TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007


Recebi do Grozny


Dirceu: de todo-poderoso a quadrilheiro Tribuna da Imprensa 29/8/2007
SÃO PAULO - Mandão por temperamento, batalhador por necessidade, o superministro José Dirceu certamente não imaginava, em junho de 2005, que o destino lhe reservava para os 26 meses seguintes uma descida de ladeira tão longa, tão pública e tão irrecorrível.

Desde o primeiro sinal que lhe passou o inimigo Roberto Jefferson - "Sai daí, Zé, sai rapidinho..." - até a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de processá-lo por corrupção ativa e formação de quadrilha, o outrora temido braço direito do governo Luiz Inácio Lula da Silva viveu cada gota do famoso verso de Shakespeare: "As desgraças, quando vêm, vêm em batalhões."

Como diria seu antigo chefe, nunca ninguém antes, neste País, viu se esfarinhar tão drasticamente seu capital político em tão pouco tempo. Seu reinado nas alturas, ocupando um enorme espaço de ação política que aborrecia o presidente Lula, teve episódios marcantes.

Dirceu convocava outros ministros a seu gabinete. Viajou para Washington e negociou direto com a secretária de Estado, Condoleezza Rice. No caminho ainda se reuniu com Hugo Chávez, em Caracas. Certa vez, quando se preparava uma reforma ministerial e lhe perguntaram se iria perder influência, avisou, meio sério, meio brincando: "Uma parte do poder vai ficar em nome do Zé e outra parte com o Dirceu."

Outras vezes, parecia falar em seu nome, no do ministério, do PT, do Planalto e do Brasil. Quando o mensalão engatinhava, decretou, solene: "Este governo não rouba e não deixa roubar." O primeiro sinal dos novos ventos foi uma brisa leve - o caso Waldomiro Diniz, do qual Dirceu conseguiu sair sem grandes arranhões, em fevereiro de 2004.

O segundo, 15 meses depois, já foi um direto no queixo: a confissão de Jefferson no Conselho de Ética da Câmara, anunciando ao País o mensalão. Dirceu deixou o Planalto com um discurso vigoroso, avisando que "também sabia combater na planície".

Mas as portas da nova casa estavam fechadas. Em meio ao barulho do mensalão, ele viu, já politicamente indefeso, seu nome entrar nas listas de acusados de quebra de decoro. O guerrilheiro não se abalou. Batalhou no Supremo para derrubar as acusações, denunciou "um fuzilamento político", mas, por 293 votos a 192, foi cassado, em 1º de dezembro de 2005.
Saiu do poder, mas o poder não lhe saiu da cabeça. Deixava claro, aqui e ali, que mantinha contatos com o presidente Lula. Em jornais ou em seu blog, continuava se referindo ao governo na primeira pessoa: "Precisamos disto, faremos aquilo...".

A primeira pessoa do plural se recolheu, nos últimos dias, à espera de uma decisão. O peso pesado dos bons tempos do PT vai ter de mostrar, daqui por diante, que sabe se defender no canto do ringue.

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