
O país do futebol, do machismo e dos assassinatos de mulheres....
Brickmann & Associados Comunicação - B&A - 06/07/2010 - www.brickmann.com.br
Ela dá pra todo mundo, então mata - Coluna Carlos Brickmann
Coluna de quarta-feira, 7 de julho
Eliza Samudio participou de filmes pornográficos, adorava a companhia de jogadores de futebol (posou para fotos com pelo menos sete craques conhecidos), esteve no mínimo numa orgia. Nela conheceu Bruno, goleiro do Flamengo. Grávida, atribui a paternidade a Bruno, que nega. Diz ter sido sequestrada, agredida, obrigada a tomar abortivos; disse também que foi ameaçada de morte. Deu queixa na Polícia em outubro do ano passado. Registraram a queixa e até determinaram um exame, que constatou a ingestão dos abortivos. Proteção, neste país da Lei Maria da Penha? Nada disso. E o exame só ficou pronto depois que Eliza já havia desaparecido. Há fortes indícios de que tenha sido morta. A lei, ora a lei.
Eliza fez o que deveria ter feito: foi à Polícia. A Polícia não fez o que, pela Lei Maria da Penha, deveria ter feito: dar-lhe proteção. Nem o mínimo, informar os acusados de que a Polícia recebera uma queixa, foi feito. Sequer foram advertidos para não se aproximar dela enquanto o caso fosse analisado. Sabe como é, Eliza não tinha um comportamento muito recomendável. E era mulher.
Bruno, o goleiro do Flamengo, estava naquela orgia (aliás, quem classificou a reunião de "orgia" foi ele mesmo). Certamente não estava lá para apenas testemunhar a gandaia. Seu comportamento sexual, a julgar pelo que ele disse ("era uma orgia só"), era razoavelmente igual ao de Eliza Samudio. Mas ele é homem.
Eliza Samudio talvez esteja morta, e neste momento tentam matar sua reputação, marcando-a como prostituta. E daí? É assim que se justifica um assassinato?
Questão de igualdade
Eliza ficou marcada como Maria Chuteira por deixar clara sua preferência por jogadores de futebol. OK, dizem que ela fazia sexo com muita gente. E os playboys que se dedicam a colecionar modelos, por que nome serão conhecidos?
Tragédia catarinense
Aquele caso do estupro em Florianópolis, que esta coluna mencionou no domingo, está esclarecido: a jovem currada tem 13 anos e o chefe do grupo de estupradores está com 14. O crime aconteceu em 18 de maio, mas só foi esclarecido agora, quando o estuprador-chefe se gabou do fato pela Internet. Ele é filho de um dos sócios da RBS, editora de jornais e retransmissora da Rede Globo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Outro estuprador, também menor, é filho de um delegado da cidade. O terceiro ainda não foi identificado.
Prepotência e concorrência
Dois fatos chamam a atenção no caso, além da brutalidade do ataque:
1 - O estuprador-chefe registrou na Internet que curra quem quiser, sem medo das consequências legais. Sente-se poderoso. Tanto não tem medo que utilizou para o estupro a casa de sua mãe, ex-esposa do sócio da RBS;
2 - a guerra de concorrência. Os veículos de comunicação pertencentes à maior rede concorrente lançaram-se ao caso com ferocidade, acusando a RBS de omitir as notícias sobre o estupro. Em parte, é verdade: a RBS só deu a notícia depois que um blog de Internet (o Tijoladas do Mosquito) e jornais concorrentes divulgaram o fato. Em parte, não é verdade: como os envolvidos são menores, dar seus nomes é contra a lei. Mas pegou mal a demora em noticiar que tinha ocorrido uma barbaridade. A RBS divulgou comunicado reconhecendo que um dos integrantes da família proprietária está envolvido, mas foi lenta. Amanhã, haverá manifestação em frente à delegacia que investiga o caso.
Brickmann & Associados Comunicação - B&A - 06/07/2010 - www.brickmann.com.br
Ela dá pra todo mundo, então mata - Coluna Carlos Brickmann
Coluna de quarta-feira, 7 de julho
Eliza Samudio participou de filmes pornográficos, adorava a companhia de jogadores de futebol (posou para fotos com pelo menos sete craques conhecidos), esteve no mínimo numa orgia. Nela conheceu Bruno, goleiro do Flamengo. Grávida, atribui a paternidade a Bruno, que nega. Diz ter sido sequestrada, agredida, obrigada a tomar abortivos; disse também que foi ameaçada de morte. Deu queixa na Polícia em outubro do ano passado. Registraram a queixa e até determinaram um exame, que constatou a ingestão dos abortivos. Proteção, neste país da Lei Maria da Penha? Nada disso. E o exame só ficou pronto depois que Eliza já havia desaparecido. Há fortes indícios de que tenha sido morta. A lei, ora a lei.
Eliza fez o que deveria ter feito: foi à Polícia. A Polícia não fez o que, pela Lei Maria da Penha, deveria ter feito: dar-lhe proteção. Nem o mínimo, informar os acusados de que a Polícia recebera uma queixa, foi feito. Sequer foram advertidos para não se aproximar dela enquanto o caso fosse analisado. Sabe como é, Eliza não tinha um comportamento muito recomendável. E era mulher.
Bruno, o goleiro do Flamengo, estava naquela orgia (aliás, quem classificou a reunião de "orgia" foi ele mesmo). Certamente não estava lá para apenas testemunhar a gandaia. Seu comportamento sexual, a julgar pelo que ele disse ("era uma orgia só"), era razoavelmente igual ao de Eliza Samudio. Mas ele é homem.
Eliza Samudio talvez esteja morta, e neste momento tentam matar sua reputação, marcando-a como prostituta. E daí? É assim que se justifica um assassinato?
Questão de igualdade
Eliza ficou marcada como Maria Chuteira por deixar clara sua preferência por jogadores de futebol. OK, dizem que ela fazia sexo com muita gente. E os playboys que se dedicam a colecionar modelos, por que nome serão conhecidos?
Tragédia catarinense
Aquele caso do estupro em Florianópolis, que esta coluna mencionou no domingo, está esclarecido: a jovem currada tem 13 anos e o chefe do grupo de estupradores está com 14. O crime aconteceu em 18 de maio, mas só foi esclarecido agora, quando o estuprador-chefe se gabou do fato pela Internet. Ele é filho de um dos sócios da RBS, editora de jornais e retransmissora da Rede Globo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Outro estuprador, também menor, é filho de um delegado da cidade. O terceiro ainda não foi identificado.
Prepotência e concorrência
Dois fatos chamam a atenção no caso, além da brutalidade do ataque:
1 - O estuprador-chefe registrou na Internet que curra quem quiser, sem medo das consequências legais. Sente-se poderoso. Tanto não tem medo que utilizou para o estupro a casa de sua mãe, ex-esposa do sócio da RBS;
2 - a guerra de concorrência. Os veículos de comunicação pertencentes à maior rede concorrente lançaram-se ao caso com ferocidade, acusando a RBS de omitir as notícias sobre o estupro. Em parte, é verdade: a RBS só deu a notícia depois que um blog de Internet (o Tijoladas do Mosquito) e jornais concorrentes divulgaram o fato. Em parte, não é verdade: como os envolvidos são menores, dar seus nomes é contra a lei. Mas pegou mal a demora em noticiar que tinha ocorrido uma barbaridade. A RBS divulgou comunicado reconhecendo que um dos integrantes da família proprietária está envolvido, mas foi lenta. Amanhã, haverá manifestação em frente à delegacia que investiga o caso.
******************************************************
COMENTÁRIO:
Professor Romano: e o que dizer de assédio sexual em instituição de ensino? E o que dizer que ninguém se importa com o assediador? Soube que crime por assédio sexual prescreve em 6 meses. 6 meses?????????
Um comentário:
Marta,
Parece que muitos jornalistas não estão preocupados com a saúde física ou mental da vítima. Só querem falar dos "di menor", criticar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e prender e arrebentar nossas crianças.
Esse Carlos Brickmann é reacionário e um ferrenho defensor do Paulo Maluf (aquele do "estupra, mas não marta"). Não me admira que esteja usando o caso apenas para difundir seu ódio contra as crianças e pedir o rebaixamento da idade penal...
O caso é grave... e também é grave a hipocrisia da RBS: ela sempre divulga este tipo de casos, inclusive fazendo entrevistas ilegais, expondo crianças, adolescentes e as vítimas. Mas, desta vez, manteve silêncio só porque o principal acusado é filho de um dos donos da RBS.
Mas nós não devemos usar os adolescentes como "bodes expiatórios".
Reafirmo: o caos é grave e devemos prestar total solidariedade à vítima. No caso das sanções aos agressores, não devemos nos isentar das nossas responsabilidades em cuidar, educar e monitorar suas atividades. As medidas pedagógicas sempre devem prevalecer. Não dá para abandonar as crianças e adolescentes e depois simplesmente pedir prisão quando eles cometem os delitos (por mais graves que sejam).
São Paulo, 08/07/2010
Mauro Alves da Silva
Presidente do Grêmio SER Sudeste
Promoção da Cidadania e Defesa do Consumidor.
http://gremiosudeste.wordpress.com
Autor da Cartilha: Conselho Tutelar – Como evitar os erros de A a Z.
Postar um comentário