Quando chegamos perto do aniversário muita coisa vem à tona. Saem dos subterrâneos da nossa alma. Cheios de lama. Nosso nascimento, a casa da infância. Os adultos com quem vivemos. Minha infância foi até interessante. Eu prestava atenção nos desviantes e desviados. Na minha pequena cidade tinha a Rita Louca. Morava em um cômodo sem reboco. Perto da minha casa. Ia até a minha mãe pedir leite para seu café matinal. Trazia uma latinha de tomate Cica das pequenas. Ela tinha sua mobília. Cacarecos da rua. Latinhas, batom usado (só os bem vermelhos), "rouge" doado por alguma dama sensível. A Rita usava cabelos longos, brancos marrados por um lenço que lhe dava um ar de dama, uma mulher superior que se deu ao luxo de enlouquecer. Luxo, não sei; diziam que ela fora abandonada pelo noivo no altar. Não sei. Não sei se um noivo provocaria a Rita assim. A Rita era bela. Genuína. Pintava de vermelho. Gostava de conversar. Era diferente. Era desviante. Sexualizada.
Outro louco interessante foi o Mario. Chamavam-no de Mario do bandeiro. Jovem, belo na medida da época e de sua classe social. Pobre, paupérrimo. Andarilho. Genuíno. Não sei muito dele. Mas o acompanhava com o olhar descendo a rua onde morava.
Havia, também, o João Justino. Andarilho. Era cuidado pelas freiras do Hospital Dona Balbina de Porto Ferreira.
Neste século XIX não vejo mais loucos ou piantais. Só vejo senhores de cabelos brancos passando mentirinhas idiotazinhas, mesquinhas .... Ou como diz minha filha de 20 anos: "Mãe, que feio, são esses homens!". Pois é.
Um comentário:
De quem é a foto?
Hummm... Difícil dizer, vislumbrando-se assim, somente os pelos pubianos.
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