Artigo de opinião de Rui Baptista publicado hoje no "Público":
No ano de 2006, foram divulgados os resultados do PISA (Programme for International Student Assessment) que colocaram Portugal em 54.º lugar, apenas à frente da Grécia, da Turquia e do México. Uma vez mais e sem ser por boas razões, o sistema educativo português passou para as páginas da comunicação social dos 57 países da OCDE que participam nestas provas avaliativas do rendimento escolar no âmbito da Matemática, das Ciências e da Leitura.
Era este, portanto, o desolador panorama do nosso país em que "até dá pena ver o esforço das autoridades portuguesas para desvalorizar o PISA e, quando não o desvalorizam, o esforço para desculpabilizar um sistema que assim se vê tão cruamente retratado e, claro, abalado", dizia Carlos Fiolhais.
E se, no sistema educativo regular dos jovens portugueses com a idade de 15 anos, pois é neste escalão etário que incide o PISA, houve maus resultados impossíveis de esconder, no Programa Novas Oportunidades, destinado a indivíduos maiores de 18 anos que deixaram de frequentar a escola por reprovações sucessivas, os resultados transformam-se em êxitos estatísticos oficiais de uma desastrada política educativa.
A réstia de esperança que pudesse haver sobre a bondade de uma segunda oportunidade, para quem desperdiçou uma primeira, foi abalada em seus frágeis alicerces pela leitura de uma extensa reportagem, sobre os Cursos de Educação e Formação, publicada no Expresso (8/12/2007). Por ela se ficou a saber que estes badalados cursos para aumentar as percentagens estatísticas de portugueses que terminam os 6.º, o 9.º e 12.º anos de escolaridade, não espelham uma situação minimamente verdadeira, credível ou séria.
Não querendo generalizar a todos estes cursos efeitos perversos, tenho razões para pensar que em sua grande maioria sirvam apenas de recreio buliçoso para passar o tempo de quem procura um diploma avalizado pelo Estado. A título de mero exemplo, extraio ainda do Expresso este elucidativo pedaço de prosa da autoria do professor que denunciou ao Presidente da República o verdadeiro escândalo que se acoberta por detrás destas actividades curriculares: "Estes frequentadores da escola aparecem nas aulas sem trazer uma esferográfica ou uma folha de papel. Trazem o boné, o telemóvel, os headphones e uma vontade incrível de não aprender e não deixar aprender."
Nas sábias palavras de Stephen Covery ,"se continuarmos fazendo o que estamos fazendo, continuaremos conseguindo o que estamos conseguindo". Ou seja, continuando a consentir "que se estejam a fabricar ignorantes às pazadas" (Medina Carreira), a educação portuguesa corre o risco de ruir ao peso das Novas Oportunidades.
Rui Baptista
No ano de 2006, foram divulgados os resultados do PISA (Programme for International Student Assessment) que colocaram Portugal em 54.º lugar, apenas à frente da Grécia, da Turquia e do México. Uma vez mais e sem ser por boas razões, o sistema educativo português passou para as páginas da comunicação social dos 57 países da OCDE que participam nestas provas avaliativas do rendimento escolar no âmbito da Matemática, das Ciências e da Leitura.
Era este, portanto, o desolador panorama do nosso país em que "até dá pena ver o esforço das autoridades portuguesas para desvalorizar o PISA e, quando não o desvalorizam, o esforço para desculpabilizar um sistema que assim se vê tão cruamente retratado e, claro, abalado", dizia Carlos Fiolhais.
E se, no sistema educativo regular dos jovens portugueses com a idade de 15 anos, pois é neste escalão etário que incide o PISA, houve maus resultados impossíveis de esconder, no Programa Novas Oportunidades, destinado a indivíduos maiores de 18 anos que deixaram de frequentar a escola por reprovações sucessivas, os resultados transformam-se em êxitos estatísticos oficiais de uma desastrada política educativa.
A réstia de esperança que pudesse haver sobre a bondade de uma segunda oportunidade, para quem desperdiçou uma primeira, foi abalada em seus frágeis alicerces pela leitura de uma extensa reportagem, sobre os Cursos de Educação e Formação, publicada no Expresso (8/12/2007). Por ela se ficou a saber que estes badalados cursos para aumentar as percentagens estatísticas de portugueses que terminam os 6.º, o 9.º e 12.º anos de escolaridade, não espelham uma situação minimamente verdadeira, credível ou séria.
Não querendo generalizar a todos estes cursos efeitos perversos, tenho razões para pensar que em sua grande maioria sirvam apenas de recreio buliçoso para passar o tempo de quem procura um diploma avalizado pelo Estado. A título de mero exemplo, extraio ainda do Expresso este elucidativo pedaço de prosa da autoria do professor que denunciou ao Presidente da República o verdadeiro escândalo que se acoberta por detrás destas actividades curriculares: "Estes frequentadores da escola aparecem nas aulas sem trazer uma esferográfica ou uma folha de papel. Trazem o boné, o telemóvel, os headphones e uma vontade incrível de não aprender e não deixar aprender."
Nas sábias palavras de Stephen Covery ,"se continuarmos fazendo o que estamos fazendo, continuaremos conseguindo o que estamos conseguindo". Ou seja, continuando a consentir "que se estejam a fabricar ignorantes às pazadas" (Medina Carreira), a educação portuguesa corre o risco de ruir ao peso das Novas Oportunidades.
Rui Baptista
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