TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Rodeio no interior de São Paulo pela Mary


Da MARY
26/05/2009
Tá tendo rodeio aqui. É algo. As aulas são canceladas, a cidade fica vazia de dia e à noite bom-ba. Eu não sou uma pessoa muito rodeio e nunca me 'preparo' pra festa. Mas, óbvio, acabo indo. São dez dias. Pra mim é muito. Costumo funcionar no sistema 4-2-4. Bebo alucinadamente durante 4 dias, descanso 2 e depois me jogo mais 4. Quando eu era pequena, tudo funcionava em volta da arena. Que tem uma arquibancada imensa etc. Eu me lembro basicamente do parque de diversões e de dormir na arquibancada, no colo da minha mãe. Me lembro também da primeira vez que eu vi uma puta. Foi lá. E era uma moça muito maquiada e com uma roupa super extravagante. E eu mostrei pra minha mãe, achando diferente, e ela me disse isso. Que era uma prostituta e tal e falou pro meu pai que talvez fosse hora de irmos embora. Eu era bem pequena e não me lembro se eu entendi o que significava, embora nunca tenha esquecido o episódio. Eu sei que os espaços, na festa, eram delimitados de forma sutil. E por horário, talvez. Quando eu me mudei de cidade, na época do colegial, fiquei surpresa. Quando eu cheguei no rodeio, existiam camarotes. Construídos embaixo das arquibancadas, quase que pegando uma parte da arena, que foi aumentada. Meu pai tinha comprado um camarote e, claro, todo mundo que eu conhecia tinha camarote etc. E daí então o espaço ficou mais ostensivamente delimitado e tal. A gente cresceu mais e daí ninguém ligava pro rodeio. E meu pai se livrou do camarote e eu fiquei uns anos sem aparecer na festa. Quando voltei pra cá, pra trabalhar, vi o big mistake do meu pai. Não existem camarotes disponíveis e há uma guerra por eles etc. Eu consegui comprar, uma vez, um lugar num camarote. Porque é super caro. E a classe média não bobeia. E então as pessoas se juntam e racham e pagam por mês. Daí logo que eu cheguei me perguntaram, na faculdade mesmo, quer um lugar no camarote?. E eu quis. Depois, começou isso de não ter aula na faculdade. E aí eu comecei a usar a semana como feriado. E me interpelaram. Você vai manter o lugar no camarote? E eu disse que ah, podem passar pra alguém etc. Ano passado eu fui no rodeio. Pra assistir um show do Latino. Quase caí pra trás com a novidade. A arena foi novamente aumentada para a construção de um novo tipo de camarote. Bem mais caro. E eu vi, obviamente, que os ricos estavam lá. Por supuesto se cansaram da classe média e dos consórcios e vaquinhas para adquirir um lugar de destaque. Sociologicamente, eu curti. Porque daí a gente pode ver a pirâmide social da arquibancada. Pobres, ricos, classe média. Cada um no seu quadrado. Esse ano rolou uma coisa legal. A faculdade comprou dois camarotes de rico. E sorteou entre os professores e funcionários nos diversos dias etc. Eu não fui sorteada, mas minha irmã foi. E me levou, já que tinha direito a um acompanhante e blá. Foi a minha estréia nos camarotes ricos, que eu só conhecia de "vista". Quando eu cheguei lá, fiquei procurando a Marina. Porque ela está indo todos os dias nos camarotes dos ricos e tal. A mãe da Marina é very important person atualmente in this town. Ela faz parte do grupo político que ganhou as eleições. Daí que eu combinei com ela, né? Que a gente se encontraria no show do Bruno e Marrone. Que eu ia assistir de vip. Daí eu não a encontrava. E perguntei. E me disseram. Que agora há um *outro* camarote. O supervip. Que ficava bem acima de onde eu estava. Olhei pra cima e percebi. Que havia algo além de teto. As autoridades e os patrocinadores da festa ficam lá. Eu disse uau. Tem tudo lá, me informaram. É um camarote de cervejaria. Então a mãe da Marina me liga ontem. Vamos no camarote mega VIP pra você conhecer. Eu digo mas é claro. E fui. Eu não sou versada em festas de cervejaria. Quase caí pra trás. Você imagina uma mesa de frios com queijos caríssimos. Você imagina garçons sorridentes e chopps estupidamente gelados sendo servidos sem parar. Uísque de não sei quantos anos. Algum entretenimento extra. Tipo um cara fazendo caricaturas dos convidados numa camiseta. Existem as mesas de madeira e cadeira alta (pra poder ver o show). E vários ambientes com sofás e coisas assim. Parece um apartamento de rico. CARPETE no chão. Decoração. As paredes pintadas com formas geométricas abstratas. E você olha pra baixo e vê os ricos. E os ricos olham pra baixo e veem a classe média. E classe média vê pobres por todos os lados.
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Hoje eu fui de novo lá. Sem camarote de tipo algum. Só pra levar a Marina e a Branca no parquinho mesmo.
Minha cidade tem 60 mil habitantes. Sabe qual é a média de público por dia, na festa? Juro. 60 mil pessoas.
Essa é a festa. A montagem dela. Mas a balada mesmo acontece em outras lugares. Tipo nas boates que existem no recinto. Funciona sem se importar muito com o show e a montaria. Geralmente é o pessoal mais novo, claro. E há boate de rico e de pobre também. E dentro da boate de rico há também camarotes e blá. Recorta de novo etc. Eu já fiz pesquisa disso aí. Com os alunos. Faz um tempo mas eu lembro que a média de gasto por dia dos pobres era de 40 reais. Uma loucura e blá
.

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COMENTÁRIO: Minha conclusão: ricos, classe média e pobres amam rodeios, vacas, bois, bosta de vaca. A Mary conta cada história bacana. Eu adoro.¨O comentário. detesto rodeios.

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