TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Boal

Enviado pelo Antonio Morales
Do Blog Arquivo 68

O dramaturgo e diretor teatro Augusto Boal morreu na madrugada deste sábado- 02 de maio, aos 78 anos.
O trabalho do carioca Boal, que também era ensaísta e teórico do teatro, ganhou destaque nos anos 1960 e 1970, quando esteve à frente do Teatro de Arena de São Paulo e criou o Teatro do Oprimido,pelo qual foi internacionalmente reconhecido por aliar arte dramática à ação social. Para ler mais sobre Augusto Boalclique aqui
Veja aqui vídeo mostrando homenagem a Augusto Boal, por ocasião de seu aniversário em 24 de março de 2009.
Leia também:

Eduardo Sposito Disse: Maio 4, 2009 às 8:02 pm
Todos os que naqueles tempos ousamos mexer com teatro tinhamos uma profunda admiração pelo Boal e aprendemos muito com ele. No meu caso pessoal, o “tema” do meu casamento foi buscado no “Arena conta Zumbi”, de Boal e Guarnieri, em especial o texto inspirado em “Na selva das cidades” do Brecht.Além disso, ainda no seminário católico onde fazia filosofia, numa exibição no palco do teatro paroquial na Igreja Santa Terezinha no Jaçanã, ousamos reproduzir um trecho do “Revolução na América do Sul” do Boal.Vou tentar reproduzir o conteúdo do texto, que foi onde recebi minha primeira aula de sociologia sobre o funcionamento do sistema capitalista.Era a história de um operário - José da Silva ( se não me engano) - que vai pedir um aumento ao patrão, pois seu filho “que nasceu ontem” estava chorando de fome e ele não tinha como comprar o leite.
O patrão bonzinho resolve atender o pedido. O Zé, todo feliz, resolve passar no açougue pra comprar um pedaço de carne, no lugar do osso que ele sempre comprava para a sopa. Aí começa o drama: a carne tinha aumentado de preço. Ele reclama com o açougueiro, que manda ele reclamar com o dono do caminhão, que era o culpado, porque aumentou o frete. O dono do caminhão diz que o culpado era o dono pneu, que tinha aumentado o preço do pneu. O dono do pneu era seu patrão então ele vai reclamar dizendo que ele era o culpado pelo aumento do preço da carne. O patrão então lhe diz:”O culpado é você que pediu aumento e eu tive que aumentar o preço do pneu.”Aí o Zé conclui: “O culpado não sou eu. O culpado é meu filho que nasceu ontem e estava chorando de fome. Moleque safado: tão novo e já está desorganizando a economia do país.”(Mais tarde o Chico desenvolve o mesmo tema em “Opera do Malandro”)A imagem que eu tenho do Boal está marcada pelo texto acima. E no curso de Ciências Sociais que fiz depois, pouca coisa foi acrescentada ao que está dito aí.Na hora que estou escrevendo este texto, recebo uma ligação dizendo que a Sheila, do grupo de teatro Desafio daqui de São José do Rio Preto, está muito triste com a morte do Boal. E a Sheila tem só 21 anos. Acho que é a melhor homenagem que o mestre poderia receber.Obrigado,Boal.
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COMENTÁRIO: Odeio sentir saudade de um tempo ruim.

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