Discutir o prédio da rodoviaria velha pelo viés econômico apenas, é jogar o jogo dos exterminadores do passado de Maringá. A justiça deve decidir dia 25 próximo se assegura os direitos dos condôminos ou se acata os argumentos do prefeito, liberando-o para o seu exercício de megalomania. A questão da rodoviária velha tem que ser analisada a partir do valor histórico e cultural da estação e não pelo valor venal do imóvel, vítima de uma interdição mandrake há dois anos.Estranha o comportamento da mídia tradicional, que em nenhum momento destaca o valor histórico e arquitetônico daquela edificação. Caminha na contramão da modernidade, porque a modernidade hoje está mais na preservação de valores éticos e culturais do que na alimentação de surtos, às vezes psicóticos, de megalomania.A matéria que saiu hoje no jornal eletrônico Hnews (leia-se HOJE MARINGÁ) é uma afronta ao bom jornalismo, na medida em que destaca apenas um lado, o lado do gestor que não pretende deixar pedra sobre pedra.
Diz o jornal:"A antiga rodoviária de Maringá, inaugurada em 1962, está deteriorada. É visível as rachaduras em várias paredes e no piso do pavimento superior. Há evidente risco de desabamento. O forro também está bastante danificado; parte inclusive já caiu".
Fica claro por aí, como claro ficou na matéria do Edson Lima na TV Maringá, que há um empenho dos veículos de comuncação em colocar a demolição como irreversível. Não há uma só vírgula a respeito do valor que o prédio tem para a memória da cidade. Quem se der ao trabalho de procurar pelo Google informações sobre o tratamento que pelo Brasil a fora é dado aos prédios antigos, verá por exemplo, que na região amazônica há um esforço muito grande de preservar as edificações que lembrem o ciclo da borracha; na Bahia, não se admite demolir prédios que simbolizam o auge do cacau, como o Bar Vezúvio e o Bataclan, em Ilhéus. E por que nós temos que apagar da nossa história o que restou do época de ouro do café? Já não basta que o então prefeito Ricardo Barros demoliu a estação ferroviária, que em Londrina foi inteiramente restaurada? O que nos sobrou dos anos 50 e 60, a não ser o Bandeirantes Hotel (graças ao tombamento encaminhado pelo prefeito Said Ferreira) e o prédio da Companhia Melhoramentos, envolvido num escandaloso processo de tomba-destomba?
Maringá é uma cidade jovem, não dispõe de um grande acervo arquitetônico como tem a própria Curitiba, que preservou até os paralelepípedos do Lago da Ordem, mas tem algumas referências que merecem respeito. A rodoviária velha deve sim ser restaurada e deixada lá como um símbolo do boom da cafeicultura, quando alí desembarcaram sonhos no fim dos 50 e início dos 60 e embarcaram frustrações nos 70.Já escrevi aqui algumas vezes sobre a beleza daquele prédio de traços arquitetônicos arrojados para a época. Principalmente o seu interior, este incrível vão livre com o mezanino lá no fundo (foto). Não é possível que ignorem tudo isso, que queiram passar uma borracha sobre um pedaço tão importante da nossa história, em nome da especulação imobiliária e de interesses escusos , escamoteados por um falso conceito de modernidade.Os setores organizados da sociedade que prezam pelo patrimônio histórico de Maringá ainda têm um tempinho para se organizar e dar um abraço na rodoviária. Antes que as dinamites de Silvio Barros II estourem alguns tímpanos e as pistolas elétricas do Paulo Mantovani estejam prontas para sapecar manifestantes retardatários.
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COMENTÁRIO: curta e grossa: odeio puxa-sacos de prefeitos. Essa necessidade feroz, consciente ou inconsciente, de bajular e passar a mãos em testículos alheios me faz pensar em Freud, Bion, Reich. É enojante ver como se arrastam os puxa-sacos para destruir até mesmo uma ínfima parcela da história dessa jovenzinha e pueril cidade. Jovenzinha, mas cheia de menininhos malvados. Malvados e histéricos. Uivam quando o chefe passa. Ui, ui, uiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuu, au, au.
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