Ontem , na palestra

Ontem, aqui na Universidade Estadual de Maringá, em nosso programa de pós-graduação recebemos o Professor João Zanetic, fisico da USP. Juro que não combinei nada com ele. Mas, ele falou de todas as mazelas das escolas brasileiras. Fazia tempo que não ouvia algo mais contundente. Os alunos de pós e da graduação fazem seus cursos e pensam que são a Alice no País das Maravilhas. Reclamam de seus alunos, são "indisciplinados", são "burros", não estudam etc etc etc etc.... Pois eu sempre digo que a escola não é um lugar interessante. É feia, velha, arcaica e, no entanto, necessária. O que disse o Zanetic? O óbvio. O óbvio ululante, mas que ninguém mais fala. Primeiro: os livros didáticos. Não deveríamos ter livros didáticos na escola. Eles são a partitura do Professor. Fazem parte de uma estratégia política de manter o professor dando 40 a 60 aulas por semana sem precisar preparar as suas aulas, sem esmero, sem estudo. O professor empresta a voz dele aos autores dos livros. Neca de trabalho intelectual. Professores descerebrados, é isso que temos. Segundo: as salas cheias de crianças. Quem pode dar aulas boas assim? Os professores perdem seu tempo chamando a atenção dos alunos fica bravo...e não dá suas aulas. Terceiro: que escolas são essas que temos? Granjas do ponto de vista arquitetônico. Enfia-se crianças e jovens em salas sem ar, com excesso de luminosidade ou falta, caindo aos pedaços. Sem discutir a política escolar, o resto fica em segundo plano.

Ah! Sobre cursos noturnos. Não existem na Europa.

Os alunos da graduação e pós ainda ficam indignados quando dizemos isso. Mas, é para ficar mais indignado! É para se rebelar. Rebelemo-nos, pois!

PS.

Sempre cito o artigo do Professor Tarso Mazzotti, Dicacografia para ler e pensar a hegemonia dos livros didáticos na escola. Quem quiser ler, peça-me por e-mail.