TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Corta essa, Heráclito Fortes... o dinheiro não é seu!


Texto: Do Josias de Souza

De um total de 81 senadores, apenas seis enviaram à direção do Senado pedidos de cancelamento das horas extras pagas aos funcionários de seus gabinetes em janeiro.

São eles: José Sarney (PMDB-AP), Aloizio Mercadante (PT-SP), Álvaro Dias (PSDB-PR), Katia Abreu (DEM-TO), Marina Silva (PT-AC) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Ficou nisso, por ora, a reação do Senado à farra das horas extras. Um escândalo que veio à tona na última terça (10).

Nesse dia, os repórteres Adriano Ceolin e Andraza Matais revelaram que o Senado torrara R$ 6,2 milhões no pagamento de horas extras a 3.883 funcionários em janeiro.

Um mês em que os senadores estavam de férias e o prédio de Niemeyer permanecera às moscas.

A ofensa à bolsa da Viúva fora autorizada por Efraim Morais (DEM-PB) em 29 de janeiro, três dias antes de o senador deixar a primeira-secretaria do Senado.

Cabe à primeira-secretaria gerir o Orçamento do Senado. Coisa de R$ 2,7 bilhões para o ano de 2009.

Sucessor de Efraim no comando das arcas da Câmara Alta, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) anunciou, para o futuro, a instalação de um ponto eletrônico.

E quanto ao passado? "Não caberia uma caça às bruxas”, disse Heráclito. “Apelo aos gabinetes para que vejam quem realmente trabalhou".

Ou seja, transferiu-se para os senadores a incumbência de identificar os servidores que atingiram o ideal de todo trabalhador: a paga sem o inconveniente do suor.

No dia que a novidade foi pendurada na manchete da Folha, José Sarney, o presidente do Senado, chamara o fenômeno das horas extras imotivadas pelo nome: “Absurdo”.

Sarney falara em “medidas efetivas” para restituir o decoro. Mencionara providências “até mesmo radicais”.

A radicalidade ficou limitada, porém, a um apelo à devolução do dinheiro. Disse Sarney:

"Não quero dar conselho a ninguém, mas acho que seria a melhor maneira de erguer a imagem da instituição...”

“...Isso é uma decisão de cada um [dos senadores], mas seria uma boa solução para todos nós".

Heráclito concedeu um refresco aos funcionários que, por ordem eventual dos chefes, tivessem de devolver os extras injustificados.

Disse que a restituição poderia ser feita em dez módicas prestações. Ainda assim, apenas seis senadores se dignaram, por enquanto, a homenagear o bom senso.

Na Câmara, também noticiaram Ceolin e Matais, as horas extras de janeiro foram aos contraceques de 610 funcionários.

Ali, a emboscada custou à Viúva R$ 653 mil. E não há, até o momento, vestígio da intenção de devolver.
Escrito por Josias de Souza às 03h22

Um comentário:

Anônimo disse...

Um dos orgasmos facilmente identificados de nossas cortes políticas é o uso do dinheiro público para aumentar a auto-estima do espertalhão. Que vocação! Particularmente, no chamado recôndito do lar, esses senhores devem se comportar com avareza. Afinal o dinheiro é meu e tenho de gastá-lo com prificiência. Mas quando o dinheiro é do povão, esse mesmo povão que é tratado o tempo todo como idiota e se regozija com a essa deferência, aí se demonstra o espírito altruísta do político. Dinheiro público é como pia de água benta para os nobres senhores. Todos se dão ao direito de meter a mão. Assim, religiosamente!

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