TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Flanelinhas e flanelões ...


Geralmente eu não suporto conversas que criminalizam os excluidos. Criminalizar meninos em situação de risco, flanelinhas, prostitutas ... faz parte de um discurso que me dá náuseas. Não que eu concorde com atitudes violentas de gangues, traficantes e até dos flanelinhas (eu nunca tive nenhum problema com flanelinhas e dou dinheiro mesmo). O problema é que eu faço parte dos excluidos. Sinto-me excluida. Sinto-me à margem como eles. É claro que não sou (ainda?), mas sinto-me sendo. Isso me faz ver as coisas por outro ângulo. Penso:
1- Por que temos tanto medo dos flanelinhas? Isso mesmo, medo que se transforma em raiva. Será que nele nos vemos (por uma porta bem pequena)? Temos medo de tornamo-nos flanelas também?
2 - Os flanelinhas roubam-nos alguns tostões. Os flanelões (políticos de várias estirpes) roubam-nos laptops, salários indevidos aos seus parentes, amantes e vizinhos. Fazem castelos de bilhões. Roubam gado. Terras. E, daí? Ninguém os condena ostensivamente?
3 - Somos covardes ou somos brazileirus? Ou tudo é a mesma coisa? Creio que jamais seremos modernos. Nascemos e morreremos em uma nação fundada pela hipocrisia e corrupção portuguesa. Nunca fizemos uma revolução moderna, de costumes. Ainda somos os mesmos colonizadores ignorantes que não suportavam os mais pobres. Precisamos deles para justificar nossas vidas. Justificar nossos discursos. Xô!!!!!!!!!!!!
4 - Queremos coisas bregas como uma van cinza desenhada com uma zebra, o cúmulo da breguice. Queremos aposentadorias bilionárias de deputados estaduais como no Paraná. Queremos uma cidade dirigida por empresários incultos e mesquinhos. Queremos os ricos porque é deles o reino de Deus. Só pode ser isso.

4 comentários:

KathY CatherYne disse...

Falou tudo Marta!!!!

KthY?

KathY CatherYne disse...

Me lembrei de uma vez q eu estava no ponto esperando ônibus, era noite, não tinha ninguém na rua.,., Dali a pouco chegou um rapaz q parecia mendigo, e sentou ao meu lado: cheirava a álcool e maconha, chinelo havaianas gasto, roupas sujas, e boné.,., Poderia ter saído correndo p dentro do shpping, ter gritado, ter me levantado dalí.,., Mas fiquei ali conversando com ele assim como eu faço com outra pessoa qlqr. Me contou que tinha 16 anos (apesar de aparentar uns 22.,.), tinha uma filha de 2, a mãe da criança tinha 14.,., Conforme a conversa foi andando, fui percebendo q ele não tinha uma visão de mundo, não tinha perspectiva de vida.,., E por isso, era mais fácil encher a cara e fumar uma erva.,., É triste ver uma coisa dessas.,., Num determinado momento da conversa ele estendeu a mão p mim e eu a apertei meio q sem entender o pq daquilo, foi então qndo ele falou: "Olha moça, dá p ver q vc é gnt boa e humilde, não tem o nariz empinado igual às outras pessoa aí", apontando p uma mulher q tinha chegado há pouco tempo mas que preferiu esperar o ônibus longe de nós e fitando-nos como se fossemos criminosos. O ônibus chegou e eu me despedi e desejei uma boa noite ao rapaz e à sua família. Me sentei no ônibus e ao mesmo tempo q estava triste pela situação do rapaz, ficava pensando a respeito da nossa conversa e no q ele me falou. Humilde? Mas todo mundo me acha uma metida! Como assim humilde,.,. Cheguei em casa e conte p minha mãe. Claro que ela teve um treco, afinal o cara tava drogado, sujo, e tal tal tal.,., Foi aí q eu vi o qnt as pessoas são hipócritas, o rapaz não me fez nada, só contou a vida dele p mim. Bom, no fundo acho que era isso q ele qria: alguém q o ouvisse sem condená-lo e sem fazer nenhum tipo de julgamento a respeito dele.

KthY?

Anônimo disse...

A Kath Catherine chamou-me de hipócrita. Dificilmente eu me disponho a visitar preso em cadeia e evito lugares violentos. De acordo com ela, não passo de mais um hipócrita. Por via das dúvidas, aguardo encontrar-me com o rapaz que parecia mendigo e sentou-se ao seu lado. Assim como ele serviu para Kath concluir que a sociedade é hipócrita, eu também gostaria de poder desfrutar do mesmo momento de realização filosófica.

Anônimo disse...

Pô, ninguem TE chamou de hipocrita, mas se voce reconhece que te serviu, ja é um começo. Existe uma diferença entre sociedade e indivíduo que é a generalizaçao.
Quanto aos flanelinhas e marginalizados, o ponto de vista da Marta é interessante porque "veste a pele" do flanelinha, da escória social, pra mostrar o problema sob uma outra perspectiva, a de uma justiça que deixa de ser feita por causa de politicos ladroes.
É esta indignaçao, este tipo de colera que os pedintes deveriam despertar no cidadao, contra a corrupçao do governo, nao contra as vitimas da corrupçao.
No meu ponto de vista, vestir os andarilhos com um colete de flanelinha é o maximo da hipocrisia que o serviço de assistência social deste governo poderia fazer.
Oficialisar a atividade do flanelinha é reforçar a extorsao e a insegurança, propagar a pratica da extorsao, é instalar a corrupçao dando lhe ares de açao pela integraçao social e cidadania e consolidar definitivamente neste pais a cleptocracia.
A pobreza gerada pela corrupçao é o problema a ser combatido, nao as pessoas que sofrem o problema.

Braziu!

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