TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sublime texto!



quarta-feira, 4 de maio de 2011


GERÔNIMO por Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba, AQUI



Então a tropa de elite dos Estados Unidos deu o nome de código “Gerônimo” para se referir a Bin Laden. Ora, Gerônimo não merece esta associação. Gerônimo nunca foi terrorista. Gerônimo foi líder dos apaches, foi o homem que disse não aos espelhinhos que o governo dos Estados Unidos da América ofereceu como compensação pela apropriação à força de todas as suas terras e o genocídio programado de todo o seu povo. Não deixa de ser interessantíssimo se perguntar por que escolher este nome de código e não outro. Não haveria aqui o reconhecimento, mesmo que inconsciente, de que ao lidar com Bin Laden se está lidando com alguém que não encarna só a figura do bandido, do assassino, do mal, mas também alguém que se rebela, que se revolta, que se indigna contra a invasão de suas terras, a morte de seu povo? Aliás, a decisão dos Estados Unidos de, à la Argentina da pior ditadura militar, jogar o corpo de Bin Laden no mar levanta muitas questões. A mais antiga delas vem de Sófocles, que em Antígona faz Tirésias dizer ao governante Creonte o seguinte: “poupa esse cadáver. Pode ser façanha assassinar um morto?” (fonte: Antígona de Sófocles, na tradução de Guilherme de Almeida in Três Tragédias Gregas, de Guilherme de Almeida e Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2007, p. 78). Os Estados Unidos decidiram não poupar o cadáver, parece que com o medo de que a cova em que ele fosse enterrado se transformasse em uma espécie de santuário. O problema dessa decisão é que ela igualou o ato do terrorista com o ato de um Estado não terrorista. É próprio da definição de terrorismo o sequestro de um corpo sem a devolução dele para a família. Qualquer Estado em que haja desaparecidos em sua história, como o Brasil, é um Estado que já foi governado por terroristas. Voltando a Gerônimo, ele morreu como prisioneiro de guerra dentro de um forte apache, dentro de instalações militares do governo dos Estados Unidos.
Gerônimo não foi assassinado depois de morto.

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