TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tropa de Elite, o filme


De um dos meus blogs favoritos, da MARY, A Feminista


Eu estou sob impacto de Tropa de Elite. Minha postura era tão na linha "não vi e não gostei" e agora eu fui obrigada a me render. Porque eu adorei. Tudo. Do filme em si. E do truque, que é disparado o meu favorito em qualquer filme. De começar pelo meio e deixar a gente confusa e depois retomar e tal e coisa. Eu faço oh, yeah pra QUALQUER filme que tenha isso.

Eu não tinha lido muito do filme, mas conhecia os dois pontos mais polêmicos. O primeiro. É o Capitão Nascimento um herói? Pra mim, é*. Porque ele adoece e pede pinico. Achei humano. Ele também resguarda o valor fundamental da honestidade. É tão interessante isso. Porque é o ÚNICO valor dele. Não tem outros. Então fica super apegado.

Mas tão apegado que só uma coisa veio à minha cabeça, durante os treinamentos. Ele está alienado. E o filme prova a alienação do Capitão o tempo todo. Ele também acaba entrando no parafuso "a classe média financia o tráfico" e tal. Eu conheço o parafuso do Nascimento. Porque tenho os meus. Um deles diz respeito à polícia ser tão corrupta e por isso problema nenhum é resolvido. A questão é se é possível emancipar-se e desalienar-se estando dentro da tal "guerra". Sendo membro do BOPE. Não é a primeira unidade da polícia ou do exército que a gente vê funcionar na base da lavagem cerebral**. E isso é pessimista e desolador. O incômodo da maneira como o BOPE opera. Que a gente fica pensando o tempo inteiro. Que merda que existe uma polícia assim. Melhor nem ficar sabendo? E alienamo-nos também. Mais, né? Porque eu só consigo flexibilizar um pouco quando vejo esses filmes e leio Abusado.

Eu não sei como funciona o tráfico. Tenho melhorado nisso porque alguma coisa tem sido produzida. Agora fico sabendo como o tráfico é combatido. Não achei que glorifica o BOPE. Pelo contrário. Ficou uma coisa nossa, até no Brasil eles recrutam homem-bomba.

O segundo ponto, nem é muito do filme. Mas eu vou me posicionar mesmo assim. Isso da classe média financiar o tráfico. Financia. E é até meio imbecil pensar que esse ponto de vista só começa a ganhar espaço agora. Porque é meio óbvio. E, quem fuma maconha, precisa assumir isso. Pra, também, desalienar-se. Se eu estou considerando simploriamente, aqui, que alienar-se significa perder a noção da totalidade, ignorar as várias etapas do processo para focar-se apenas naquela em que o próprio indivíduo participa. Bem. O maconheiro é alienado. Porque ele acende o cigarro e não contabiliza as mortes no morro nem o treinamento do BOPE. Acho que é responsabilidade social perceber-se como agente do processo. Estabelecer a cadeia de acontecimentos e colocar-se nela. Eu, inclusive, estou pensando seriamente em me retirar da cadeia da pirataria.
Essa é uma leitura. Mas tudo que vai, volta. E aí é possível pensar que também existe a questão da surdez do Estado. É dado que um número significativo de pessoas faz uso de maconha e que essas pessoas clamam pela liberação e tal. Daí que é um pouco anti-democrático ignorar isso. Eu me lembro daquele filme sobre Al Capone e quando ele consegue prender o gângster, liberam o consumo de bebida. E perguntam. O que o senhor vai fazer agora? e ele responde "tomar um drink". É mais do que legítimo lutar pelo direito de fumar maconha. E se é um pouco ingênuo passar por cima do processo de produção/distribuição do fumo. É bastante autoritário querer abolir a prática através de uma lei que não se justifica sob nenhum ponto de vista. E daí o maconheiro pode indignar-se. Ele pode perguntar. Por que o governo me OBRIGA a dar dinheiro pra traficante?
Mais ou menos essas duas coisas que eu acho que devem ser consideradas. Reiterando que. É fundamental que o usuário chame para si a responsabilidade. Porque ele tem que ser o agente. Mulheres fazem o feminismo. Maconheiros mudam a legislação sobre drogas. Tá todo mundo dizendo por aí que eles financiam o tráfico. Passou da hora de tomar providência. Porque embora digam que há DEBATE sobre a legalização. Não há. Não vejo um guarda-chuva que abrigue mesmo os defensores e tal. Falta organização. Falta tornar-se movimento. Não sai da fase da indignação. O máximo de "institucionalização" é entrevista da Soninha. Muito pouco. Veja que há uma acusação concreta. VOCÊS FINANCIAM O TRÁFICO. Acho que é hora de entrar na esfera pública como ator político. Garanta o seu direito de fumar maconha e blá.
O final do filme. Achei triste. Não há avanço nenhum e as coisas continuam como estão. Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre. Nossa. Não achei MESMO que glorifica. Não mesmo. Nada de bom resulta das ações do BOPE.
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*Porque não existe mais a separação entre herói e anti-herói, na minha humirde opinião.
**Tem um filme tão bão sobre isso. Aquele que o Jack Nicholson é General e o Tom Cruise é Advogado. Questão de Honra, é o nome. Acho.

Queria mandar um beijo pra Sociologia. Que me salvou de entrar pra ONGs que atuam em favelas. Obrigada, srta. Sociologia.
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Comentário:
Eu queria escrever sobre o filme. Tinha lido tanta coisa e discordado. Um ponto central - ficção ou não - é o nosso encontro com o ÚNICO valor que nos importa nesse país, a HONESTIDADE - e a Mary acerta no alvo (elite, a Mary). É o valor que não se tem mais nesse Brasiu. Quem é honesto?
Ando cabisbaixa. Nada funciona. Polícia, prisões, faculdades privadas (sic), públicas também, igrejas...e os políticos são o que há de MAIS enojante ... Algo muda? .... Não!
Cada vez que ouço ou leio algo sobre os vereadores, deputados, senadores.... aí, meu fígado dói. Putz, essa semana levantei adoecida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ola Desalmada Marta

Por engano enviei o sitio do PCB, que queria ter colocado aqui, onde tem um texto interessante sobre o filme, ao invez de colocar a "minha assinatura" no pitaco do post anterior. Se voce ainda nao leu eh interessante. Outro texto, tambem interessante, se voce ainda nao leu, esta lah no sitio da Adunioeste.

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