos estudantes de biologia o nascimento dos conceitos da Ecologia por meio dos ecólogos norte-americanos, alemães (que inclusive, como Sioli, estiveram anos trabalhando no Brasil), argentinos e brasileiros. Começamos em 2003 em um curso que ministrei aos alunos de mestrado/doutorado em Ecologia. Combinei com eles que faríamos um trabalho sobre o trabalho - diga-se exaustivo - dos ecólogos que não conhecemos. Descobrimos, então, uma pleiade de homens e mulheres, andarilhos de fronteiras, que fizeram, inventaram uma ciência muito especial para o século XX. 2004 tínhamos os primeiros textos. Revisamos e retornamos para os autores. O meu texto sobre Robert May ficou parado dois anos. Precisei estudar as bases da teoria do caos. Até que encontrei a Lilian, professora da Matemática, que me brindou com aulas sobre o tema. Nos tornamos amigas e co-autoras. Em 2009, finalmente, o livro foi para a Editora e um ano após, li-o novamente. Ainda descobri alguns errinhos. Foram seis anos de escrita, reescritos. No final eu, o Fernando (que, hoje, trabalha na Universidade Federal de Rondônia), a Ana (hoje, na Universidade Federal do rio de Janeiro conversamos por e-mail e, assim, decidimos a capa. Conversamos também sobre o curso que ministrei pela primeira vez e que me deixava muito ansiosa. Passo para vocês a última troca de mensagem entre eu e o Fernando. nada como começar o dia assim. Weber disse que todos nós temos o dever do respeito.`Puxa, é verdade.

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Em 7 de abril de 2010 12:04, Marta Bellini escreveu:
Fernando, Ana ...

Envio-lhe por correio a revisão que fiz depois deles (editora) trabalharem no texto e peço para lhes enviar uma cópia em pdf do livro todo. Fiz a revisão nos impressos. Achei melhor assim para enxergar como livro mesmo.

Bem devagar li e pude perceber o quanto o livro ficou bacana. Amei o prefácio do Fernandez. Muito bem humorado. Amei o modo como vcs fizeram os textos: humor, filosofia e ecologia. O texto dos meninos argentinos é brilhante, não? Será um BOM livro. Lindo! Adorei.

Se eu pudesse interpretar a minha leitura agora no final, diria que o livro também é uma recordação boa de um curso que fiz porque “não tinha juízo”. Explico: o curso foi de vcs com minha participação. A ecologia não é um campo fácil, não.

Abração!

Marta
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Marta

Para mim não precisa enviar a cópia impressa, mande para a Ana caso ela queira ver. Se vc conseguir um pdf, para mim esta excelente.
Eu tb vejo o livro como algo bem especial, msmo com a prolongada gestação dele... Acho que vai contribuir, e ele ficou msmo muito interessante, bonito msmo... E como vc disse, ele segue um estilo (não planejado) incomum, que não prima pela formalidade. Foi um estravazamento natural dos autores.
Quanto a disciplina "sem juizo" do PEA, lembro dela sempre como o primeiro passo de uma grande reorientação que aconteceu comigo. Depois dela que passei a me interessar com profundidade pela história e filosofia da ciência... falo isso para td mundo, como isso aconteceu tarde demais na minha vida (tava no doutorado já)... tenho dentro de mim, com a maior sinceridade do mundo, a noção de quanto vc participou disso, pois td que fiz até então foi influenciado pela reorientação pós-disciplina "Historia da Ciencia". Conto esse episodio nas aulas da graduação! Bem, só para vc apreciar o tamanho da mudança: de puro ecologo me transformei em prof de Historia & Filosofia da Ciencia e Metodologia de Pesquisa, areas que gosto tanto ou mais do que a própria ecologia. É Marta, vc não faz idéia...

Vou dar aula amanhã sobre Aristóteles - lógico que vou usar seu texto!

Abração

Fernando

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